Folha de S.Paulo

O presidente eleito dos EUA, Joe Biden, correndo contra o aumento dos casos de coronavírus e o surgimento de nova variante que poderá agravar significativamente a crise de saúde pública no país, planeja uma blitz de vacinação que pede grande expansão do acesso enquanto enfatiza a igualdade na distribuição —inclusive aos presos em cadeias.

Mas seu plano se choca com uma dura realidade: com apenas duas vacinas autorizadas pelo governo federal, os suprimentos serão escassos durante os próximos meses, frustrando algumas autoridades estaduais e municipais que esperavam a liberação de um estoque federal de vacinas anunciado nesta semana.

Autoridades do governo de Donald Trump esclareceram na sexta (15) que o estoque existente só duraria até a aplicação da segunda dose a pessoas que já foram vacinadas, e seria, portanto, suficiente para atender novos grupos. “A distribuição da vacina nos Estados Unidos tem sido um triste fracasso até agora”, disse Biden. “A verdade honesta é esta: as coisas vão piorar antes que melhorem. E as mudanças políticas que vamos fazer levarão tempo para aparecer nas estatísticas da Covid.”

“Hoje temos doses de vacinas paradas em geladeiras sem uso, enquanto pessoas que querem a vacina não a conseguem”, disse a campanha de Biden em material distribuído a jornalistas antes da fala do presidente eleito.

A equipe de Biden disse que ele invocará a Lei de Produção de Defesa, se necessário, para aumentar a oferta. Mas a equipe também tentou moderar as expectativas. Biden disse que seu plano “não significará que todos nesses grupos serão vacinados imediatamente, porque o estoque não está como deveria”. Mas, acrescentou que significará que, conforme as doses estejam disponíveis, “alcançaremos mais pessoas que precisam delas”.

A equipe de transição prometeu intensificar a vacinação em farmácias e construir clínicas móveis para levar o imunizante a comunidades rurais distantes e mal atendidas. Assim como o governo Trump, Biden pedirá que os estados ampliem os grupos de elegibilidade à vacina para pessoas de 65 anos ou mais. O governo também oferecerá “programas para ambientes de alto risco, incluindo abrigos para pessoas sem teto, prisões e instituições que servem a indivíduos com deficiência intelectual e de desenvolvimento”, explica o material.

Biden revelou o plano de distribuição da vacina apenas um dia depois de propor um pacote de gastos de US$ 1,9 trilhão (R$ 9,9 tri) para combater a crise econômica e da Covid-19, incluindo US$ 20 bilhões (R$ 105 bi) para um “programa nacional de vacinação”.

O presidente eleito disse diversas vezes que pretende colocar “100 milhões de doses de vacina para a Covid nos braços da população americana” até seu centésimo dia no cargo.

O tempo é essencial. Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês) deram o alarme na sexta sobre uma variante do coronavírus de rápida disseminação e muito mais contagiosa, que deverá se tornar a fonte predominante da infecção nos Estados Unidos até março, potencialmente alimentando mais um surto devastador de casos e mortes. Alguns especialistas em saúde pública estão preocupados.

Biden pretende que o governo federal não apenas desenvolva locais de vacinação em massa, como também reembolse os estados pelo uso de soldados da Guarda Nacional para administrar as vacinas.

A ênfase do plano em garantir a distribuição equitativa inclui as clínicas móveis de vacinação, assim como o uso de dados para dirigir a vacinação para áreas duramente atingidas e comunidades afetadas desproporcionalmente.

O material também diz que as autoridades vão se concentrar em lugares onde as pessoas vivem em espaços pequenos, como cadeias —que os planos de alguns estados não priorizaram. O plano de vacinação faz parte do esforço mais amplo de Biden para usar a crise atual para reconstruir a debilitada estrutura de saúde pública, um antigo alvo dos democratas no Capitólio.

Cerca de 390 mil pessoas nos EUA morreram com o vírus durante a pandemia, e o país registrou mais de 23 milhões de infecções, segundo um banco de dados do The New York Times. Durante a última semana, houve em média mais de 240 mil casos por dia.

Nesta sexta, segundo o CDC, cerca de 10,6 milhões de pessoas tinham recebido pelo menos uma dose de uma das vacinas contra Covid-19, e cerca de 1,6 milhão tinham recebido a segunda dose. Isso é muito aquém da meta que as autoridades federais definiram, de dar a primeira dose a pelo menos 20 milhões de pessoas antes do final de 2020.

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