Valor Econômico
Jornalista: Leo Lewis
25/08/20 - A Blackstone pagou 242 bilhões de ienes (US$ 2,3 bilhões) pela Takeda Consumer Healthcare (TCHC), numa operação que o grupo americano de investimentos em participações (private equity) espera que venha a incitar uma série de vendas de ativos parecidas, criando em última instância uma campeã nacional japonesa na área de medicamentos vendidos em balcão.
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A compra da TCHC dará à Blackstone o controle sobre a linha Alinamin de suplementos vitamínicos e o medicamento contra a gripe Benza Block. O importante, segundo a Blackstone, é que a venda estabelece uma marca de preço no momento em que a Daiichi Sankyo, a Eisai e outras também consideram vender suas operações de vendas em balcão.
“Todos estavam esperando que a Takeda fizesse disso um referencial”, disse Atsuhiko Sakamoto, diretor-gerente sênior dos negócios de private equity da Blackstone no Japão. Ele descreveu a TCHC como uma plataforma a partir da qual planeja crescer com mais aquisições no segmento de balcão, antes de uma listagem no mercado de ações nos próximos cinco anos.
Mas o financiamento do negócio, em que a Blackstone coordenou uma alavancagem junto a pelo menos cinco bancos diferentes, aponta para obstáculos maiores para grupos de private equity estrangeiros e domésticos, na medida em que eles tentam aproveitar o aumento das oportunidades no Japão, com grandes empresas vendendo ativos considerados não essenciais.
Até o começo deste ano, segundo disse um banqueiro que trabalhou em várias transações recentes de private equity, os negociadores podiam contar com “cheques em branco” de três megabancos japoneses - Mizuho, MUFG e Sumitomo Mitsui. Mas com os banqueiros ficando mais seletivos em relação aos setores em que os negócios estão sendo feitos, os fundos de private equity se viram solicitando empréstimos a um número maior de bancos.
O resultado do negócio com a TCHC, que dependia de negociações intermitentes desde o começo de 2020, também foi diretamente afetado pela pandemia de covid-19, segundo Sakamoto.
A Blackstone enfrentou a competição de outras firmas de private equity e do grupo farmacêutico japonês Taisho pela TCHC, mas a proibição das viagens globais deixou vários potenciais compradores da Europa e Estados Unidos incapazes de enviar grandes equipes ao Japão para realizar as devidas diligências.
Segundo fontes envolvidas no negócio, Takeda queria muito concluir a venda de sua subsidiária de vendas em balcão até o fim do ano, uma vez que a companhia está reorganizando sua carteira e se desfaz de negócios considerados não essenciais.
As vendas recentes de ativos da Takeda visaram reduzir seu endividamento depois que ela comprou a Shire por 6,2 trilhões de ienes no começo de 2019. Essa aquisição - a maior compra internacional já feita por uma companhia japonesa - reforçou o investimento da Takeda em áreas que incluem doenças raras, oncologia e neurociência.
A Blackstone acredita que a Takeda investiu pouco na TCHC nos últimos anos, colocando em risco seu valor de mercado. Os planos agora, diz Sakamoto, incluem o foco na formação de negócios em Taiwan, onde seus produtos são populares, e trabalhar juntamente com o conglomerado estatal China Resources para crescer na segunda maior economia do mundo.
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