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Porto Digital de Recife, Pernambuco: um dos celeiros brasileiros de startups (WikimediaCommons/Américo Nunes/Wikimedia Commons)

A expansão dos polos regionais está entre os motivos para celebrar, mas o país precisa de mão de obra qualificada e ídolos na área de tecnologia

Por Denyse Godoy

Exame

Brasil – O Brasil comemora o Dia Nacional da Inovação nesta segunda-feira, 19, lembrando o primeiro voo bem-sucedido de Alberto Santos Dumont com um dirigível ao redor da Torre Eiffel, em Paris, em 1901. Mas o que há exatamente para comemorar agora?

O professor Guilherme Luiz Pereira, diretor do MBA em inovação da Fiap, responde:

1 – O pioneirismo de gigantes e o florescimento de unicórnios

O varejista Magazine Luiza e a fabricante de cosméticos Natura construíram, ao longo dos anos, processos de inovação que fizeram desses grupos referência mundial. Se alguns gigantes nacionais entenderam cedo a importância de se reinventar constantemente, nos últimos anos os negócios que já nasceram disruptivos estão disseminando em todas as cadeias produtivas novas maneiras de pensar. Desde 2018, quando a empresa de transporte 99 atingiu valor de mercado de 1 bilhão de dólares, outras 11 startups atingiram o patamar de unicórnio.

2 – A popularização do debate sobre inovação

Até há pouco tempo, os especialistas em inovação eram chamados a ajudar os empreendedores a entender o que é inovação e para que serve. Agora, a discussão trata de como tornar os processos de criação mais eficientes, envolvendo todos os níveis das empresas.

3 – Os avanços acelerados pela pandemia do novo coronavírus

Em meio à pior tragédia de saúde pública em um século, pequenas, médias e grandes empresas precisaram correr para se digitalizar. Algumas tiveram que fazer ajustes menores, como no canal de atendimento ao cliente, e outras transformaram totalmente o seu modelo de negócio.

4 – A expansão dos polos regionais


Para além de São Paulo capital e do Rio de Janeiro, as duas cidades mais ricas do país, novos polos de tecnologia têm surgido em todas as regiões. Os mais proeminentes são o de Belo Horizonte e Santa Rita do Sapucaí, em Minas Gerais; os de Recife, Pernambuco, e o de Fortaleza, Ceará; o de Brasília, que tem um viés de impacto social; os de Campinas e São Carlos, no interior paulista. Dos emergentes, o do Vale do Paraíba se destaca. As startups da cidade de Taubaté acaba de ser indicada entre os finalistas do prêmio Startup Awards na categoria de comunidade revelação, junto com o Tambaqui Valley, de Rondônia, e Blumenau, em Santa Catarina.

E o que deve melhorar para que o país inove mais?

1 – Maturidade das conexões e cadeias de negócio

Como o Brasil não se insere totalmente na globalização, os produtos e serviços das empresas são pensados apenas para servir a comunidade local. As companhias acabam não se conectando muito com os demais atores à sua volta, como instituições de ensino e órgãos de governo. Não existe troca de experiência e conhecimento. “Nos ecossistemas mais maduros, como o Vale do Silício, nos Estados Unidos, até as concorrentes discutem ideias e soluções entre si”, diz o professor Pereira.

2 – Ídolos empresariais na área de tecnologia

Nos Estados Unidos, fundadores e executivos de startups – por exemplo, Elon Musk, da Tesla, e Mark Zuckerberg, do Facebook – são apontados pelos jovens como modelo profissional. Aqui, os mesmos nomes se repetem há anos nos sonhos dos estudantes: Abilio Diniz, que transformou o Pão de Açúcar em gigante; o bilionário Jorge Paulo Lemann, do fundo 3G Capital, que é dono de participações na cervejaria AB InBev e na rede de lanchonetes Burger King; o banqueiro Joseph Safra.

3 – Mão de obra qualificada

Em meio ao desemprego recorde no país, há milhares de vagas abertas na área de tecnologia que não são preenchidas por falta de qualificação do trabalhador. “Não existe um Pronatec [ Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego] de tecnologia, por exemplo”, diz Pereira.

4 – Fontes diversificadas de capital

Hoje em dia, existe uma disponibilidade de capital de risco muito maior no Brasil, mas ainda é necessário diversificar mais as fontes de recursos para as startups. Além dos bancos e dos fundos de private equity, o mercado financeiro precisa oferecer alternativas que atendam empresas em diferentes estágios de desenvolvimento, como o venture debt.

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Fonte: Exame

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