A nova aposta dos investidores

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Época Negócios

Jornalista: Guilherme Horn

14/10/19 - Danny Moses ficou conhecido do grande público após ter suas jogadas financeiras reveladas no filme A Grande Aposta. Na época da crise dos financiamentos imobiliários de 2008, Moses estava à frente do fundo FrontPoint Partners, que ganhou milhões de dólares enquanto a maioria dos investidores se encaminhava para a falência.

Recentemente, Moses deu uma entrevista à rede de televisão CNBC e revelou sua mais nova aposta: Cannabis. Segundo o megainvestidor, ele nunca esteve diante de um segmento onde o “vento sopra a favor na esfera política, econômica e de bem-estar” (tradução livre). Para Moses, pelo fato da maconha ainda ser ilegal nos Estados Unidos, no âmbito federal, os bancos não financiam a indústria. Com isso, o custo de capital das empresas é muito alto e impacta substancialmente a lucratividade. No momento em que esta barreira for vencida, como ocorreu no Canadá, o setor vai apresentar números impressionantes, de crescimento e lucratividade.

Moses não é o único a estar apostando nisso. Em 2018, as startups de Cannabis captaram US$ 2,6 bilhões e, somente no primeiro semestre de 2019, já foi US$ 1,6 bilhão, segundo o CB Insights. Mais de 200 startups disputam esse mercado em diferentes categorias, e, somando-se Estados Unidos e Canadá, já são mais de 10 mil empresas licenciadas para operar nesse mercado. As empresas de pesquisa apontam números divergentes para as estimativas de tamanho do mercado; porém, são quase unânimes no patamar de US$ 100 bilhões para 2025.

Entre 2017 e 2018, a indústria aumentou em 76% o número de empregos, segundo a Glassdoor. Com a legalização do uso recreativo e medicinal da maconha em todo o país, é provável que esse segmento se torne maior do que a indústria de cigarros. E é exatamente nisso que os investidores estão apostando.

Um dado interessante é que, até o momento, o maior investimento feito no setor foi num fundo de private equity: US$ 100 milhões no Privateer Holdings. O fundo norte-americano, baseado em Seattle, investe exclusivamente em Cannabis e tem no seu portfólio o Leafly, um aplicativo que ajuda consumidores a encontrarem produtos feitos com a planta em suas proximidades, e a Tilray, um fabricante canadense que em julho fez seu IPO, levantando US$ 153 milhões. A Tilray já negocia contratos de distribuição de seus produtos em 12 países, incluindo o Brasil, e, em paralelo, desenvolve testes clínicos em parceria com centros médicos em Portugal, na Inglaterra, Austrália e Estados Unidos.

Além dos fundos de venture capital criados especificamente para o investimento na área, como o Merida de Danny Moses, Altitude, Casa Verde, Salveo e Green Acre — apenas para citar os maiores —, gigantes do setor, como o Tiger Global, têm levantado fundos específicos para Cannabis.

No ano passado, foi criado em Israel o hub iCAN, que já possui hoje mais de 4 mil participantes, em 40 países. A organização tem a intenção de formar o maior ecossistema global para o segmento de Cannabis, congregando pesquisas científicas, especialistas, startups e investidores. Segundo o CEO e fundador do hub, Saul Kaye, o segredo é retirar o estigma da briga pela legalização e advogar pela
“medicalização” da maconha.

Lembro-me quando, em 2013, o investidor Dan Mo-rehead iniciou o fundo PBF no Pantera Capital, para investir em Blockchain e criptomoedas. Estávamos nos primórdios da tecnologia, e muitos especialistas tinham dúvida sobre os riscos do investimento (aliás, muitos ainda têm ainda hoje). Pois até 2018 o fundo havia subido incríveis 11.721%!

O que estamos vendo agora com Cannabis é o início de uma nova indústria. Toda a cadeia de valor será construída ao longo dos próximos anos, em diferentes geografias. Isso significa oportunidades de negócios para empreendedores e de altos retornos para investidores. Mas como, sempre, risco e retorno andam juntos, veremos ganhos exponenciais, assim como prejuízos igualmente exponenciais. Como toda grande aposta.

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