Funcionários de Unidades Básicas de Saúde (UBSs) da capital paulista relataram nesta quinta-feira (11) que vacinas contra a Covid-19 estão sobrando nos postos e, com isso, se organizam em grupos de WhatsApp para tentar redistribuir as doses da CoronaVac para idosos da faixa etária autorizada ou profissionais de saúde.
Quando não conseguem encontrar ninguém apto a tomar a vacina, há descarte da dose. Esse caso foi relatado por uma funcionária de uma UBS no extremo da Zona Sul da cidade.

“O pessoal estava desesperado no grupo [whatsapp], atrás de 3 idosos para vacinar, se não ia perder essa vacina. Mas não acharam. Então, sim. Teve desperdício, sim”, contou a funcionária que pediu para não ser identificada.

“Não é por culpa do funcionário, mas porque tem a norma para vacinar nesse período. Não pode vacinar uma pessoa aleatória”, completou.
Resumo

Funcionários relatam que sobram doses da CoronaVac nas UBSs; isso ocorre no caso dos frascos com mais de dez doses e que precisam ser aplicados em até 8 horas depois de abertos
Funcionários dizem que, em caso de sobra, foram orientados a procurar idosos na faixa etária que está sendo vacinada (a partir dos 90 anos) ou profissionais de saúde
Prefeitura diz que não tem registro de sobra, mas que caso isso ocorra, idosos com mais de 60 anos que morem na região da UBS podem ser vacinados; funcionários disseram que não foram informados sobre essa orientação

Segundo os funcionários, as doses que sobram são provenientes dos frascos com dez doses da CoronaVac, chamadas de ampolas multidoses. Depois de abertas, segundo a Anvisa, elas têm validade de oito horas.
“Todas as doses devem ser utilizadas num prazo de até oito horas após a abertura do frasco multidose, desde que ele seja mantido em condições assépticas e sob temperatura entre +2°C e +8°C. Essa medida visa garantir as propriedades do imunizante, uma vez que a vacina não contém conservantes”, diz a Agência.
Até esta quinta-feira, apenas idosos com mais de 90 anos podiam ser vacinados em UBSs da cidade de São Paulo e com mais de 85 apenas em drive-thru, onde foram registradas filas. A partir desta sexta (12), a faixa etária de 85 a 89 anos poderá ser vacinada nos postos. A cidade de São Paulo tem cerca de 32 mil idosos com mais de 90 anos.

Ao G1, a Secretaria da Saúde informou que não registrou relato de sobra ou desperdício, mas que caso restem vacinas, profissionais da saúde que não foram vacinados ou idosos com mais de 60 anos que morem na região da UBS podem ser vacinados. Os funcionários das UBSs ouvidos pelo G1 não sabiam que havia essa orientação de vacinar idosos em qualquer faixa etária.

“Caso não exista essa possibilidade, a unidade pode vacinar qualquer idoso que faça parte da faixa etária, seguindo os critérios nesta fase da Campanha [85 anos a partir desta sexta em postos], ou residente em seu território de abrangência. Inclusive, duas vezes ao dia é realizado o controle das doses aplicadas, assim como, do estoque”, diz o texto (leia nota completa abaixo).
Antes dos idosos, mais da metade das cidades da Grande SP vacinam biólogos, terapeutas, entre outros profissionais de saúde

Poucos idosos

O G1 foi a três UBSs da Zona Leste e a duas na Zona Sul da cidade nesta quinta. Em todas elas encontrou a mesma situação: poucos idosos ou ninguém se vacinando. Único movimento nos postos era de pessoas para tratar outras doenças. Com falta de público na faixa etária em vigor, funcionários correm atrás de pessoas para serem vacinadas.
“Corremos contra o tempo para evitar [o desperdício]. Então, se a gente abre a vacina multidose de manhã, no início da tarde ela já está próxima ao vencimento, então nós procuramos um profissional da saúde que não tenha sido vacinado para fazer a redistribuição”, disse uma funcionária da UBS de Itaquera.
Quando as doses sobram, as enfermeiras da UBS Nossa Senhora do Carmo disseram ao G1 que usam os grupos de WhatsApp para encontrar outra pessoa da faixa etária autorizada em outra unidade, por exemplo, mas quando não encontram, buscam um paciente acamado que esteja na próxima faixa etária de vacinação, no caso de 85 a 89 anos.
“Se está próximo do vencimento da vacina, começamos a nos mexer para procurar uma pessoa para ser vacinada. Não é qualquer pessoa que recebe a dose, ou é um profissional da saúde que não foi vacinado, ou um idoso próximo da faixa etária de vacinação ou um idoso acamado”, disse uma enfermeira ao G1.

Na mesma UBS, o G1 presenciou uma idosa de 87 anos chegando ao posto, mas que não conseguiu se vacinar. Mesmo com doses de sobra na unidade, as funcionárias não tinham a informação repassada pela Prefeitura ao G1 que permite, nesses casos, que qualquer idoso com mais de 60 anos possa ser vacinado.
Na UBS Santa Cruz, as enfermeiras relataram que tentaram redistribuir as doses para profissionais de saúde que não foram vacinados.


O que diz a Prefeitura

“A Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), informa que todas as Unidades da capital seguem rigorosamente o documento técnico e o instrutivo enviado pelo Programa Municipal de Imunização (PMI) da Coordenadoria de Vigilância em Saúde. Não há relato de sobra ou desperdício.
Assim, as doses que restam de vacinas devem ser otimizadas e utilizadas para vacinar funcionários que ainda não receberam a imunização ou de outros equipamentos que foram introduzidos no instrutivo.
Caso não exista essa possibilidade, a unidade pode vacinar qualquer idoso que faça parte da faixa etária, seguindo os critérios nesta fase da Campanha, ou residente em seu território de abrangência. Inclusive, duas vezes ao dia é realizado o controle das doses aplicadas, assim como, do estoque.”

Fonte: G1

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