Brasileiros podem se vacinar nos EUA? Saiba como alguns famosos conseguiram - Quem | QUEM News

Leandro Hassum e Nivea Stelmann já tomaram a primeira dose da vacina (Foto: Reprodução/Instagram)

Revista QUEM

A atriz Nivea Stelmann, de 46 anos, a influencer Bella Falconi, de 35, o cantor Kiko, do KLB, de 41, o ator e humorista Leandro Hassum, de 47, e o produtor de teatro Leo Fuchs, de 38, foram alguns dos brasileiros famosos que já receberam a primeira dose da vacina contra o novo coronavírus nos Estados Unidos. Todos eles registraram o momento em suas redes sociais. Após muitos questionamentos de leitores da Quem, que moram nos Estados Unidos e alegam que a vacinação para o público geral ainda não foi aberta, fomos atrás de entender quais os critérios da campanha de vacinação americana, esclarecendo como vários turistas brasileiros conseguiram tomar a tão esperada vacina. 

A vacinação contra a Covid-19 já começou em grande escala nos Estados Unidos e várias pessoas, entre famosos e anônimos, compartilham com orgulho suas fotos nas redes. No entanto, de acordo com as regras oficiais da FDA (Food and Drug Admnistration), a Anvisa deles, confirmamos que a campanha ainda não está aberta para a população geral em todos os estados do país. Mas como eles conseguiram? 

São muitos os motivos que possibilitam que os mais jovens recebam a vacina nos EUA, ainda que não estejam enquadrados na faixa prioritária da vez, que, até o fechamento desta matéria, nesta sexta-feira (19), contempla os maiores de 60 anos, pessoas com comorbidades, profissionais da saúde, residentes ou funcionários de asilos, funcionários de escolas, bombeiros e policiais com mais de 50 anos.

Os motivos

De modo geral, estando fora dos grupos prioritários, se vacina nos EUA quem comprova comorbidades ou tenta a sorte na “xepa”, a sobra de doses dos imunizantes retirados do refrigerador naquele dia e os que também estão perto do prazo de validade. Essa oferta é disputada por pessoas que formam filas enormes do lado de fora dos locais de vacinação.

O presidente americano Joe Biden anunciou que seu governo fechou acordos para adquirir 200 milhões de doses extras de vacinas contra a Covid-19. Seu objetivo inicial é aplicar 100 milhões de doses nos cem primeiros dias de seu mandato, ou seja, até 30 de abril.

No dia 12 de março, o país superou a marca de 100 milhões de doses da vacina anti-Covid aplicadas desde o início da campanha, no dia 14 de dezembro de 2020, segundo dados dos Centros para a Prevenção e o Controle de Doenças (CDC).

Atualmente, mais de 30% dos americanos maiores de 18 anos receberam pelo menos uma dose da vacina contra o novo coronavírus. Vale destacar que, desde o início da pandemia, mais de 300 mil pessoas já morreram e 16,5 milhões foram infectadas nos Estados Unidos.

Vacinação em Orlando, na Florida

A estratégia de distribuição é determinada por cada estado americano e, no caso da Flórida, local de grande concentração de brasileiros, ela está acontecendo em fases. No momento, de acordo com informações publicadas no site oficial sobre a pandemia (oridahealthcovid19.gov), estão qualificadas para receber a vacina somente maiores de 60 anos, pessoas com comorbidades, profissionais da saúde, residentes ou funcionários de asilos, funcionários de escolas, bombeiros e policiais com mais de 50 anos.

Porém, na prática, não é isso que acontece. A vacina é distribuída em grandes supermercados e farmácias como Walmart, Walgreens, CVS e Publix, com horário marcado para quem preenche os pré-requisitos. Após receber a vacina, é necessário permanecer 15 minutos em observação e o processo é superorganizado.

Em alguns lugares, é permitido entrar em uma lista chamada “waste waitlist” e aguardar ser chamado caso haja disponibilidade de vacinas extras. Foi o que aconteceu com o casal Luciana e Cláudio Chaves, brasileiros residentes em Orlando que entraram em contato com vários supermercados da rede Walmart até serem aceitos em uma destas listas, sendo chamados em duas semanas. “A sensação de finalmente receber a vacina é de um alívio muito grande”, conta Luciana Chaves.

Recentemente, aconteceram alguns eventos itinerantes, onde foram disponibilizadas doses da vacina para maiores de 18 anos, apesar de não ser a recomendação oficial do governo. A informação se espalhou rapidamente pela comunidade brasileira em Orlando, atraindo um grande número de pessoas e alguns chegaram a esperar mais de 10 horas para receber a sua dose.

Kiko, do KLB, e Léo Fuchs se vacinaram na “xepa”

Foi por meio da “xepa” que o cantor Kiko, do KLB, e a mulher, Francine Pantaleão, foram vacinados contra a Covid-19, em Orlando, na Flórida, nesta terça-feira (16). O casal ficou 7 horas na fila para receber a vacina. “Vacinados. E Deus, mais uma vez, nos permite desfrutar de todo amor de sua presença em nossas vidas! Foram mais de sete horas de fila que certamente carimba um passaporte de oportunidades de viver mais e mais…. Saúde é o que desejamos as pessoas, nossos amigos, familiares, a cada um de vocês!”, contou ele na rede social.

O produtor de teatro Léo Fuchs e o marido, o fotógrafo Elvis Moreira, moram há um ano e meio em Orlando e foram vacinados em Kissimmee, cidade vizinha, também com as sobras da vacina. “Aqui, estão vacinando os grupos de 62 anos, eu acho. Onde que a gente entra nisso? Por dia, eles sempre vacinam as pessoas da idade e no final, todas as doses que sobram do dia, eles vacinam as pessoas que ficam nas filas”, explicou à Quem.

O casal ficou 12 horas na fila à espera da imunização. “Nós ficamos esperando, acreditando. Fomos em uma cidade que fica a uma hora de Orlando. Mas fomos na fé. O que são 12 horas de espera para quem está esperando há um ano o fim disso tudo? Foi uma loucura, porque a hora que vi a injeção entrando em mim, saltava lágrima do olho, de felicidade, de esperança. Minha mãe tem 70 anos e não foi vacinada no Brasil e estou tendo esse privilégio. Esse privilégio se chama primeiro mundo. Infelizmente, a realidade é essa”, lamentou.

Ex-morena do Tchan, Juliane Almeida mora em Orlando, na Flórida, e também foi vacinada com o marido, Michell Moraes, com as sobras das doses. “Fomos vacinados no domingo (13), na nossa igreja. Primeiro abriram para os idosos e depois foi por agendamento. Agendamos e, duas horas depois, já fomos chamados. Foi tranquilo. Quando acabou o agendamento, deram as vacinas que sobraram para quem estava na fila de espera. Foi bem rápido. Tomamos a Johnson & Johnson, que só precisa de uma dose. É uma alegria poder participar desse marco na história depois do sufoco do último ano. Sinto tristeza pelo Brasil. Meus pais são do grupo de risco e ainda não têm previsão de tomar”, explicou.

Brechas

Com a grande procura e filas quilométricas, as regras foram intensificadas, mas mesmo assim ainda há margem para quem deseja encontrar brechas no sistema. Uma delas é a disponibilidade da vacina somente para moradores da Flórida, mas que, na prática, aceitam como identificação somente o passaporte ou alguma comprovação de residência, o que atraiu quem estava visitando o estado.

Desde esta quinta-feira (18), o Osceola Community Health Services, que havia recebido a maioria dos brasileiros que não se enquadravam em nenhum dos quesitos, mudou o seu posicionamento. Os amigos Ramon Galvão, William Fernandes e Vitor Resende chegaram às 6h da manhã, mas Vitor era o único que se qualificava por ter pressão alta. Seus amigos foram instruídos a deixar o local, mas resolveram esperar e receberam a vacina no final da tarde.

O casal Rodrigo e Carolina Spessotto também chegou às 6h, mas como não se enquadrava, deixou o nome na lista de espera e foi chamado no final do dia. Ao serem questionados sobre a grande quantidade de pessoas que foram vacinadas sem se encaixar em nenhum dos pré-requisitos, o serviço de saúde informou à reportagem que as vacinas foram aplicadas em grande escala, pois estavam próximas ao vencimento.

Comprovação de comorbidade

A lista de comorbidades inclui diabetes, pressão alta, obesidade, asma e até fumantes de longa data. A comprovação é feita por meio de um formulário do Departamento de Saúde da Flórida assinado por um médico. A VIP Clinic, uma clínica médica conhecida pela comunidade brasileira em Orlando, oferece atendimento on-line ou presencial para quem precisa de atestado médico, a um custo de US$ 90.

De acordo com a proprietária Cristina Faria, o número de atendimentos aumentou muito nos últimos dias, chegando a receber mais de 10 ligações por minuto. Cristina explica que para a comprovação de comorbidade, sem ser paciente da clínica, é necessário responder um questionário médico fornecido pelo Departamento de Saúde da Flórida e possuir comprovantes de seu estado clínico. Mas, de acordo com Cristina, o sistema de saúde nos Estados Unidos é rigorosamente fiscalizado e é necessário seguir à risca todos os protocolos estabelecidos pelo governo.

Cansaço e frustração

Para quem não se enquadra nas categorias, resta correr atrás das “xepas”, mas o processo é cansativo e frustrante. Não há unanimidade quanto aos procedimentos e cada local tem suas próprias regras e, às vezes, no mesmo estabelecimento, as informações são desencontradas.

No Supermercado Publix, a informação é de que as sobras são destinadas somente a funcionários da empresa, que recebem a sua dose da vacina, e ainda um gift card no valor de US$ 125, incentivando a vacinação.

No Valencia College, de acordo com os funcionários, não haverá mais doses “extras”

disponíveis para o público. Ainda nesta quinta (18), o Governador da Flórida divulgou que a partir de segunda-feira (22), todas as pessoas maiores de 40 anos serão elegíveis para a vacina, o que inclui a grande maioria da população da Flórida.

Leandro Hassum e Nívea Stelmann

Morador da Flórida desde 2016, Leandro Hassum foi vacinado contra Covid-19 nos Estados Unidos nesta quinta (18). “Estou vivendo um mix de emoções: muita alegria por ter conseguido me vacinar aqui nos EUA (sim, já chegou no meu grupo)”, esclareceu ele no Instagram, manifestando sua revolta pela lentidão do processo de vacinação no Brasil. “Mas muito triste por saber que no meu país que amo e vivo também a minha mãe já poderia vacinar mas não tem vacina. Não dá para ficar feliz por completo sabendo que tantas famílias choram seus familiares. Por incompetência e ineficácia de muitos. Orando muito por todos”.

Quem procurou a assessoria de comunicação de Hassum para entender qual critério foi utilizado para que ele pudesse tomar a primeira dose da vacina e foi informada que o ator e humorista pôde ser vacinado por já ter sido submetido à cirurgia bariátrica e, por isso, é parte do grupo de risco.

Nivea Stelmann, que também mora na Flórida desde 2016, tomou a vacina com o marido, Marcos Rocha, na sexta-feira (12). “Que momento! Obrigada Deus por essa oportunidade! Nossa hora chegou!”, celebrou a atriz na rede social, onde também lamentou pela situação da vacinação no Brasil. “Lamento muito pelos meus pais e minha sogra (e por muitos brasileiros) ainda na?o terem passado por isso no Brasil. Meu pai e minha sogra com 75 anos iriam tomar hoje, mas infelizmente ‘eles’ adiaram por falta de vacina. Mistura de gratida?o por no?s e tristeza por eles”.

Quem também procurou a atriz e sua assessoria de comunicação para entender qual critério foi utilizado para que ela pudesse ser vacinada, mas ela afirmou que tudo o que queria dizer já havia sido publicado no Instagram e não tinha mais nada para acrescentar sobre o assunto.

Bella Falconi e marido

A influencer Bella Falconi e o marido, Ricardo Maguila, foram vacinados há cinco dias em Orlando. Ele está na faixa prioritária, uma vez que tem doença inflamatória intestinal. Na ocasião, ela registrou o momento em que eles foram vacinados e agradeceu. “Toda honra e toda glória a Ti, Senhor!” Bella também repostou o que o marido escreveu a respeito de ter tido a chance de tomar a vacina.

“Nunca imaginei fazer um post celebrando uma vacina. Mas diante do cenário que estamos vivendo, isso é uma grande conquista. Quisera eu que todos estivessem postando essa mesma cena, nesse exato momento. Me coloco no lugar das pessoas e sei a angústia que estamos vivendo. Mas graças a Deus fui 100% elegível para me vacinar aqui nos EUA por conta da minha doença e por ser imunodeprimido e no local de vacinação sugeriram que Bella também se vacinasse, por ser minha esposa e por morar na mesma casa que eu”, explicou Maguila.

O empresário continuou sua explicação: “Não comemoro esse momento porque muitos ainda estão morrendo no mundo todo, especialmente no Brasil. Mas dou graças a Deus porque pude ter essa oportunidade. Primeira dose feita e aguardo ansioso pela segunda. Fiquei internado e muito debilitado uma vez por conta da minha doença e confesso que tenho muito medo da Covid. Faço uso de imunossupressores e isso me torna ainda mais vulnerável ao vírus. Mas Deus está no controle. Espero que logo tudo isso passe e que a Covid seja uma realidade apenas nos livros de história. Que Deus nos proteja!”.

Procurada por Quem, a assessoria de imprensa de Bella, divulgou o comunicado abaixo: “Em resposta à matéria da Quem sobre famosos que já se vacinaram contra a Covid-19, a assessoria de imprensa e comunicação de Bella Falconi esclarece que a artista recebeu a vacina por orientação da equipe que está à frente da vacinação na Universidade Valencia, Orlando, já que o marido de Bella, Maguila, esteve no local e fora vacinado por ser do grupo de risco – ele possui doença inflamatória intestinal, autoimune. Ou seja, Bella apenas atendeu a orientação local que lhe foi dada e tem total ciência e respaldo de que agiu de forma correta e necessária. Importante reforçar ainda que Bella foi ao país para gravar o seu novo programa e apenas quando chegou em Orlando informaram ao seu marido que ele poderia ser vacinado por ser do grupo de risco. Ambos possuem cidadania americana e, com isso, Maguila possui histórico médico no país, tendo inclusive descoberto a doença com médicos de lá”.

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