Atrasado, estado do Rio entra na corrida por vacina

O Globo 
Jornalista: Felipe Crinberg

Com atraso e atrás de São Paulo, o Rio entrou na corrida pela vacina contra a Covid-19. Ao mesmo tempo que criou um grupo para elaborar um plano de vacinação, que tem três dias para apresentar o resultado do trabalho, o governo estadual determinou, conforme documentos obtidos pelo GLOBO, a compra de 50 milhões de seringas e agulhas, em caráter urgentíssimo, com o objetivo de “imunizar toda a população fluminense”. Além disso, também disparou a compra de um freezer de 500 litros pelo Hospital Pedro Ernesto com capacidade de refrigeração a -80°C, necessário para vacinas como a da Pfizer/ BioNTech, usada no Reino Unido, que precisam ser armazenadas a baixíssima temperatura. Só o freezer, de acordo com fontes do jornal, custará R$ 100 mil.

Até agora, o estado de São Paulo é o mais avançado na logística para a imunização contra o coronavírus. O governador João Doria já dispõe de doses da CoronaVac, fabricada pelo laboratório chinês SinoVac, em parceria com o Instituto Butantan, e espera aval da Anvisa para dar início à distribuição. Ontem, Doria, que chegou a discutir com o ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, durante encontro com governadores, estimou que o órgão regulador deve autorizar a utilização do imunizante no país até o dia 15 de janeiro.

Mas ontem o governador em exercício do Rio, Cláudio Castro, mostrou-se otimista ao falar dos preparativos para dar início ao processo de vacinação no estado. A comissão responsável pelo projeto será liderada por um representante da Secretaria de Saúde, que tem à frente Carlos Alberto Chaves. Mas contará também com integrantes de outras pastas, como Defesa Civil, que provavelmente ficará responsável pela parte logística.

A ideia é que, depois de estocadas, as seringas e agulhas sejam distribuídas aos 92 municípios, de acordo com o plano de imunização que está sendo elaborado. A compra ainda não tem um valor estimado, mas o processo prevê que parte da entrega ocorra em até 15 dias úteis após o primeiro pagamento. Também há a exigência de que a empresa vencedora da licitação submeta o material a uma análise de técnicos do governo do estado e que a validade das seringas, no ato da entrega, seja de pelo menos 85% do prazo de fabricação. Caso contrário, a empresa deverá trocar o produto.

Perguntado sobre a compra do freezer de 500 litros, Rogério Rufino, diretor da Policlínica Piquet Carneiro, ligada ao Pedro Ernesto e que tem a atribuiçâo de adquirir o equipamento, não deu mais detalhes sobre o destino do produto:

— Ele é muito usado por grupos de pesquisa para estocagem de material biológico. Poderá servir para alguma vacina que necessite de armazenamento em temperatura muito baixa ou, caso não seja necessário, será útil nas pesquisas em curso.

VERBA DE R$600 MILHÕES

Foi o secretário de Saúde, que tem bom trânsito com o governo do presidente Jair Bolsonaro, que representou o Rio na reunião de anteontem sobre o Plano Nacional de Imunização com Pazuello. Além dele, outros 19 governadores estiveram no encontro.

No início do mês, quando São Paulo já falava em vacinação em janeiro, o Rio não tinha divulgado qualquer estratégia de compra e distribuição de imunizantes. A postura do governo estadual, entretanto, mudou após a visita do ministrada Saúde, na semana passada, que contou com a presença da presidente da Fiocruz, Nísia Trindade. Na ocasião, Pazuello elogiou a instituição, que é referência nacional em imunização e abrirá uma nova fábrica de vacinas no estado. A fundação ficará responsável pela produção da fórmula da AstraZeneca/Universidade de Oxford, assim que for regulamentada pela Anvisa.

Em entrevista ao programa “Balanço Geral”, da TV Record, anteontem, Castro disse que dispõe de um plano de vacinação detalhado contra a doença, com verba de R$ 600 milhões de royalties do petróleo, mas que precisa do aval da Anvisa para prosseguir com a iniciativa.

—Esse não é um debate político, é 100% técnico —afirmou. — Estamos esperando que as primeiras vacinas sejam cadastradas e dialogando com várias empresas. Nós não anunciamos ainda porque, na minha visão, eu só posso anunciar de quem vou comprar depois que a Anvisa liberar.

A CoronaVac está na mirado prefeito de Niterói, Rodrigo Neves, que já negocia com o Butantan. O prefeito eleito do Rio, Eduardo Paes, teria discutido uma parceria com o instituto paulista, segundo Doria.

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