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Valor Econômico
Jornalista: Gleise de Castro


31/07/20 - A urgência imposta pela pandemia levou a indústria farmacêutica a acelerar o cronograma de desenvolvimento de potenciais vacinas contra a covid-19, encurtando o prazo tradicional de 10 a 15 anos para 12 a 18 meses. Perto de duas centenas de estudos estão em andamento em diversos países, 17 dos quais já em fase adiantada, de pesquisa clínica. Etapas são desenvolvidas simultaneamente e milhões de doses estão previstas para começarem a ser produzidas até o fim do ano, antes mesmo da conclusão dos ensaios clínicos que vão comprovar, ou não, a eficácia e segurança de cada vacina.

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Três dos projetos mais avançados estão sendo testados com voluntários brasileiros - da Universidade de Oxford em parceria com a AstraZeneca, da chinesa Sinovac Biotech e da americana Pfizer em conjunto com a alemã BioNTech.

As duas primeiras, caso se comprovem eficazes, estão previstas para ser produzidas e distribuídas no país até o início de 2021, conforme acordos assinados com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz - projeto Oxford-AstraZeneca) e Instituto Butantan (Sinovac). Pesquisadores da Fiocruz também trabalham em projetos próprios de potenciais vacinas contra o Sars-Cov-2, ainda em fase inicial.

O acordo entre o Butantan e a Sinovac prevê a realização de testes clínicos e colaboração para licenciamento de tecnologia, autorização de mercado e comercialização. O projeto usa uma versão inativada do vírus Sars-Cov-2 para gerar resposta imune, mesmo princípio das vacinas contra influenza e hepatite. A previsão é de que, se comprovado eficaz, o produto esteja disponível no início de 2021. O Butantan está adaptando uma fábrica, com capacidade para produzir 100 milhões de doses.

Utilizando a técnica de vírus não replicante (que não pode se replicar dentro das células), a partir do adenovírus de chimpanzé, o projeto Oxford-AstraZeneca visa obter um adenovírus geneticamente modificado, com a inserção do gene que codifica a proteína S do vírus Sars-Cov-2, induzindo o organismo a produzir resposta imune. A tecnologia já foi testada nos surtos de ebola e MERS (síndrome respiratória do Oriente Médio, causada por outro tipo de coronavírus) e é semelhante a outras plataformas do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos da Fiocruz (Bio-Manguinhos/Fiocruz).

O acordo entre o governo brasileiro e a AstraZeneca prevê a compra de lotes da vacina e transferência de tecnologia para a Fiocruz. Em uma primeira etapa, a Fiocruz vai adquirir 30,4 milhões de doses, na forma do ingrediente farmacêutico ativo (Ifa), antes do término dos ensaios clínicos, ao custo de US$ 127 milhões, divididos em dois lotes, previstos para dezembro de 2020 e janeiro de 2021.

A Fiocruz se encarregará da parte final de produção, que engloba formulação, envase, rotulagem, embalagem e controle de qualidade. Se a vacina for aprovada, o acordo prevê uma segunda etapa, com a aquisição de mais 70 milhões de doses de Ifa, para processamento em Bio-Manguinhos, ao preço de custo de US$ 2,30 por dose. Paralelamente, a fundação irá adequar suas instalações para produzir o próprio princípio ativo, fase prevista para o primeiro semestre de 2021. “Com isso, vamos conseguir a autossuficiência, produzindo tudo aqui”, diz Mauricio Zuma, diretor de Bio-Manguinhos.

A Fiocruz desenvolve também três projetos próprios de vacina contra a covid-19. Para Sotiris Missailidis, vice-diretor de desenvolvimento tecnológico de Bio-Manguinhos, a criação de uma vacina nacional não só garante o volume necessário à imunização da população como permite desenvolver uma tecnologia capaz de uma resposta vacinal rápida, no caso de novas epidemias.

Um dos projetos é uma vacina sintética, baseada em peptídeos antigênicos de células B e T, pequenas partes de proteínas do vírus capazes de induzir a produção de anticorpos específicos contra o Sars-CoV-2. Outro projeto utiliza fragmentos de antígenos capazes de estimular resposta imune, ao testar diferentes formatos da proteína S, responsável pela ligação do Sars-CoV-2 às células.

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