Folha de S.Paulo

Jornalista: Cassandra Willyard, do The New York Times

A África do Sul suspendeu no domingo (7) o inicio da vacinação com o imunizante da AstraZeneca devido à preocupação de que o imunizante não seja eficaz contra a variante originada no país

Cientistas do país disseram que a vacina não protegeu voluntários do teste contra as formas leve ou moderada da doença causada pela variante vista pela primeira vez na África do Sul e que é mais contagiosa.

Os pesquisadores disseram que um problema similar ocorreu em pessoas que tinham sido infectadas com versões anteriores do coronavírus: a imunidade adquirida naturalmente não pareceu proteger dos casos leves e moderados quando elas foram reinfectadas pela variante, conhecida como B.1.351.

No entanto, o número de casos avaliados no estudo é pequeno, o que dificulta avaliar quão eficaz é ou não de fato a vacina contra a variante.

E como os voluntários eram relativamente jovens e com baixo risco de ter Covid-19 grave, tornou-se impossível para os cientistas determinarem se a variante interferia na habilidade da vacina de proteger contra a doença grave, hospitalizações e mortes.

Além disso, os dados da nova pesquisa não foram publicados em uma revista científica.

Os pesquisadores, no entanto, disseram que acreditam que a vacina possa proteger contra casos severos baseado nas respostas imunes detectadas em amostras de sangue dos voluntários que receberam o imunizante. Se mais estudos mostrarem que esse é o caso, autoridades de saúde da África do Sul vão considerar retomar o uso da vacina da AstraZeneca.

Ainda assim, a descoberta de que a vacina da AstraZeneca mostrou menor eficácia em prevenir casos leves e moderados da nova variante é mais uma evidência de que a B.1.351 torna as vacinas atuais menos eficazes.

A Pfizer e a Moderna disseram que estudos preliminares indicam que as suas vacinas ainda são protetoras mas menos eficazes contra a variante B.1.35. A Novavax e a Johnson & Johnson também sequenciaram amostras de testes de seus voluntários na África do Sul e ambas reportaram eficácia menor lá do que nos EUA.

Nos testes com a vacina da AstraZeneca na África do Sul, cerca de 2.000 participantes receberam duas doses do imunizante ou injeções com placebo.

Praticamente não houve diferença nos números de pessoas infectadas com a variante nos dois grupos, o que sugere que a vacina pouco fez para proteger contra ela. Dezenove das 748 pessoas no grupo da vacina foram infectadas com a nova variante, contra 20 de 714 do grupo placebo.

Os cientistas também conduziram experimentos em laboratório em amostras de sangue de pessoas que haviam sido vacinadas, e eles viram uma redução significativa nos níveis de anticorpos contra a variante B.1.351 em comparação com outras linhagens.

Pesquisadores da Universidade de Oxford reconheceram no domingo que a vacina oferece "proteção mínima" contra casos leves e moderados envolvendo a variante B.1.351. Eles estão trabalhando para produzir uma nova versão que possa proteger contra as mutações mais perigosas da variante e disseram que esperam que ela esteja pronta até o segundo semestre.

"O estudo confirma que a pandemia de coronavírus vai encontrar formas se continuar a se espalhar em populações vacinadas, como esperando", disse Andrew Pollard, investigador chefe da vacina de Oxford. "Mas as vacinas continuam a aliviar o impacto nos sistemas de saúde ao prevenir os casos severos da doença."

A vacina distribuída pela AstraZeneca e desenvolvida na Universidade de Oxford seria analisada nesta segunda-feira por especialistas da OMS (Organização Mundial da Saúde) devido às dúvidas sobre sua eficácia contra a variante sul-africana e nos maiores de 65 anos.

O ministro francês da Saúde, Olivier Veran, incentivou nesta segunda-feira (8) que as pessoas continuem tomando a vacina da AstraZeneca diante das dúvidas que surgiram sobre sua eficácia contra a variante sul-africana.

"Continuo recomendando a vacina da AstraZeneca, que protege contra 99% dos casos detectados em nosso país", afirmou Veran enquanto recebia uma dose da vacina em um hospital ao sudoeste de Paris.

A França recebeu 270 mil doses da AstraZeneca no sábado (6) e deve receber outras 300 mil nos próximos dias, explicou Veran. Os grupos prioritários serão todos os profissionais da saúde, incluindo os que trabalham de forma independente e realizam visitas a domicílio.

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