Diagnóstico preciso

Revista IstoÉ 

Jornalista: Fernando Lavieri

Um exame de sangue é a nova arma da medicina para detectar os níveis de uma proteína presente em pacientes com transtornos de humor. Desenvolvido pela Universidade da Austrália, o método vai auxiliar os psiquiatras a fazer um diagnóstico mais assertivo da depressão e bipolaridade. O teste analisa os níveis de BDNF, proteína presente em pequeno número no circuito neural de portadores dessas patologias.

No estudo realizado na China, os pesquisadores analisaram o sangue de 215 pessoas, incluindo 90 pacientes com depressão clínica e 15 com transtorno bipolar. Em contato com uma substância reagente, o sangue dos pacientes com baixos níveis dessa enzima apresentou uma coloração rosa. Quanto mais severa a depressão, menor o nível de BDNF circulante. O estudo estabeleceu que níveis de mBDNF abaixo de 12,4 ng/ml podem ser usados como um ponto de corte para diagnosticar o transtorno de humor. Os cientistas que desenvolveram o método garantem que a precisão do kit está acima de 80%. A proteína BDNF (Fator Neurotrófico Derivado do Cérebro, em português) desenvolve papel importante no organismo. O corpo humano pode apresentar dois tipos, a mBDNF “boa’”, que tem propriedades neuroplásticas e melhoram o funcionamento do tecido neural, e a proBDNF “ruim”, que ativa o sistema imunológico, aumenta o processo inflamatório e promove neurodegeneração, ou seja, destrói neurônios. Esses sinais ficaram bem aparentes nos pacientes com transtornos de humor que participaram do estudo.



Fatores


Para Luiz Fernando Petry Filho, da Clínica TrialCare, especialista em transtornos de humor, é possível fazer uma analogia entre o funcionamento do sistema neural e uma árvore grande. Se a árvore é bem regada e sua copa está cheia, de forma que os raios solares quase não ultrapassam suas folhas, ela está bem – é a mesma coisa com o cérebro saudável. “A mBDNF faz o papel de ‘molhar’ o cérebro para mantê-lo em bom funcionamento”, explica o médico. Segundo ele, os processos que levam às alterações entre a BDNF “boa” e “ruim” ainda não são bem conhecidos. “Mas com certeza esses fatores fazem parte das causas da depressão”, pontua. O médico reconhece a importância do estudo australiano. “Abre-se uma nova porta para a pesquisa sobre causas de depressão e tratamento”, afirma.

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