Casa Branca quer repatriar fábricas de medicamentos

Valor Econômico
Jornalista: Anna Edney


20/05/20 - O governo Donald Trump pretende injetar milhões de dólares na produção de mais medicamentos nos EUA, depois que a pandemia da covid-19 intensificou preocupações de longa data sobre a fragilidade da cadeia global de fornecimento de medicamentos.
A Autoridade de Pesquisas Biomédicas Avançadas e Desenvolvimento (Barda, na sigla em inglês) concedeu ontem um contrato de US$ 345 milhões a um grupo liderado pela companhia farmacêutica Phlow, da Virgínia, para a produção de medicamentos com oferta insuficiente nos EUA. A Barda é uma agência do Departamento de Saúde responsável pelo desenvolvimento de medidas médicas defensivas em emergências.

Cerca de 80% dos ingredientes ativos dos medicamentos consumidos nos EUA são importados, principalmente da Índia e China. Um pico na demanda por alguns medicamentos e insumos durante a pandemia aumentou as preocupações com a escassez nos EUA. Em março, a Barda passou a priorizar a produção de medicamentos e vacinas para combater a covid-19, como parte de um esforço mais amplo para facilitar a fabricação nos EUA, em vez de países com custos de mão-de-obra mais baixos.

“Ao trabalhar com o setor privado, o Departamento de Saúde está dando um passo significativo para reconstruir nossa capacidade doméstico, para nos proteger de ameaças à saúde utilizando ingredientes feitos nos EUA e criando novos empregos americanos no processo”, afirmou ontem o secretário da Saúde, Alex Azar.

Antes da covid-19 infectar milhões de pessoas e paralisar a economia mundial, Washington já se mostrava preocupado com o crescente domínio da China sobre a cadeia de fornecimento farmacêutica. Um funcionário do Pentágono disse em agosto a uma comissão consultiva do Congresso sobre EUA e China, que a questão é um risco à segurança nacional.

Desde então, a pandemia mostrou como rupturas no comércio podem interromper o fornecimento de medicamentos nos EUA. Nos estágios iniciais da pandemia, a capacidade da China de fabricar medicamentos foi afetada enquanto o país impunha confinamentos. A Índia bloqueou temporariamente as exportações de alguns medicamentos para assegurar um fornecimento suficiente para seus cidadãos.

Autoridades da Barda afirmam que agência pretende investir em esforços que tragam a produção de medicamentos de volta para os EUA. “A Barda espera fazer investimentos estratégicos e substanciais nessa área”, disse Gary Disbrow, diretor em exercício da agência. Rick Bright, ex-diretor da agência, foi recentemente destituído, no que segundo ele foi uma retaliação por suas críticas à condução do governo Trump na questão do uso da hidroxicloroquina.

A Casa Branca vem preparando uma ordem executiva que exigirá que certos medicamentos essenciais e tratamentos médicos para uma variedade de condições sejam fabricados nos EUA. O lobby dos medicamentos genéricos disse que tal iniciativa é inviável, afirmando em uma carta enviada a Trump em março que “uma cadeia de fornecimento farmacêutica variada é precisamente o que permite ao setor responder rapidamente a fazer ajustes em sua cadeia durante emergências naturais e crises mundiais de saúde pública”.

O foco da Comissão EUA-China, quando ela se reuniu em agosto, foi sobre os “recalls” de milhões de pílulas para pressão arterial que são amplamente usadas nos EUA e fabricadas em grande parte na China e na Índia. Os medicamentos foram contaminados com uma possível substância cancerígena.

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