Como a China pode mudar o ecossistema de inovação brasileiro

Sistema de pagamento com reconhecimento facial da Alipay (Foto: Divulgação)

Sistema de pagamento com reconhecimento facial da Alipay (Foto: Divulgação)

Investimentos maciços em startups e chegada dos super apps podem trazer mudanças ao nosso mercado, de acordo com In Hsieh, empreendedor especialista no país asiático

ADRIANO LIRA, DE FLORIANÓPOLIS (SC)

Revista PEGN Globo (publicação de 19/08/2019)

Quando se pensa em um modelo de empreendedorismo que inspira as startups brasileiras, normalmente os Estados Unidos – e o Vale do Silício – vêm à mente. Mas há um outro país com resultados tão ou mais relevantes e com particularidades que podem mudar o nosso mercado: a China.

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Na última sexta (16/8), ocorreu o segundo dia do Startup Summit, evento de empreendedorismo e inovação do Sebrae Nacional. E o ecossistema chinês foi um dos assuntos discutidos durante a manhã, em palestra de In Hsieh. Ele é cofundador do Chinnovation, plataforma que ajuda empreendedores brasileiros a prosperar na China, além de atuar no caminho inverso. Hsieh também atuou como chefe de e-commerce da Xiaomi durante a primeira passagem da marca pelo Brasil.

Segundo Hsieh, a China pode mudar o ecossistema de inovação brasileiro por algumas frentes: a primeira, por meio dos investimentos de gigantes asiáticas em startups brasileiras. Os casos mais conhecidos são os aportes que a Didi fez na 99, a Tencent no Nubank e o Alibaba na Stone.

Por meio do site AliExpress, o Alibaba tornou-se inclusive o e-commerce internacional mais usado pelos brasileiros, de acordo com o relatório Webshoppers. "Outros grupos, como a Bytedance, que é a dona da rede social TikTok, e a Nimo TV, um serviço de transmissão em vídeo de e-sports, já operam no Brasil", disse.

Além disso, de acordo com Hsieh, a grande influência chinesa no ecossistema pode ser a dos chamados super apps. O principal expoente dessa tendência é o WeChat, da Tencent. A princípio, o app era um serviço de mensageens instantâneas, mas ganhou diversas funcionalidades adicionais: é possível fazer pagamento, pedir um táxi ou uma refeição e agendar uma consulta médica, dentre muitos outros serviços. "O WeChat é o que o Facebook gostaria que o WhatsApp fosse", afirmou Hsieh.

Segundo o empreendedor, os super apps podem virar uma realidade no Brasil. "Assim como na China, a maior parte das pessoas têm celulares com Android, muitos deles com pouco armazenamento. Ter um aplicativo com muitas funções economizaria espaço e facilitaria a vida das pessoas."

No Brasil, segundo ele, negócios como a Rappi já estão em busca da criação do super app brasileiro. No serviço, é possível desbloquear patinetes da Grin e contratar uma manicure do Singu e ou prestador de serviços da GetNinjas. A Magazine Luiza, por sua vez, já demonstrou planos de criar um super app que poderia ser usado por brasileiros com pouco espaço de armazenamento no smartphone.

Além deles, a Movile, dona do iFood, tentou criar o seu com o Rappido. Com ele, era possível pedir comida, comprar ingressos para eventos, recarregar o celular ou chamar um táxi. O projeto, entretanto, foi encerrado em março deste ano.

Alibaba
O grupo chinês, criado pelo empreendedor Jack Ma, também tem o seu super app: o Alipay, controlado pela subsidiária Ant Financial. Ele surgiu como uma solução para pagamentos pelo smartphone e, atualmente, permite que o usuário envie e receba de dinheiro, recarregue seu smartphone, peça comida e táxis, gerencie seus investimentos, compre ingressos para eventos ou passagens aéreas, entre outras funcionalidades.

Segundo Hsieh, as empresas mais bem-sucedidas são aquelas que conquistam a atenção das pessoas. “Hoje, a forma mais fácil de conquistar a atenção delas é fazendo-as usar o celular”, afirmou.

Apesar de ter um super app, a Ant Financial já tem um “plano B”: usar outras formas de pagamento que dispensem o aparelho. A empresa criou totens que usam reconhecimento facial para fazer as transações. A tecnologia está sendo usada em restaurantes e lojas de diversas cidades da China.

Por conta da nova tecnologia, a Ant Financial é considerada a startup mais valiosa do mundo, com valuation estimado de US$ 150 bilhões. “O avanço tecnológico da China é gigantesco. Aqui, o pagamento por celular começa a caminhar, enquanto lá eles já dão os próximos passos”, disse Hsieh.

Na palestra, o empreendedor falou também sobre o “supermercado futurista” do Alibaba, o Hema Xiansheng. A loja mistura varejo físico e online, prometendo entregas em até 30 minutos para pedidos feitos em um raio de 3 km do estabelecimento.

“As unidades da Hema são uma mistura de supermercado e centro de distribuição, com empregados montando os pedidos como em uma linha de promoção. Toda a atividade pode parecer estranha, mas os chineses acham que a Hema é uma loja viva e sentem prazer de fazer parte daquilo.”

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