Alérgicos não são mais vulneráveis

Correio Braziliense
Jornalista: Vilhena Soares

No início da pandemia, pessoas com problemas respiratórios foram apontadas como um dos principais grupos de risco devido aos graves danos provocados pelo novo coronavírus nos pulmões. Pesquisadores americanos analisaram prontuários médicos de pacientes com alergia e asma infectados pelo Sars-CoV-2 e constataram que eles não apresentam as formas mais graves da doença. As descobertas foram divulgadas ontem, no Congresso Anual do Colégio Americano de Asma e Imunologia (ACAAI, em inglês).

A equipe avaliou dados de infectados pelo coronavírus atendidos em dois hospitais americanos. “Em um universo de 3.485 pacientes, examinamos todos os prontuários e encontramos 275 internados com covid-19 que apresentavam histórico de qualquer doença alérgica”, detalha, em comunicado, o alergista Dylan Timberlake, membro da ACAAI e principal autor do estudo.

Os fatores considerados para determinar a gravidade da doença incluíram admissão na UTI, tempo de internação, necessidade de oxigênio suplementar e taxa de intubação. Em relação à UTI, por exemplo, 43% daqueles com doença alérgica foram admitidos, versus 45% dos que não tinham. Dos alérgicos, 79% precisaram de oxigênio suplementar, contra 74% do outro grupo. “Quando se trata de covid -19, ao observar os resultados para pacientes com base em doenças alérgicas, como rinite alérgica, asma, eczema e alergia alimentar, não encontramos distinções significativas no número de intervenções necessárias para aqueles com alergia em relação aos sem”, afirma o alergista Mitchell Grayson, membro da ACAAI e coautor do estudo.

Asma

Pedro Francisco Giavina Bianchi Junior, membro do Departamento Científico de Asma da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI), destaca que os dados mostram o que muitos médicos têm observado nos hospitais. “Era de se esperar que pessoas com problemas respiratórios tivessem mais danos gerados pela covid-19, não parecia uma boa combinação. Felizmente, até agora, temos poucos casos de pessoas asmáticas internadas”, relata.

Para o médico, essa relação pode ter explicação numa característica importante da asma. “Há dois tipos de asma, a alérgica e a não alérgica. Na primeira, temos a diminuição das proteínas ACE2, que são as usadas pelo vírus da covid-19 para entrar no corpo. Essa pode ser a explicação para não termos casos graves de coronavírus nesse grupo”, explica. (VS)

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