Avanços na Saúde: Nanotecnologia tem aplicações inovadoras

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Valor Econômico

Jornalista: Jacilio Saraiva

 

30/09/20 - A nanotecnologia deve avançar, de braçada, na área da saúde, nos próximos dois anos. Sete especialistas de universidades e centros de pesquisa ouvidos pelo Valor afirmam que a tendência é de alta no volume de aplicações, como adesivos na pele, para monitorar atividades vitais; no diagnóstico e tratamento de doenças, e até na produção de vacinas contra a covid-19. Com a pandemia, pesquisadores que exploram esse ramo da ciência em indústrias como cosméticos e eletrônicos devem produzir mais estudos com viés medicinal.

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De acordo com levantamento do StatNano, plataforma global com indicadores sobre a nanotecnologia, a quantidade de aplicações cresceu de mil para 8,8 mil, entre 2015 e 2020, sendo que 12% ou 1.065 dos produtos foram desenhados para a área médica, por 2,4 mil empresas de 62 países. No Brasil, cursos de nanotecnologia prometem mais disciplinas relacionadas à saúde, enquanto centros de estudos investem em projetos ligados à testagem de patologias e cicatrização de feridas crônicas. Em alguns centros, 70% das patentes publicadas a partir de 2013 estão associadas a novas terapias.

Há avanços no segmento de diagnósticos, com exames que usam o contraste de imagens na identificação de patógenos e nos testes rápidos, explica Christiano Santiago de Matos, coordenador da pós-graduação em engenharia de materiais e nanotecnologia, e também pesquisador do Centro de Pesquisas Avançadas em Grafeno e Nanotecnologias (MackGraphe), da Universidade Presbiteriana Mackenzie. “Até mesmo as máscaras faciais estão utilizando nanomateriais [para aumentar a proteção].” O interesse da academia no assunto também cresceu, garante.

Criada há quatro anos, a pós-graduação em engenharia e nanotecnologia do Mackenzie, em São Paulo (SP), já formou 26 mestres e seis doutores. Do total de 22 disciplinas do programa, uma é dedicada a biomateriais e pelo menos duas, que abordam temas médicos, foram introduzidas depois do início do curso. Tem 70 alunos, entre mestrandos e doutorandos e até 20% do total desenvolvem projetos de nanotecnologia na saúde, com temas como sensores para a detecção de doenças ou a inclusão de nanomateriais em próteses.

Dois professores do curso tiveram um projeto aprovado, com financiamento da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), para a criação de um método de diagnóstico para a covid-19. O número de estudos tende a crescer, diz Matos. “Está havendo um redirecionamento significativo das pesquisas para atender demandas geradas pela pandemia.”

No Centro de Nanociência e Nanotecnologia (CNANO), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), aberto em 2006, dos 27 projetos em andamento, 40% focam em cuidados com o bem-estar. A unidade tem 65 pesquisadores, de cursos como engenharia e farmácia. Desde 2013, publicou mais de 60 patentes próprias ou com empresas - 70% ligadas à saúde.

Um dos casos de sucesso inclui parceria com a farmacêutica paulista Biolab, que resultou no primeiro protetor solar fator 100 feito no Brasil com nanocápsulas biodegradáveis, explica Fabiano Bernardi, diretor do CNANO. “Trata-se de um exemplo excelente de como a interação universidade-empresa pode ser benéfica”, diz.

O centro gaúcho mantém acordos com 17 companhias, sendo cinco da indústria médica.

Na opinião de Clayton de Souza e Neoli Suckow, coordenadores da especialização em nanotecnologia aplicada da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), por conta da necessidade de combater a covid-19, cerca de 70% das demandas de pesquisa de nanotecnologia no Brasil estão voltadas para a medicina, antes de nichos como o desenvolvimento de materiais e energia. O curso criado em 2015 prepara mudanças na grade. “As próximas edições terão um aumento de 40% de módulos sobre saúde”, garantem.

Beatriz Fernandes, pesquisadora da PUCPR, explica que uma das linhas de estudo da universidade, com a participação de mais de 15 professores, médicos e alunos, investiga o desenvolvimento de biotintas (polímeros em forma de gel) para a cicatrização de feridas crônicas. “O trabalho está em fase de estudo clínico”, diz.

Graciela Muniz, coordenadora do Laboratório Central de Nanotecnologia (LCNano) da Universidade Federal do Paraná (UFPR), e Leandro Antunes Berti, presidente da Associação Brasileira de Nanotecnologia (BrasilNano), afirmam que cientistas da UFPR estão utilizando a técnica para finalizar uma vacina contra a covid-19. Os pesquisadores acreditam que, em um mês, é possível ter o primeiro lote pronto para testes, em animais.

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