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Valor Econômico
Jornalista: Rosangela Capozoli

31/07/20 - Um medicamento capaz de alterar “significantemente o curso natural da doença de Alzheimer” pode ser anunciado nas próximas semanas pelo FDA, órgão responsável pelo controle de drogas e alimentos nos EUA. Trata-se do anticorpo monoclonal aducanumabe, desenvolvido pelo laboratório americano Biogen em parceria com o japonês Eisai. O pedido de licença foi submetido em 8 de julho e a decisão pode levar 60 dias.

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“Baseado nos estudos, que ainda continuam, o aducanumabe tem potencial para desacelerar o declínio cognitivo e funcional e ajudar os pacientes a realizarem atividades diárias”, diz Christiano Silva, gerente geral da Biogen Brasil. Se aprovado, diz ele, o aducanumabe seria o primeiro tratamento a alterar significativamente o curso natural da doença.

Segundo a Biogen, a empresa já está construindo uma fábrica com “instalações de última geração” em Solothurn, na Suíça. O Alzheimer é uma doença progressiva, ainda sem cura, que se caracteriza pela perda de neurônios em áreas cerebrais responsáveis pela memória e o aprendizado. A droga da Biogen se sustenta na “terapia antiamilóide”, umas das linhas de pesquisa mais promissoras e que vem sendo perseguida por centros de estudo no mundo todo. Nas pesquisas, a droga tem se mostrado capaz de bloquear a proteína beta-amilóide, que causa placas cerebrais tóxicas características da doença mental progressiva.

A aprovação do último medicamento contra a doença ocorreu há 17 anos. O Alzheimer representa cerca de 70% de todas as demências e afeta em torno de 35 milhões de pessoas no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde. No Brasil, são 1,4 milhão de pacientes. Por ser uma doença neurodegenerativa crônica, a prevalência aumenta exponencialmente com a idade, passando de 3% aos 70 anos para 50% entre os mais de 85 anos.

Conhecida desde o início do século passado, é uma das doenças que mais tem frustrado os cientistas, ao mesmo tempo em que está entre as mais pesquisadas e com maior volume de investimentos. Só o governo americano reservou neste ano mais de US$ 2,8 bilhões para pesquisa do Alzheimer apenas nos Institutos Nacionais de Saúde (NIH). Cientistas e o Conselho Federal de Alzheimer consideram essa cifra insuficiente para cumprir o Plano Nacional de Alzheimer cuja meta é descobrir uma droga de prevenção e tratamento para a doença até 2025.

A cura do Alzheimer deve trazer enorme alívio para pacientes grande economia nos gastos públicos. Só neste ano, os EUA devem consumir US$ 305 bilhões no cuidado e tratamento desses pacientes, segundo dados da Associação Alzheimer. Até 2050, serão US$ 20 trilhões.

“A doença de Alzheimer hoje é a maior preocupação para as pessoas idosas e um dos principais focos de pesquisa para a indústria”, afirma Nelson Mussolini, presidente executivo do Sindusfarma, entidade que representa mais de 95% das farmacêuticas no país.

Centros de estudos do mundo todo estão atrás dessa descoberta. O laboratório Eli Lilly, por exemplo, tem sete terapias e métodos diagnósticos para neurodegeneração em vários estágios de desenvolvimento clínico no seu pipeline. A empresa pesquisa a doença há mais de 30 anos. Segundo a Lilly no Brasil, “as pesquisas incluem a identificação de biomarcadores para apoiar a detecção precoce e precisa da doença. Durante a Conferência Internacional da Associação de Alzheimer, que se realizou on-line no final de julho, a Lilly apresentou resultados de 17 estudos diferentes nesta área terapêutica”.

O laboratório observa que, “embora não haja cura para a doença, a obtenção de um diagnóstico preciso pode proporcionar aos pacientes uma chance melhor de se beneficiar dos tratamentos atualmente disponíveis e futuros”.

No Brasil, vários centros de pesquisas de universidades e indústrias buscam a cura. Parceria entre a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e o Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (Idor) resultou em descobertas importantes. “Demonstramos pela primeira vez que as dificuldades de linguagem podem anteceder as dificuldades de memória com o processo de envelhecimento”, diz Paulo Mattos, psiquiatra e pesquisador da UFRJ e do Instituto D’Or.

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