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O Estado de S.Paulo 
Jornalista: Fabiana Cambricoli

Desconhecida nos países ocidentais até poucos meses atrás, a biofarmacêutica chinesa Sinovac ganhou destaque mundial ao aparecer como uma das líderes na corrida pela vacina da covid-19 ao lado de multinacionais como Pfizer e AstraZeneca.

Mas enquanto investe na pesquisa daquela que poderá ser sua nona vacina registrada, a biotech de Pequim tem de lidar com uma briga de acionistas pelo controle da empresa que se arrasta há mais de dois anos e já teve, no enredo, tentativas de golpe, invasão de fábrica e até suspensão das ações da companhia na bolsa de valores americana.

Parceira do Instituto Butantã nos testes da Coronavac, a Sinovac atua há quase 20 anos na área de pesquisa e desenvolvimento de vacinas, mas, perto de farmacêuticas multinacionais, é considerada pequena. Seu faturamento em 2019 foi de U$ 246 milhões, muito inferior, por exemplo, aos U$ 51 bilhões de receita obtidos no mesmo ano pela Pfizer. Com 910 funcionários, a biotech vende, em média, 20 milhões de doses de seus imunizantes por ano, com 15% a 20% de market share na China.

Nos últimos anos, a companhia vem se consolidando como um importante fornecedor de vacinas no país asiático, com um portfólio de oito vacinas. Um eventual sucesso da Coronavac, porém, deve elevar a Sinovac a outro patamar. A empresa inaugurou, em setembro, uma fábrica com capacidade para produzir 300 milhões de doses anualmente. E prepara uma nova linha de produção para 2021 que pode ampliar esse número para 1 bilhão.

“Eles receberam investimento do Ali Baba (gigante chinesa do ramo de comércio eletrônico) para construir outra fábrica que tem previsão de entrega para maio”, afirma Dimas Covas, diretor do Butantã.

Mesmo com o crescente interesse mundial, conseguir informações sobre a empresa não é tarefa fácil, ao menos para jornalistas de fora da China. Para traçar o perfil da companhia, o Estadão tentou, por um mês, entrevistar porta-vozes da Sinovac. Para isso, mandou inúmeros e-mails a diferentes departamentos da empresa, fez mais de 20 ligações, pediu ajuda ao Butantã e à Embaixada da China no Brasil, mas não obteve retorno da companhia.

As informações sobre a história, as operações, a ascensão científica e os problemas administrativos foram obtidas pela reportagem nos relatórios apresentados pela Sinovac à Securities and Exchange Commission (SEC), órgão que regula o mercado de capitais americano e é equivalente à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) brasileira.

Privada, a Sinovac foi fundada em 2001 e, no ano seguinte, obteve o registro de seu primeiro produto: uma vacina contra a hepatite A. Mesmo com suas quatro fábricas na China, a companhia não é, ao menos no papel, chinesa. Sua holding, a Sinovac Biotech, está registrada em Antígua e Barbuda – país conhecido por oferecer atrativos fiscais a empresas – e tem, desde 2009, capital aberto no índice Nasdaq da bolsa americana. Suas ações, porém, não podem ser comercializadas desde fevereiro de 2019 por causa de brigas entre a direção atual e grupos de acionistas.

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