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Muita gente acredita que o Uruguai, que legalizou a erva em 2016, é a referência sul-americana no que diz respeito ao futuro da cannabis na região. Na opinião de estudiosos, investidores e empreendedores, contudo, o modelo a ser observado está em desenvolvimento bem mais ao norte, mais especificamente na Colômbia. Há até pouco tempo associado à produção de cocaína e à violência das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), o país se movimenta para se livrar desse legado e lucrar com a indústria legal de medicamentos produzidos a partir da erva. De olho nas oportunidades do mercado global e com apoio do governo, da população e de investidores, a Colômbia trabalha para se tornar uma das maiores fornecedoras mundiais de cannabis, seja in natura, seja em produtos processados, de maior valor agregado.


Diferentes fatores contribuem para deixar o país em condições privilegiadas nessa disputa. Em primeiro lugar vêm as condições naturais: solo cultivável, clima quente, úmido e com períodos de 12 horas de sol por dia, durante praticamente o ano todo. Essas características não apenas favorecem o crescimento da planta como ajudam a reduzir consideravelmente os custos com o cultivo. Em países de clima mais frio, é preciso investir em sistemas artificiais de iluminação e climatização para garantir a produção nos meses de inverno. A mão-de-obra na Colômbia também é barata e tem experiência em outros cultivos, como café e flores ornamentais (sem contar a própria cannabis e a cocaína do mercado ilegal). De acordo com Mat Youkee, editor da newsletter Colombia Cannabis Investor, os colombianos conseguem produzir um grama da flor de cannabis por algo entre 50 e 80 centavos de dólar. No Canadá, o custo do grama fica em torno dos 2 dólares.

Portanto, não é por acaso que muitas empresas canadenses escolheram a Colômbia para se instalar na América do Sul, trazendo seus profissionais, sua expertise e, claro, muito dinheiro para investir. Maior empresa do mundo no segmento, a Canopy Growth, cujo valor de mercado rondava os 11 bilhões de dólares nesta segunda-feira, 12, injetou cerca de 60 milhões de dólares para criar a Spectrum Cannabis Colombia e estabelecer uma área de cultivo no departamento de Huila. A PharmaCielo, de Toronto, que mantém uma subsidiária próxima a Medellín, acredita que o país é o mais amigável do mundo para o cultivo de cannabis, tanto pelos diferenciais competitivos quanto pelos aspectos ambientais. Para Julián Wilches, cofundador da Clever Leaves, empresa local que recebeu aportes de investidores americanos, a Colômbia tem potencial para se tornar o maior exportador mundial de cannabis medicinal. No final de julho, a empresa anunciou que o primeiro carregamento de produtos não-psicoativos de cannabis chegaram ao aeroporto de Heathrow, em Londres, e seriam distribuídos no Reino Unido e em outros países da União Europeia. Até o dia 2 de agosto, o governo colombiano já havia emitido 122 licenças para a produção de medicamentos à base de cannabis no país.

Enquanto os colombianos avançam e se posicionam estrategicamente para abocanhar uma fatia considerável de um mercado multibilionário, o Brasil, mais uma vez, parece conformado em deixar essa chance escapar. As condições climáticas, humanas e ambientais são parecidas com as do vizinho, o agronegócio brasileiro é referência mundial e temos centros de excelência e tecnologia que nos dariam grande vantagem competitiva no cenário global. Apesar de a Anvisa haver sinalizado ser favorável ao cultivo em território nacional, as condições sugeridas estão longe do ideal, principalmente no que diz respeito à exigência de que as plantações sejam feitas exclusivamente em ambientes fechados e equipados com rigorosos controles de segurança. Ou seja, nos quesitos custo, eficiência, meio ambiente e competitividade, os colombianos já largam com várias voltas de vantagem.

Fonte: Veja Online

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