Valor Econômico
Jornalista: Alexandre Melo
20/05/20 - A pandemia levou a rede de medicina diagnóstica Hermes Pardini a revisar o plano de investimentos para 2020. A previsão era de R$ 95,2 milhões, mesmo patamar do ano passado, mas deve ser realizado entre 40% e 50% do planejado. São prioridades as compras de equipamentos para exames de covid-19, serviços digitais e logística.
“Os investimentos estão voltados às novas fontes de receita como a realização dos exames RT-PCR para diagnóstico do novo coronavírus em larga escala”, disse Roberto Santoro, presidente-executivo do Hermes Pardini. Atualmente, são 3 mil por dia, mas em três meses aumentará para 5 mil, podendo alcançar 9 mil, conforme a demanda.
A RT-PCR, sigla em inglês para transcrição reversa seguida de reação em cadeia da polimerase, permite a detecção do vírus um ou dois dias após o paciente ser contaminado. Além disso, faz testes rápidos e sorológicos. Até 3 de maio, a rede foi responsável por 20% dos diagnósticos da doença no Brasil, sendo que em Minas Gerais e Goiás, chegou a 40% dos casos positivos.
No primeiro trimestre de 2020, a receita caiu 8,1%, para R$ 308,3 milhões, em base anual, enquanto o volume de exames foi 9,4% menor, mas houve avanço de 1% no tíquete médio. A receita bruta por unidade recuou 11,5%. Fatores como as chuvas em Belo Horizonte, o carnaval e o isolamento social desde março afetaram os números.
De acordo com Santoro, as expectativas para este trimestre são positivas: “Temos uma boa recuperação. Na segunda semana de maio, registrávamos de 75% a 80% da receita média histórica.” Fernando Ramos, diretor de negócios Lab-To-Lab, que atende a 6 mil laboratórios em 2 mil cidades, acrescentou que a recuperação nesta divisão é mais rápida.
“Fatia de 75% da receita [da unidade que atende o corporativo] está fora das capitais, onde não foram adotadas medidas de ‘lockdown’. Existe uma correlação entre a mobilidade das pessoas e o número de exames feitos [nos laboratórios]”, afirmou Ramos. A unidade Lab-To-Lab representou 55% da receita bruta do Hermes Pardini durante o primeiro trimestre de 2020.
O lucro líquido da empresa mineira foi de R$ R$ 15,7 milhões entre janeiro e março deste ano, queda de 46% na comparação com igual período de 2019. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) foi 34% menor, para R$ 50,5 milhões.
Para enfrentar o estresse da pandemia, a rede criou um plano de ação para manter sua liquidez, ter novas fontes de receita e reduzir despesas. A primeira medida foi reforçar o capital de giro com uma captação de R$ 200 milhões, além de prorrogar o pagamento de juros sobre o capital próprio (JCP), dividendos e reduzir os investimento do ano.
“Esta captação feita em abril nos ajudará a ter um colchão de liquidez”, disse o presidente. No fim de março, a dívida líquida da rede de laboratórios era de R$ 249,5 milhões e a disponibilidade de caixa somava R$ 118,7 milhões. A alavancagem, medida pela relação entre a dívida líquida e o Ebitda, ficou em 0,8 vez.
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