Hospitais lotados obrigam Macron a decretar 3º lockdown

O Estado de S.Paulo, notícia também publicada em O Globo

A França anunciou ontem seu terceiro lockdown em um ano em razão do aumento das infecções e da superlotação dos hospitais. Segundo o presidente, Emmanuel Macron, o governo estenderá a partir de sábado as medidas contra a covid – já vigentes em 19 regiões da França – por quatro semanas.

Entre estas medidas está o fechamento de comércios não essenciais – apesar de a lista de setores abertos ser mais ampla do que nas outras ocasiões e incluir livrarias e floriculturas – e a proibição de deslocamento por mais de 10 km, exceto para trabalhar ou casos de emergência. Escolas até o ensino médio fecharão na segunda-feira por três semanas, disse Macron em discurso na TV. O toque de recolher se mantém das 19 horas às 6 horas, período fixado duas semanas atrás. “A situação é mais perigosa do que no outono, pois o vírus é mais contagioso e mais letal em razão da variante britânica”, afirmou o presidente.

A França luta para conter a terceira onda da pandemia, que colocou os serviços de saúde, principalmente os de emergência, no limite da sua capacidade. Para isso, o governo aumentará o número de leitos de UTI para 10 mil unidades, afirmou Macron. Atualmente há 7.655 leitos.

Ao mesmo tempo, o governo quer começar a vacinar as pessoas com mais de 60 anos a partir de 16 de abril e as com mais de 50 anos a partir de 15 de maio. As autoridades de saúde disseram que 8,3 milhões de pessoas receberam pelo menos a primeira dose da vacina contra o coronavírus, ou cerca de 12% da população total.

O governo planeja vacinar 10 milhões de pessoas até meados de abril e 30 milhões até o verão. A França, porém, ainda está atrás de outros países ocidentais em sua campanha de vacinação. O Reino Unido vacinou 46% da população e os EUA, 29%, segundo dados da Universidade de Oxford.

Macron anunciou ainda a reabertura, em meados de maio, de alguns espaços culturais e áreas externas de bares e restaurantes, assim que o país tiver superado “o esforço de abril” contra a covid. Reforçando que o mês “será decisivo”, o presidente disse que, se a este esforço se unir a aceleração da campanha de vacinação, “a partir de meados de maio voltaremos a reabrir com regras estritas alguns espaços culturais”.

“Autorizaremos com condições a abertura de terraços e vamos elaborar, entre meados de maio e o começo do verão (a partir de 21 de junho), um calendário de reabertura para a cultura, o esporte, o lazer, os eventos, cafés e restaurantes de forma plena”, assegurou.
O presidente francês, que está em baixa nas pesquisas e enfrenta eleições presidenciais em 2022, admitiu ter “cometidos erros” na gestão da crise.

Muitos médicos e epidemiologistas têm pedido um bloqueio comparável ao do início de 2020, quando as autoridades aplicaram algumas das restrições mais rígidas da pandemia de covid na Europa, ordenando que as pessoas permanecessem dentro de casa, exceto para necessidades essenciais.

Em artigo no Journal du Dimanche, 41 médicos da região de Paris alertaram que os hospitais podem ficar tão sobrecarregados em breve que terão de escolher quais pacientes tentarão salvar. “Todos os indicadores mostram que as medidas atuais são e serão insuficientes para reverter rapidamente a alarmante curva de contaminações”, escreveram.

A França relatou, na terça-feira, mais de 5 mil pessoas em UTIs pela primeira vez desde abril do ano passado, com a falta de leitos em hospitais nas áreas mais afetadas se agravando. “As perspectivas são piores do que assustadoras”, disse Jean-Michel Constantin, chefe da UTI do hospital Pitié-Salpêtrière, em Paris, à rádio RMC.

“Já estamos no nível da segunda onda e rapidamente chegando perto do limiar da primeira onda. Abril será terrível”, afirmou./ NYT, AFP e EFE

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