Após CoronaVac, Paes assina compromisso com a Fiocruz

O Globo

Jornalista: Giselle Barros

O prefeito eleito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (DEM), participou na manhã desta segunda-feira de uma reunião com a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade. O objetivo do encontro, segundo Paes, foi fortalecer a parceria que a instituição já exerce com a Prefeitura, e firmar o compromisso com o Plano Nacional de Vacinação (PNI) contra a Covid-19. O futuro secretário de saúde do Rio, Daniel Soranz, também estava presente.

 

— Falamos de uma série de temas durante a reunião, mas não há dúvida de que o tema que mais angustia a população é a questão da vacinação de Covid-19. Queria me atualizar. As respostas que tenho da Fiocruz são muitos positivas em relação à possibilidade de termos esse plano de vacinação em breve. Obviamente, não vamos ser irresponsáveis de já divulgar uma data, uma quantidade de doses. Mas eu saio daqui muito otimista de que em breve vamos imunizar os grupos que precisam ser vacinados primeiro —  afirmou.

 

A Fiocruz é responsável pela produção da vacina do laboratório AstraZeneca, em parceria com a Universidade de Oxford. No PNI, estados e municípios recebem as doses que foram compradas pelo governo federal, que arca com todos os custos.

 

Segundo o prefeito eleito, o plano de enfrentamento à pandemia no município será apresentado no dia 28 deste mês, de maneira detalhada. Paes não adiantou informações que vão constar no documento, mas destacou a importância do governo municipal fiscalizar medidas restritivas para evitar a transmissão do coronavírus.

 

— Tenho uma visão de que essa relação ou se dá em parceria com os governos e a sociedade ou é impossível. Se a gente impor restrições e para depois ficar brincando de gato e rato não conseguiremos fiscalizar. Entendemos que precisamos de medidas que a população possa cumprir e que a gente possa cobrar —  ressaltou.

 

Durante a entrevista, Nísia Trindade destacou que a Fiocruz será capaz de fazer uma produção totalmente nacional da vacina quando ela for aprovada pela Anvisa. A presidente ressaltou ainda que o diálogo com a prefeitura é importante não apenas porque a sede da institução é no município, mas principalmente pelo fato de a fundação atuar em diversas frentes da futura campanha de vacinação.

 

— Discutimos as respostas para a Covid. Atuaremos juntos em todas as frentes quando tivermos as vacinas já registradas e também na testagem e demais medidas necessárias para a proteção neste momento. Estamos produzindo aqui a vacina de Oxford, mas apoiamos a pesquisa clínica de outras vacinas, como a do Butantan e a vacina da Janssen. Vamos apoiar as vacinas que o Programa Nacional de Vacinação for adotar, como deve ser. Estamos com esse empenho —  explicou.

 

Acordo para vacinas do Butantan

 

No domingo, Paes anunciou, em suas redes sociais a assinatura de um termo de cooperação com o Instituto Butantan para a aquisição da vacina contra o novo coronavírus. Ele se reuniu, na noite deste sábado, com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB). Também no domingo, Doria postou em suas redes sociais um vídeo ao lado de Paes, que disse esperar começar a vacinação no Rio no fim de janeiro do próximo ano.

 

Paes afirmou nas mensagens que o "ideal é que tenhamos um Plano Nacional de Imunização", mas destacou que está fazendo ações para preparar a rede de saúde do Rio para que "possa atender os cariocas com a maior brevidade possível e sem riscos".  Se comprar vacinas do governo de São Paulo, a prefeitura do Rio terá que desembolsar o valor de seus cofres. Nesta segunda, o prefeito eleito reforçou que a prioridade será adotar o plano do Ministério da Saúde, mas não pode descartar outras frentes de imunização.

 

— Como prefeito eleito, estou aberto a todas as possibilidades. Minha prioridade é o Plano Nacional de Vacinação. Mas, claro, sempre preparado caso haja algum problema. Eu estou entrando agora, não tenho responsabilidade em relação ao sucesso do plano nacional, mas estou otimista que vamos virar o ano com boas notícias. Tenho muita confiança na nossa rede e nos nossos profissionais da saúde — disse.

 

O protocolo de intenção de compra da Coronavac assinado pela Prefeitura do Rio com o Instituto Butantan não estabelece quantidades, prazos ou preço pelas doses do imunizante. Apenas em um segundo momento, em uma nova negociação, o comprador informa a quantidade desejada e o Instituto Butantan avalia sua capacidade de produção e de entrega. Antes do acordo, Daniel Soranz, futuro secretário de Saúde da prefeitura, esteve na semana passada no Instituto Butantan e foi recebido por sua diretoria.

 

O acordo entre o futuro prefeito do Rio e o governo paulista estabelece que os detalhes serão negociados após Paes assumir a prefeitura, em primeiro de janeiro. Porém informações públicas do Butantan dão algumas pistas de um provável acordo de compra. O preço que tende a ser pago pela prefeitura do Rio deverá ficar próximo do valor pedido pelo Butantan ao governo federal: US$ 10,30 a dose, ou cerca de R$ 53.

 

A questão da quantidade de doses é mais complexa. Dimas Covas, presidente do instituto, já afirmou que o Butantan tem capacidade para produzir até 100 milhões de doses no primeiro semestre de 2021, porém parte destas doses deverão ser usadas pelo governo paulista, que prometeu iniciar a vacinação no dia 25 de janeiro, e outra parte foi ofertada para o governo federal. O Instituto também fez acordos com outros governos locais e negocia com países da América Latina. Como há a expectativa que sejam necessárias duas doses para imunizar cada pessoa, a demanda está alta pela vacina.

 

O Instituto Butantan é o responsável pela produção nacional da vacina CoronaVac, em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac. Em uma das mensagens o prefeito eleito diz estar em contato com diferentes laboratórios a respeito da vacinação contra a Covid-19.

 

Por volta das 11h, João Doria publicou em seus perfis nas redes sociais um vídeo ao lado de Eduardo Paes, após a assinatura do termo. Na gravação, em tom descontraído no início, os dois destacam a parceria, enfim alinhada, sobre a imunização a partir do trabalho do Instituto Butantan. Paes diz esperar começar a distribuição das doses já no fim de janeiro para parte dos grupos:

 

— Acabei de assinar aqui com o governador João Doria um protocolo de entendimento entre a prefeitura do Rio e o Instituto Butantan, em São Paulo, na questão da Covid-19, da vacina do Butantan. A gente vai trabalhar com o Plano Nacional de Imunização, e entendemos que é muito importante que todo Brasil seja atendido. Mas essa iniciativa do Butantan, do governador Doria, avançando no CoronaVac, foi fundamental para que a gente pudesse estar nesse ponto em que estamos hoje. Esperamos todos, se Deus quiser, a partir do final de janeiro, já estar, por grupo, com tranquilidade, com serenidade, tá vacinando as pessoas. Até lá, é respeitar as regras, algum isolamento, máscaras, pessoas mais velhas em casa — disse, antes de encerrar agradecendo a Doria pela parceria.

 

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Já Doria, após uma série de elogios ao Rio e da fala de Paes encerrou afirmando:

 

— Juntos pela vida, juntos pela vacina. A vacina do Butantan, a vacina do Brasil.

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