Estados montam planos de imunização

O Globo
Jornalistas: Johanns Eller, Raphaela Ramos e Rodrigo de Souza

Em pronunciamento no Palácio do Planalto após uma reunião com governadores na última terça-feira, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou que compete ao governo federal a definição de um plano de imunização e que "não podemos dividir o Brasil". Foi uma indireta para o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que anunciou o início da vacinação em seu estado para 25 de janeiro com o imunizante CoronaVac — ainda não aprovado pela Anvisa.

No meio deste cabo de guerra, cada estado busca uma estratégia no que o goiano Ronaldo Caiado (DEM) batizou de "corrida maluca" pela vacina.

Sudeste
Espírito Santo
O governo capixaba planeja um plano de vacinação para o estado, embora aguarde uma proposta do Ministério da Saúde para uma estratégia de imunização nacional. O governador Renato Casagrande (PSB) adiantou que já está conversando com a Moderna e a Pfizer (cuja vacina está sendo aplicada no Reino Unido).

A Secretaria de Saúde do Espírito Santo informa já ter adquirido insumos suficientes para a aplicação da vacina na população capixaba. Após a reunião de Pazuello com governadores, o secretário estadual de Saúde do ES, Nésio Fernandes, criticou a inércia do governo federal em torno de alternativas já disponíveis, como a CoronaVac, e previu que o plano de vacinação do governo federal deve ficar só para o segundo semestre de 2021.

Minas Gerais
Na reunião de terça-feira com Pazuello, Romeu Zema (Novo) se mostrou alinhado com o governo federal e ressaltou que não há nenhum plano estadual para a imunização da população de Minas Gerais. Segundo a Secretaria de Saúde (SES-MG) do estado, a vacinação contra a Covid-19 acontecerá "em consonância com o Plano Nacional de Imunização (PNI)".

Para Zema, "nenhum município ou estado será prejudicado ou privilegiado em relação à vacinação”. A SES-MG projeta a chegada da vacina pelo governo federal para o período entre janeiro e fevereiro. O governo de Minas reforça ainda que já adquiriu 50 milhões de seringas e 700 refrigeradores para a aplicação da vacina.

Rio de Janeiro
O governador em exercício, Cláudio Castro (PSC), anunciou nesta semana que pretende comprar de 1 a 2 milhões de doses do primeiro laboratório a ter sua vacina aprovada pela Anvisa. Castro disse à revista Época que mantém conversas com diferentes desenvolvedoras. Em outra ocasião, o governador interino assegurou que o plano de imunização do estado está pronto, mas só será divulgado quando houver uma vacina regulamentada.

A Fiocruz, referência nacional em imunização e cuja sede é situada na capital fluminense, abrirá uma nova fábrica de vacinas no estado e ficará responsável pela produção da fórmula da AstraZeneca/Universidade de Oxford, caso regulamentada pela Anvisa. A CoronaVac, no entanto, está na mira de gestores municipais. O prefeito de Niterói, Rodrigo Neves (PDT), negocia com o Butantan. Já o prefeito eleito da capital, Eduardo Paes (DEM), teria tratado de uma eventual parceria com o instituto paulista, segundo o próprio governador de São Paulo, João Doria. Paes, no entanto, negou.

São Paulo
O governo paulista firmou parceria com o laboratório chinês Sinovac Biotech, anunciada em junho, e nacionalizou a aposta na CoronaVac nesta semana, quando o governador João Doria assegurou que qualquer brasileiro em território paulista poderá se imunizar sem comprovante de residência — a previsão é ter 46 milhões de doses.

O Instituto Butantan participou ativamente do desenvolvimento do imunizante junto à Sinovac e ficará responsável pela sua produção no país. Oficialmente, o estado poderá ainda receber, via Plano Nacional de Imunização (PNI), doses de vacinas adquiridas pelo governo federal, mas a CoronaVac terá protagonismo na estratégia paulista.

Sul
Paraná
O estado governado por Ratinho Jr. (PSD) anunciou na última terça-feira que mantém conversas com diferentes laboratórios que desenvolvem vacinas contra a Covid-19, mas que aguarda definição da Anvisa para formalizar acordos. O Paraná, no entanto, já firmou duas parcerias que, até o momento, não tiveram resultados: uma com o Fundo Russo de Investimentos Diretos, que financia as pesquisas da vacina Sputnik V, e outra com a chinesa Sinopharm. Os institutos responsáveis pelos dois imunizantes não apresentaram dados à Anvisa.

Rio Grande do Sul
A principal aposta do governador Eduardo Leite (PSDB) é a vacina CoronaVac, desenvolvida pela Sinovac Biotech em parceria com o Instituto Butantan. O governo gaúcho afirma que está preparando a infraestrutura da rede para o processo da imunização para iniciar a vacinação assim que uma fórmula seja liberada pelas autoridades sanitárias para o uso.

Oficialmente, Leite diz confiar na gestão de Eduardo Pazuello no desenho de um Programa Nacional de Imunização contra a Covid-19, mas abriu um canal de diálogo com o Butantan por conta da politização do tema pelo governo federal.

Santa Catarina
O estado não tem tratativas oficiais com nenhum laboratório e diz aguardar definição oficial do Ministério da Saúde e da Anvisa. Diante da indefinição por parte da gestão de Carlos Moisés (PSL), a Federação Catarinense de Municípios (Fecam), entidade que reúne as prefeituras do estado, discute a compra da CoronaVac diretamente com o governo de São Paulo. Santa Catarina tem registrado recordes de novos casos e mortes por Covid-19 neste mês.

Nordeste
Alagoas
Alagoas não tem plano de vacinação própria contra a Covid-19 e deve seguir o governo federal. O estado, governado por Renan Filho (MDB), também espera que o Ministério da Saúde adquira insumos como agulhas e seringas, conforme informado pela Secretaria de Saúde de Alagoas (Sesau) ao G1. A Sesau também diz que vai acompanhar todos os processos de aquisição e transporte da vacina e projeta o início da imunização em massa para fevereiro.

Bahia
A Bahia esboça um plano próprio de imunização. O governador Rui Costa (PT) anunciou nesta quarta-feira (8) que comprou 19,8 milhões de seringas e agulhas para vacinação contra a Covid-19. Além disso, autorizou a montagem de uma rede de ultrafreezers de -80°C, para que o estado esteja preparado para estocar vacinas. De acordo com a Secretaria estadual de Saúde, o governo baiano realiza negociações com a Pfizer e a Moderna — ambos produzem imunizantes que se valem da tecnologia do RNA mensageiro.

Em setembro, a Bahia firmou com o governo russo uma parceria para a distribuição de 50 milhões de doses da vacina Sputnik V, já aplicada na Rússia, mas o imunizante ainda carece de aprovação na Anvisa. O estado também celebrou uma parceria com a chinesa Sinopharm, que, assim como o da Sputnik V, não avançou. No encontro com Pazuello, Rui Costa e demais governadores cobraram celeridade do Ministério da Saúde para o registro e a aplicação das vacinas disponíveis.

Ceará
O Ceará trabalha num plano próprio de imunização contra a Covid-19 enquanto aguarda maiores definições do Ministério da Saúde sobre o programa de vacinação nacional. O governador do Ceará, Camilo Santana (PT), afirmou nesta terça-feira, após reunião com o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, que está negociando com o governo federal a aquisição da vacina de Oxford, produzida pela AstraZeneca.

O estado tenta também trabalha para obter a vacina chinesa CoronaVac, produzida pelo Instituto Butantan, do governo do estado de São Paulo. A ideia é que a CoronaVac esteja disponível para os cearenses ainda antes de março. Além disso, o estado já esboçou uma estratégia de distribuição em quatro fases, priorizando idosos e trabalhadores da saúde.

Maranhão
O governo do Maranhão anunciou na última terça-feira que está negociando com o governo de São Paulo a aquisição do "máximo possível de doses" da CoronaVac, vacina contra a Covid-19 produzida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, embora o imunizante ainda não tenha autorização da Anvisa.

O governador do estado, Flávio Dino (PCdoB), moveu uma ação no STF na qual solicita que os governos estaduais possam adquirir as vacinas aprovadas em outros países diretamente com os laboratórios internacionais, com recursos da União e sem a necessidade da mediação da Anvisa. "Nós precisamos de uma autorização judicial para levar adiante essas medidas. Caso contrário, poderia ser considerado até contrabando a compra de vacinas sem autorização", disse. O estado também já trabalha na aquisição de insumos e estuda importar outras vacinas aprovadas.

Paraíba
O governador da Paraíba, João Azevêdo (Cidadania), autorizou na última segunda-feira o início de negociações para compra de doses da CoronaVac ao estado de São Paulo. Segundo a Secretaria de Estado da Saúde (SES), ainda não há um plano de vacinação estadual, mas a rede de imunização existente no Ceará será usada no combate à Covid-19. O anúncio foi feito após o governo de São Paulo divulgar que 4 milhões de doses serão vendidas para outras regiões do país.

Ao G1, a SES informou, no entanto, que o projeto para a vacinação nos municípios paraibanos deve acontecer em acordo com as diretrizes do Ministério da Saúde: profissionais de saúde, idosos e pessoas com doenças crônicas serão as primeiras imunizadas.

Pernambuco
O governo de Pernambuco informou na última terça-feira, após reunião no Ministério da Saúde, que seguirá o Plano Nacional de Imunização (PNI) contra a Covid-19. Durante a conferência com Pazuello, o governador do estado, Paulo Câmara (PSB), mencionou a “falta de coordenação nacional do enfrentamento ao coronavírus no início de pandemia” e disse que “isso não pode acontecer de novo com relação às vacinas”.

Piauí
O governador do Piauí, Wellington Dias (PT), defende um plano de imunização nacional coordenado pelo governo federal e diz que nenhum estado deve vacinar a população contra a Covid-19 sem que outras unidades federativas façam o mesmo. Para ele, que também é o presidente do Consórcio Nordeste, o objetivo é "colocar a vida em primeiro lugar", e o plano nacional dependerá da "união de todos".

Apesar disso, o prefeito de Teresina, Firmino Filho (PSDB), está articulando um convênio com o governo de São Paulo e o Instituto Butantan para que a Coronavac seja aplicada na população da capital piauiense assim que for aprovada.

Rio Grande do Norte
O Rio Grande do Norte, governado por Fátima Bezerra (PT), não tem plano de imunização próprio e aguarda uma estratégia de vacinação nacional por parte do governo federal. No entanto, a Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap) informou na última segunda-feira que o governo do estado já trabalha para adquirir insumos e materiais necessários à aplicação da vacina.

Sergipe
Sergipe seguirá o Plano Nacional de Imunização do Ministério da Saúde e já esboça a distribuição da vacina para a população do estado, governado por Belivaldo Chagas (PSD). Em reunião na última segunda-feira, técnicos da Secretaria de Estado da Saúde (SES) traçaram uma estimativa inicial de vacinar mais de 300 mil pessoas. Segundo a SES, a imunização será destinada às populações prioritárias definidas pelo PNI.

Centro-Oeste
Distrito Federal
A Secretaria de Saúde do Distrito Federal planeja seguir o cronograma de vacinação estabelecido pelo governo federal. A pasta informou que entrou em contato com três fabricantes de imunizantes contra a Covid-19 para questionar sobre prazos de entrega, temperatura de armazenamento e termos de compromisso, mas nenhum acordo foi firmado. O Executivo local, comandado por Ibaneis Rocha (MDB), informou que 1 milhão de seringas foram adquiridas e mais unidades estão em processo de compra.

Goiás
O secretário de Saúde do estado, Ismael Alexandrino, disse nesta terça-feira que espera começar a vacinação contra a Covid-19 a partir do final de fevereiro de 2021, por meio do Plano Nacional de Imunização (PNI), e planeja vacinar metade dos goianos até o meio do ano que vem. Ele informou que Goiás já comprou mais de 2 milhões de seringas e agulhas para garantir a aplicação. O governador Ronaldo Caiado (DEM) afirmou que o estado deve precisar inicialmente de pelo menos 1,8 milhão de doses.

Mato Grosso
O governador Mauro Mendes (DEM) afirmou que pretende começar a vacinar a população em fevereiro de 2021, também por meio do Plano Nacional de Imunização (PNI). Segundo o governo, o estado conta com estoque de seringas, agulhas e demais insumos, e está em fase de aquisição de mais equipamentos para atender a demanda da população mato-grossense.

Mato Grosso do Sul
Reinaldo Azambuja (PSDB), governador do estado, afirmou nesta terça-feira que o Mato Grosso do Sul está preparado para adquirir uma vacina contra a Covid-19 e criar seu cronograma próprio caso necessário, mas defende que não seja quebrada a hierarquia do Ministério da Saúde. Ele informou que o estado tem em caixa cerca de R$ 100 milhões que poderão ser utilizados na compra de imunizantes. O governador também contou já estar em contato com alguns laboratórios, mas disse que vai aguardar a aprovação da Anvisa para avaliar a compra das doses.

Norte
Acre
O governador Gladson Cameli (PP) cobrou rapidez no Plano Nacional de Vacinação (PNI) contra a Covid-19 e disse ter planos "B e C" para a compra de uma vacina pelo estado, se for preciso. A Secretaria Estadual de Saúde informou que o Acre já tem 19 câmaras refrigeradas para fazer o armazenamento de uma vacina, e que o número pode ser ampliado se for necessário.

Amapá
Waldez Góes (PDT), governador do Amapá, defendeu que o governo federal compre todas as vacinas disponíveis, desde que aprovadas pelos órgãos reguladores. Ele informou que o Amapá começa a planejar nesta quarta-feira como será a vacinação no estado, para que esteja preparado quando o imunizante chegar.

Amazonas
O governador Wilson Lima (PSC) disse que vai montar um plano de distribuição da vacina contra a Covid-19 no estado, e que vai garantir estrutura para levar o imunizante ao interior. Ele também defendeu que o governo federal deve ter a responsabilidade de fazer a distribuição das doses para todos os estados.

Pará
O governador Helder Barbalho (MDB) havia sinalizado, no início da semana, que poderia comprar doses da CoronaVac, caso o governo federal não informasse uma previsão de calendário vacinal. Mas após reunião com o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, na terça-feira, afirmou que o governo federal vai adquirir qualquer tipo de vacina contra a Covid-19 clinicamente testada, e defendeu que o Ministério da Saúde deve liderar o processo de imunização.

Rondônia
O governo de Rondônia afirmou que seguirá o plano de vacinação contra Covid-19 do governo federal. A diretora da Agência Estadual de Vigilância em Saúde de Rondônia, Flora Gerhartd, garantiu que o estado, administrado por Marcos Rocha (PSL), tem estrutura para acomodar as vacinas, e tem estoques de seringas e agulhas, além das que serão doadas pelo Ministério da Saúde. Já o prefeito da capital Porto Velho, Hildon Chaves (PSDB), anunciou na terça-feira que vai iniciar uma negociação com o Instituto Butantan para comprar até 80 mil doses da vacina CoronaVac.

Roraima
O plano estadual de vacinação está sendo elaborado em consonância com o governo federal. O governador Antonio Denarium (sem partido) solicitou ao Ministério da Saúde 600 mil doses de vacina contra a Covid-19. Segundo o governo, as doses serão suficientes para imunizar toda a população do estado.

Tocantins
O estado governado por Mauro Carlesse (DEM) não tem um plano próprio para iniciar a vacinação contra o novo coronavírus e também vai seguir o cronograma do governo federal. A Secretaria Estadual de Saúde afirmou que Tocantins está preparado para receber, armazenar e distribuir os lotes de vacinas para todas as cidades.

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