EDITORIAL: A esperança contra o vírus

Correio Braziliense

20/05/20 - Enquanto o país assiste, impotente, ao implacável avanço da pandemia do novo coronavírus — o Brasil está atrás apenas dos Estados Unidos e da Rússia no triste ranking do número de infectados pela covid-19 —, uma boa notícia surgiu. Os resultados da primeira vacina testada em humanos contra a doença que já matou quase 20 mil brasileiros e mais de 300 mil pessoas no mundo são promissores, apesar da cautela adotada pela comunidade científica até a completa comprovação de sua eficácia. Entretanto, na avaliação de infectologistas, não deixa de ser um alento para que a propagação do vírus possa, finalmente, ser controlada.

O laboratório que criou a vacina revelou que o imunizante surtiu efeito positivo e seguro em oito voluntários, recorte de teste ainda pequeno, mas que faz parte do protocolo para o desenvolvimento do medicamento. A expectativa da empresa norte-americana que trabalha na criação da vacina é de que a segunda fase de testes comece nas próximas semanas, quando serão testados 600 voluntários. Na última fase, em julho, milhares de outras pessoas serão imunizadas. Se tudo correr como o planejado, até o final deste ano poderão começar a ser produzidas milhões de doses do imunizante.

Especialistas concordam que os testes até agora realizados são pequenos, mas ressaltam que a única maneira de controlar a pandemia é através de uma vacina e que enquanto ela não chega as pessoas não podem relaxar com o isolamento social, até agora a única arma disponível conhecida no combate à covid-19. O anúncio do novo medicamento refletiu, positivamente, no mercado da economia global. É certo que a vacina também trará segurança econômica quando pelo menos 65% da população estiver imunizada e o novo coronavírus não encontrar ambiente favorável ao contágio.

Atualmente, existem mais de 100 estudos para encontrar a vacina contra a covid-19. Além da anunciada recentemente, existem outros cinco imunizantes considerados promissores sendo desenvolvidos no mundo. Isso por causa da chance de sucesso clínico e pela possibilidade de serem produzidos em grandes proporções. No Brasil, as pesquisas ainda estão bastante atrasadas em relação a países como Estados Unidos, China e Reino Unido, à frente na corrida em busca da vacina.

Outra questão que preocupa o mundo é a posição do presidente dos EUA, Donald Trump, com relação à quebra da patente quando o medicamento for aprovado. Ele já refutou a proposta da Organização Mundial de Saúde (OMS) no sentido de que a futura vacina contra o novo coronavírus seja declarada “bem público”, não sujeito às regras de propriedade intelectual. Em momento de tamanha gravidade como o que o planeta vem atravessando, não tem cabimento a prevalência de interesses econômicos sobre o bem comum da humanidade. As lideranças mundiais têm a obrigação moral de franquear a vacina contra a covid-19 a todos os seres humanos.

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