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Os cientistas têm tentado imitar a substância essencial do leite materno - entre os compostos mais importantes do leite materno estão as alarminas. - [Imagem: Sam Moody/Pixabay]

by Agência Brasil

Presente de mãe

Além dos inúmeros benefícios à mulher e ao seu bebê, tanto em relação aos aspectos nutricionais quanto emocionais, o aleitamento materno também atua na imunização e proteção contra doenças para o recém-nascido e para a mãe.

Pesquisadores da USP (Universidade de São Paulo) descobriram que as mães vacinadas contra a covid-19 produzem anticorpos que podem ser transmitidos ao recém-nascido pelo leite materno.

A pesquisa indicou presença de anticorpos no leite de mães lactantes imunizadas com a vacina Coronavac, do Instituto Butantan. Estudos equivalentes já foram feitos em outros países, como Espanha, Estados Unidos e Israel, mostrando que as vacinas Pfizer, Moderna e Oxford/Astrazeneca também induzem anticorpos no leite.

A segunda dose da vacina forneceu um incremento no nível de anticorpos das gestantes e, em algumas voluntárias, níveis altos de anticorpos contra a covid-19 mantiveram-se no leite materno mesmo depois de alguns meses de amamentação.

"O leite materno é importante justamente porque carrega um grande repertório de anticorpos, acumulados ao longo da vida da gestante", comentou a professora Magda Carneiro Sampaio. "O que o estudo mostra é que essa vacina também se incorpora ao repertório materno e a mãe vai passando esse anticorpo várias vezes ao dia ao bebê. Esse anticorpo [advindo do leite] é muito interessante, porque tem uma ação fundamentalmente local, quase nada dele é absorvido. Sua ação é em todo o trato gastrointestinal do bebê."

Estudos nos bebês

O resultados mostram que a Coronavac, o imunizante mais amplamente disponível no Brasil, oferece os mesmos benefícios adicionais que outras vacinas.

"Dentre as que nós temos aqui disponíveis em maior quantidade, ela é a mais adequada para as gestantes pela questão da trombofilia," acrescentou Magda - mulheres gestantes compõem o grupo de risco da covid-19 e a tendência de se formarem coágulos sanguíneos [trombofilia] é maior nesse período, e outras vacinas têm esse como um dos possíveis efeitos colaterais.

As sociedades médicas do Brasil têm seguido a orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS) que recomenda a vacinação em mulheres lactantes e não preconiza a interrupção da amamentação após a vacinação.

Apesar de os estudos comprovarem a presença de anticorpos no leite materno, casos confirmados no organismo de bebês ainda são isolados. No Brasil, há um episódio registrado em Tubarão (SC) onde um bebê de 2 anos, amamentado pela mãe que havia se vacinado, recebeu a confirmação de anticorpos de SARS-COV 2 por meio de um exame pedido pelo médico.

"A proteção do bebê reside principalmente na proteção da própria lactante que não vai transmitir a covid-19 para seus bebês. Não existem evidências demonstrando que anticorpos passados pelo leite materno possam realmente proteger os lactentes [bebês ou crianças que mamam no peito], então isso é uma evidência que nos falta", apontou Flávia Bravo, da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).

Checagem com artigo científico:

Artigo: CoronaVac can induce the production of anti-SARS-CoV-2 IgA antibodies in human milk
Autores: Valdenise Martins Laurindo Tuma Calil, Patricia Palmeira, Yingying Zheng, Vera Lúcia Jornada Krebs, Werther Brunow de Carvalho, Magda Carneiro-Sampaio
Publicação: Clinics
Vol.: 76
DOI: 10.6061/clinics/2021/e3185

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