EUA investigam origem da Covid

Correio Braziliense
Jornalista: Indefinido


17/04/20 - Insatisfeito com as informações dadas por Pequim sobre o início da pandemia do novo coronavírus, o governo de Donald Trump iniciou uma apuração para identificar sua origem. Washington dá sinais de que não exclui a possibilidade de que o Sars-Cov-2 possa ter vindo de um laboratório na cidade chinesa de Wuhan, onde foram detectados os primeiros casos. “Estamos conduzindo uma investigação exaustiva sobre tudo o que podemos saber sobre como vírus se propagou, contaminou o mundo e causou essa tragédia”, declarou o chefe da diplomacia americana, Mike Pompeo, no canal Fox News.

Durante a entrevista, Pompeo foi perguntado sobre um artigo do Washington Post, segundo o qual a embaixada dos EUA em Pequim alertou o Departamento de Estado, há dois anos, sobre medidas de segurança insuficientes em um laboratório de Wuhan, que estudava o coronavírus nos morcegos. Foi indagado, ainda, sobre informações de que o novo vírus teria saído desse mesmo laboratório, embora fosse um vírus natural e não um patógeno criado pelos chineses.

A “fuga” teria ocorrido devido a protocolos de segurança ruins. O secretário de Estado não negou nenhuma das informações. “O que sabemos é que esse vírus nasceu em Wuhan, China”, disse, acrescentando: “O que sabemos é que o Instituto de virologia de Wuhan está a alguns poucos quilômetros do mercado.”

Horas antes da entrevista de Pompeo, questionado sobre a pandemia, o presidente Donald Trump foi evasivo: “Posso dizer que cada vez mais estamos conhecendo um pouco mais desta história. Vamos ver”. Trump se negou a comentar se abordou o assunto do laboratório com o presidente chinês, Xi Jinping.

Oficialmente, o que se sabe até agora é que o novo coronavírus apareceu no fim do ano passado, em um mercado de Wuhan onde animais exóticos, como morcegos, são vendidos vivos. O vírus, de origem animal, poderia ter mutado e transmitido ao ser humano.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Zhao Lijian, rechaçou a notícia da Fox News. Lijian destacou que a Organização Mundial da Saúde (OMS) confirmou que não há evidências de que o vírus tenha sido produzido em laboratório. “Muitos especialistas médicos conhecidos no mundo também acreditam que a suposta hipótese sobre um vazamento de laboratório não tem base científica”, enfatizou.

Desconfianças

Também ontem, o presidente francês, Emmanuel Macron, se uniu ao coro dos que consideram que haja aspectos desconhecidos na gestão por parte da China da pandemia. “Não tenhamos essa espécie de inocência que consiste em dizer que foi muito mais forte”, afirmou, em alusão à forma como Pequim gerenciou a situação. “Não sabemos e claramente aconteceram coisas que desconhecemos”, insistiu Macron, em entrevista ao jornal britânico Financial Times.

Macron se soma, assim, às exigências de Washington e Londres, que cobram explicações aos chineses sobre a origem e o desenvolvimento da pandemia. “Temos que examinar todos os aspectos e de uma forma equilibrada, mas não há dúvida de que tudo não pode continuar como se não tivesse acontecido nada e teremos que fazer perguntas difíceis sobre o aparecimento do vírus e sobre porque não pôde ser detido antes”, declarou o chanceler britânico, Dominic Raab, após uma reunião do G7, por videoconferência.

Em conversa com Xi Jinping, o presidente russo, Vladimir Putin, considerou as suspeitas em relação à China “contraprodutivas”. Segundo comunicado divulgado pelo Kremlin, Putin elogiou “as ações coerentes e eficazes dos chineses, que estabilizaram a situação epidemiológica no país” e pediu uma cooperação mais estreita entre Moscou e Pequim.

As desconfianças em relação à falta de transparência chinesa levaram Donald Trump, na terça-feira, a congelar a contribuição financeira dos EUA para o funcionamento da OMS, acusando-a de ter se alinhado com Pequim. A iniciativa foi alvo de críticas da comunidade internacional.

"Estamos conduzindo uma investigação exaustiva sobre tudo o que podemos saber sobre como vírus se propagou, contaminou o mundo e causou
essa tragédia", diz Mike Pompeo, secretário americano de Estado

"Não sabemos e claramente aconteceram coisas que desconhecemos", diz Emmanuel Macron, presidente da França

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