Europa entra na terceira quarentena da pandemia

Itália põe um quarto do país em quarentena e ordena fechamento de cinemas, teatros e museus | Coronavírus | G1

O Globo

A medida que os países da União Europeia voltam a registrar novos picos de casos da Covid-19, eles vêm adotando nas últimas duas semanas medidas de isolamento que equivalem, na prática, à terceira quarentena em mais de um ano de pandemia da Covid-19.

Embora em geral menos rígidas do que os primeiros lockdowns, em março do ano passado, as novas restrições, que prorrogam e ampliam as implementadas no auge da segunda onda, no fim de 2020, incluem toques de recolher, proibição de viagens internas e externas e o fechamento ou limitação do funcionamento do comércio não essencial.

Ontem, seguindo o exemplo da Itália, no dia 12 de março, e da França, no dia 18, Alemanha e Holanda anunciaram novas medidas. O governo holandês estendeu o toque de recolher para todo o país e antecipou-o em uma hora, de 23h para 22h, devido ao aumento das infecções e internações hospitalares.

O primeiro-ministro Mark Rutte disse que não é viável flexibilizaras restrições em curto prazo, como se imaginava antes. O toque de recolher vai vigorar por pelo menos mais três semanas, até meados de abril.

—O surgimento da terceira onda na Holanda se assemelha ao que também vemos nos países vizinhos. Estamos nisso juntos —disse Rutte.

ALEMANHA FECHA NA PÁSCOA

Antes, na madrugada de ontem, após uma tensa reunião de mais de 11 horas com os governadores dos 16 estados da Alemanha, a chanceler Angela Merkel anunciou um confinamento rígido de cinco dias durante a Semana Santa, no qual a maioria do comércio ficará fechada e os serviços religiosos serão suspensos.

Além disso, as medidas de restrição adotadas no fim de 2020 foram prorrogadas até 18 de abril, suspendendo o relaxamento iniciado em fevereiro, que fez com que o número de casos diários passasse de 100 por 100 mil habitantes —número que aciona o chamado “freio de emergência” — em 10 dos 16 estados alemães. Em consequência, hotéis, restaurantes e academias, bem como espaços culturais, continuarão fechados.

Na França, que estuda medidas ainda mais duras, um toque de recolher das 18h às 6h está em vigor nas regiões metropolitanas, incluindo em Paris, e 16 dos 96 departamentos estão em lockdown, com o fechamento parcial de escolas e total do comércio não essencial . Na Itália, a quarentena atinge 10 das 20 regiões e mais da metade da população, incluindo Milão e Roma.

A Áustria, que pretendia retomar gradualmente suas atividades econômicas antes da Semana Santa, decidiu prolongar as restrições em vigor e deve anunciar nos próximos dias novas medidas regionais, incluindo para a capital, para conter o aumento de casos. A Polônia é outro país que se prepara para impor novas restrições amanhã, com duração de duas semanas.

As novas medidas são uma resposta ao aumento no número de infecções que acontece desde meados de fevereiro nos 27 países da UE—a média móvel chegou a 137 mil casos diários em todo o bloco, de acordo com o dado mais recente do Our World in Data, da Universidade de Oxford. Já a média de mortes se mantém numa estabilidade alta, de cerca de 2 mil por dia.

Apesar de longe do patamar registrado no pior momento da pandemia na região, em novembro, o cenário coincide com o atraso na vacinação contra a Covid-19 e a disseminação de variantes mais contagiosas do vírus pelo continente, especialmente a britânica, detectada no fim de 2020. Se o avanço da pandemia continuar, a expectativa é que restrições maiores sejam adotadas.

Amanhã, líderes do bloco vão se reunir para a discutir a pandemia, e a orientação geral deverá ser a não suspensão do isolamento social, apesar do impacto econômico e do cansaço da população. A gravidade da situação será enfatizada em uma declaração conjunta, de acordo com a agência Bloomberg, que teve acesso ao esboço do comunicado. O próprio encontro foi afetado pelo aumento das infecções: originalmente seria presencial, em Bruxelas, mas agora terá que ser feito virtualmente.

“A situação epidemiológica continua grave, também à luz dos desafios colocados pelas variantes”, diz o texto. “Restrições, incluindo no que diz respeito a viagens não essenciais, devem, portanto, ser mantidas por enquanto.” Ao todo, desde o início da pandemia, os países da UE já registraram mais de 24 milhões de casos e 577 mil mortes pela Covid-19, segundo o balanço do Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças —as taxas representam, respectivamente, 20% e 21% dos números globais.

Além do isolamento, a única maneira de frear a pandemia é a vacinação maciça. No entanto, a imunização na região segue a passos lentos devido à demora na entrega das vacinas encomendadas, e está longe dos 70% da população inoculados, taxa em que se considera que a imunidade coletiva pode ser atingida no caso da Covid-19. Até o momento, 4,5% da população da UE receberam as duas doses da vacina. O percentual daqueles que tomaram ao menos uma dose é de 10,4%.

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