Como as chamadas de vídeo influenciaram as vendas de Botox

Época

Jornalista: Ivan Martinez-Vargas

Com a pandemia do coronavírus, milhões de brasileiros passaram a adotar o home office e, para manter contato com os colegas, a fazer várias reuniões por videochamada diariamente. Alguns efeitos em cascata desse fenômeno foram logo sentidos. Já nos primeiros tempos de confinamento, houve um aumento na demanda por laptops, serviços de internet mais rápidos e roteadores.

 

Uma consequência mais tardia foi a alta na procura por procedimentos estéticos faciais. Com todos vendo os rostos de si mesmos e de colegas várias vezes por dia, teve gente que começou a se sentir incomodada, para a felicidade de clínicas de estética.

 

Mesmo em meio a uma segunda onda da pandemia, o mercado está particularmente aquecido neste fim de ano, de acordo com os especialistas e laboratórios responsáveis pela produção e distribuição de insumos usados em procedimentos que atenuam rugas e linhas de expressão.

 

Sérgio Palma, presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), contou que a alta na procura pelas intervenções estéticas vem desde o início do segundo semestre. A entidade fez um levantamento junto a dermatologistas em todo o país sobre o assunto e constatou que a busca por procedimentos no chamado terço superior da face estava em alta. “Com as videochamadas, muitas pessoas se sentiram envelhecidas ao se olharem em vídeos, fotos e prints de tela”, disse Palma.

 

A dermatologista Ligia Kogos, conhecida nacionalmente por atender celebridades e políticos, como o ex-presidente Michel Temer, contou que tem trabalhado diariamente até a meia-noite para dar conta dos atendimentos em São Paulo. Sua clínica, que atende principalmente pacientes da classe A, foi criticada por funcionar mesmo no ápice da pandemia.“Nossos pacientes eram muito ocupados antes da pandemia”, disse.

 

O Cristália, laboratório que vende tanto toxina botulínica, o famoso botox, quanto ácido hialurônico, usado nos preenchimentos, viu o faturamento despencar no início da quarentena com o fechamento das clínicas. “A partir de maio o movimento voltou com força total. De julho a novembro, tivemos alta de 49% em relação ao primeiro semestre e de 2% em relação a 2019, que foi nosso melhor ano até hoje”, disse Patricia Silveira, diretora da divisão de produtos injetáveis da marca.

 

Conta a favor do atual momento do setor o fato de que poucos integrantes das classes A e B estão se aventurando em viagens internacionais, o que faz sobrar mais dinheiro para outras coisas. A lógica é similar à que explica o aumento da demanda por produtos de luxo no Brasil, atestada em levantamentos de consultorias como a Euromonitor.

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