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Valor Econômico
Jornalista: Carmen Nery


31/07/20 - Os tratamentos oncológicos vêm evoluindo nos últimos anos por meio de três novos métodos: imunoterapia, terapia-alvo e terapia genética. Enquanto a terapia genética, por seu custo elevado, ainda é inviável para a maioria dos pacientes, a injeção de anticorpos tem se desenvolvido rapidamente. Já a terapia-alvo age por meio de medicamentos direcionados às moléculas específicas das células tumorais.

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Maria Del Pilar Estevez Diz, diretora de corpo clínico do Instituto do Câncer de São Paulo (Icesp), diz que a busca por um tratamento mais localizado visa aumentar a eficiência e reduzir efeitos colaterais. O tratamento com imunoterapia trouxe respostas para cânceres para os quais havia pouca alternativa - melanoma, pulmão, renal -, mas não é indicado para todos os tipos de câncer. “Por isso, ainda precisamos definir os bio marcadores preditivos de resposta, que vão identificar quem pode ser beneficiado”, diz.

Rodrigo Munhoz, vice-presidente para ensino da oncologia da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), explica que o grande salto na imunoterapia moderna veio graças ao conhecimento de proteínas do tumor que agem como freio do sistema imunológico. A descoberta deu aos imunologistas James Allison, dos EUA, e Tasuku Honjo, do Japão, o Prêmio Nobel de Medicina em 2018. “A primeira droga com esse conceito foi aprovada em 2011, para tratamento de melanoma (câncer de pele)”, conta Munhoz.

Gustavo Mendes Lima Santos, gerente-geral de medicamentos e produtos biológicos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), informa que o primeiro imunoterápico aprovado no Brasil foi o Yervoy (ipilimumabe), da Bristol-Myers Squibb, em 2012. A Anvisa vem reduzindo o tempo de aprovação, especialmente a partir de 2017; e hoje há dez imunoterápicos aprovados para o tratamento de melanoma, câncer de pulmão, bexiga, rins, cabeça e pescoço; além de linfomas de Hodgkin.

“Mas, para o SUS pagar, o medicamento precisa ser incorporado pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec)”, observa Santos.

Como os imunoterápicos são injetáveis, estão obrigatoriamente cobertos pelos planos de saúde, segundo determina a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Para a saúde pública, a boa nova é o parecer favorável da Conitec, em julho, para que dois imunoterápicos sejam incorporados ao SUS: o nivolumabe e o pembrolizumabe, indicados para tratamento do melanoma metastático e produzidos pela Bristol-Myers e pela MSD, respectivamente.

Segundo Márcia Abadi, diretora médica executiva da MSD no Brasil, além do câncer de pele o Keytruda (pembrolizumabe), também é indicado para o tratamento de câncer de pulmão de células não pequenas; urotelial; gástrico; esofágico; renal; linfoma de Hodgkin clássico; e de cabeça e pescoço.

A Sanofi Genzyme desenvolve tratamentos oncológicos em quatro áreas: cânceres de pele, de mama e de pulmão e onco-hematologia. Dos 87 projetos de P&D em andamento globalmente pela empresa, 31 são focados em oncologia. “Lançamos o Libtayo (cemiplimabe), em 2019, inovador por ser a primeira imunoterapia aprovada para pacientes com câncer de pele não melanoma - o carcinoma espinocelular de pele avançado ou metastático -, que não são candidatos a cirurgia ou radioterapia curativas”, informa Suely Goldflus, diretora médica de oncologia e imunologia da empresa. A Sanofi desenvolveu o medicamento com a Regeneron, em um acordo global de colaboração.

A Merck e a Pfizer também se uniram na produção de imunoterápicos e anunciam a aprovação no Brasil da combinação dos medicamentos Bavencio (avelumabe) e Inlyta (axitinibe) para o tratamento de pacientes adultos com carcinoma de células renais avançado. O remédio é aprovado também para tratar câncer de pele e de bexiga.

“A primeira aprovação para o avelumabe foi em 2018, para um tipo raro de câncer de pele de células de Merkel, um tumor aparentemente inocente, mas de alta mortalidade. Caso os portadores tivessem metástase, 100% morriam um ano depois. Dentre os que fizeram uso do Avelumabe, 33% estavam vivos dois anos depois”, observa Luiz Magno, diretor médico da Merck Brasil.

A terapia-alvo é outra vertente de inovação. Em dezembro, a Takeda obteve a aprovação do Evobrig (brigatinibe), terapia oral desenvolvida para atingir e inibir uma mutação genética (ALK) no câncer metastático de pulmão. Com o medicamento, há um aumento de sobrevida livre de progressão de 16 meses.

“É um medicamento oral; e o Projeto de Lei 6.330/2019, aprovado no Senado, prevê que, após o registro na Anvisa, medicamentos orais sejam automaticamente oferecidos pelos planos de saúde”, diz Abner Lobão, diretor-executivo de medical affairs da Takeda no Brasil.

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