Empresas de máscaras e gel antisséptico elevam produção

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Valor Econômico

Jornalista: Alexandre Melo e Beth Koike

27/02/20 - A epidemia do novo coronavírus levou fabricantes brasileiros de máscaras descartáveis e gel antisséptico a aumentar significativamente a produção neste início de ano, antes há uma hora Empresas mesmo do registro do primeiro caso de Covid-19 no país. Agora, com a confirmação de uma pessoa infectada, em São Paulo, as empresas já se preparam para uma demanda mais intensa.


A Companhia Nacional de Álcool (CNA), dona de marcas como Coperalcool e Zulu, está habilitando o segundo turno de trabalho em sua fábrica de Piracicaba (SP). “A confirmação do primeiro caso de coronavírus em São Paulo elevará a demanda do álcool em gel. Ninguém sabe quanto tempo a epidemia vai durar, mas se for dois meses, logo estaremos na estação mais fria. Estamos nos preparando para um horizonte de alta na demanda pelo período de quatro a cinco meses”, afirma Leonardo Ferreira, presidente da CNA.


O executivo diz que recebeu consultas de supermercados e farmácias ontem sobre a possibilidade de aumentar as encomendas. Segundo a Folhapress, drogarias da capital paulista começaram a registrar uma corrida pelo álcool em gel. Em uma farmácia na avenida Liberdade, no centro, os frascos pequenos, de 52 gramas, já estavam esgotados na tarde de ontem. A rede Ultrafarma informou que a procura dobrou nesta semana.


O gel antisséptico representa entre 5% e 10% do faturamento da CNA, mas a previsão é que alcance entre 20% e 25% este ano. A empresa é controlada pelo fundo Alothon Group desde 2015. “Em janeiro, foram produzidas 15 mil caixas. Mas neste mês [a produção] já passa de 25 mil caixas.”

 

Na Remgold Indústria Química, de São Paulo, os funcionários estão trabalhando aos sábados no envasamento do álcool em gel, conta o fundador, Oreste Pagliusi. Em fevereiro, as vendas foram seis vezes maiores que o mesmo período de 2019 e a expectativa é que o produto passe a representar 40% do faturamento em março, ante 8% no início do ano.


Os itens da marca Deltagold são vendidos em redes paulistas como a Boa Supermercados, de Jundiaí, e as perfumarias Sumirê e Soneda. No Rio de Janeiro, estão na Drogaria Pacheco, do Grupo DPSP.


A ProtDesc, fabricante de máscaras descartáveis do interior de São Paulo, dobrou a produção no primeiro bimestre deste ano, para atender principalmente o mercado externo. A empresa abriu um terceiro turno e contratou funcionários para manter a fábrica de Santa Bárbara d’Oeste operando 24 horas, diz Cezar Pedro, coordenador comercial da ProtDesc.


Ele conta que a maioria das máscaras vendidas no Brasil era importada da China. Mas as importações diminuíram com o aumento da demanda na Ásia, onde a epidemia cresce rápido. A oferta do produto no mercado interno também encolheu porque parte da produção brasileira está sendo exportada. O cenário tem provocado alta nos preços. No mês passado, diz o executivo, o valor médio da caixa de 50 unidades no varejo passou de R$ 15 para R$ 30. O álcool em gel também ficou mais caro, dizem os fabricantes.


A produção de máscaras da ProtDesc está comprometida com encomendas para exportação pelos próximos 30 dias. “Muitas tradings fizeram pedidos nas últimas semanas. Fizemos até vendas diretas para a Disney, que destinou as máscaras para parques em Hong Kong e Estados Unidos”, diz Pedro.


A Sky Descartáveis, que fabrica e importa o produto, informou ontem que os fornecedores de máscaras cirúrgicas na China estão sem mercadoria para enviar ao Brasil nos próximos 60 dias. Devido ao aumento na demanda interna, a empresa faz os cálculos para retomar a operação de duas máquinas que estavam paradas, o que ajudaria a dobrar a produção diária para 60 mil unidades.


Representantes do setor de saúde são unânimes em destacar que não há motivo para uma corrida ao varejo, já que o país não vive, hoje, uma epidemia do novo coronavírus.
“O uso de máscaras deve ser feito apenas por pacientes com sintomas e profissionais que estão trabalhando com a doença para evitar a escassez desses itens”, diz Gustavo Campana, diretor médico da Dasa.


Com a confirmação do primeiro caso, os laboratórios esperam um aumento na procura por testes para detecção do novo vírus. “Provavelmente, a demanda vai aumentar daqui para frente”, diz Celso Granato, médico infectologista do Fleury. Até ontem, a procura era pequena tanto em unidades do Fleury, quanto nas do grupo Dasa e do Sabin. As três companhias lançaram testes específicos há cerca de duas semanas. Neste momento, os exames para a detecção da doença só podem ser realizados nos hospitais que trabalham em parceria com os laboratórios.


O Hospital Albert Einstein, onde foi diagnosticado o primeiro caso de Covid-19 no Brasil, alocou 12 leitos com sistemas especiais de isolamento caso seja necessária a internação de pacientes. O empresário identificado com a doença está sendo tratado em casa.

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