Crescem publicações sobre suicídio durante a pandemia

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Folha de S.Paulo 
Jornalista: Marcella Franco

05/07/20 - Desde que se mudou para o mesmo terreno em que mora toda a família do marido, no interior do Paraná, Helena* (o nome foi trocado apedido da entrevistada ), de 23 anos, não conseguiu mais ser feliz. Longe de seus pais e dos irmãos, diz que detesta o luga reques e sente sozinha. O marido nunca foi “do tipo que para em casa”, diz ela.

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“Recentemente descobri umas coisas dele que ainda fizeram tudo piorar.” Na pandemia, é ela quem cuida sozinha dos dois filhos de quatro anos e da bebê de nove meses.

Para se distrair, Helena participa de um grupo no Facebook. O objetivo lá é encontrar e divulgar perfis de pessoas que já morreram. Na semana passada, diante do nome e da foto de uma mulher um pouco mais velhaque ela e que cometera suicídio, Helena comentou :“Queria ter essa coragem ”.

“Tem horas que vem uma angústia. Dá vontade de sumir, de morrer, de se matar. Fazer alguma coisa para tirar isso de dentro. Meu marido tem espingarda, mas penso nos meus filhos. O menino é muito apegado a mim ”, diz.

Publicações como a de Helena levantamento feito pelo Comunica Que Muda(CQM ), plataforma digital da agência nova/sb que tem como foco propor debates sobre temas considerados polêmicos. Este é o terceiro ano que o suicídio suscita pesquisa do C Q M.

Através de menções no Twitter, no Instagram, no YouTube, no RSS e no Facebook, foi possível comparar que, enquanto em 2017 a principal conexão do tema era com o jogo “Baleia

Azul”, e, em 2018, com a série “13 Reasons Why”, em maio passado os posts relacionados a suicídio foram provocados pelo atual isolamento social.

“O tema, assim como a tristeza, começou a aumentar nas postagens dos internautas. Em 2017, o assunto ainda era tabu, mesmo com quase

800 mil vítimas por ano, um suicídio a cada 40 segundos no mundo, e outras 20 tentativas para cada caso”, diz Bia Pereira, diretora da agência e coordenadora do CQM.

De acordo coma OMS( da Saúde ), em 2014,10.631pessoas cometeram suicídio no Brasil. A maioria é masculina: a cada dez suicídios, oi tosão de homens e dois, de mulheres. Para a OMS, 90% dos casos aqui e no mundo todo poderiam ter sido evitados.

Para obter os novos resultados, oC Q M monitorou as redes brasileiras ao longo de 29 dias em maio de 2020 e contabilizou 103.923 menções ao tema. Dentro deste número, registrou aumento de depoimentos e relatos. De 6,3% em 2017, passaram para 23,5% em 2020.

“Isso mostra que as pessoas estão mais confortáveis em falar sobre como se sentem”, diz a coordenadora. O número de notícias a respeito do suicídio, por sua vez, subiu de 7,5% para 42%, enquanto a frequência de piadas sobre o assunto diminuiu. Antes contabilizavam 34% das postagens, e agora são apenas 3%.

A pesquisa avaliou também as publicações que disseminam conteúdo positivo, como reflexões acercada seriedade da depressão ou que incentivam a busca por ajuda. Enquanto em 2017 elas representavam 28,8% do total, em 2020 passaram para 63,5%.

“Esses comentários abrem uma porta para que essas pessoas compreendam que podem falar sobre como se sentem, que tem alguém para ouvi-las. Também são fundamentais para equilibrar o debate do tema nas redes, que é infestado por haters e desinformação”, completa Pereira.

“Não tenho com quem conversar. Minha família mora muito longe, e não converso com os parentes do meu marido. Só tenho meus filhos, e não gosto de falar sobre mim porque as pessoas não entendem ”, diz Helena, que nunca cogitou fazer terapia.

“Suicídio tema ver comum sofrimento insuportável que a pessoa achaque não vai acabar nunca. É preciso mostrar que é possível transforma ressa esperança na morte em esperança de que apessoa pode ser tratada, pode buscar outros caminhos, entenderas coisas e reagira elas ”, explica Karen Scav acini, psicóloga co fundadora do Instituto Vita Alere de Prevenção e Posvenção do Suicídio.

Qualquer pessoa pode pensar em suicídio em algum momento da vida, de acordo com a psicóloga, mas, para a maioria, é um pensamento que, assim como chega, vai embora .“Mas, quando apessoa começa apensar muito em morrer, não consegue afastar esses pensamentos e vê o suicídio co mouma saída viável, aí éo momento de pedir ajuda .”

Scavacini afirma que, ao se deparar com uma publicação como ade Helena, épre ciso agir. Noca sode desconhecidos, o me lho ré utilizaras ferramentas de denúncia da plataforma onde o comentário foi postado .“Vão analisa remandar mensagem sem que quem fez a denúncia ”.

Se a publicação for de um amigo, ofereça ajuda falando de forma privada, sem que ele seja exposto .“Estamos em uma época de muitas perdas, é algo que mexe com todos. Quanto mais estresse uma comunidade passa, mais afetada será sua saúde mental. E, quanto piora saúde mental, maiores são as chances de o suicídio acontecer.”

E, caso quem precise de ajuda seja você mesmo, Scavacini sugere conversa com pessoas próximas e uma pesquisa por locais com atendimento durante a quarentena.

“Tente também respirar fundo e fazer planos para, se possível, colocá-los em prática quando a pandemia acabar. Mas, mais do que tudo, seja atendido e avaliado por um profissional da área da saúde mental.”

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