Inovação: Covid-19 impulsiona área de pesquisa

9849658289?profile=original

Valor Econômico 
Jornalista: Jacilio Saraiva


Apesar da suspensão das aulas por conta da pandemia do novo coronavírus, as universidades não ficaram de braços cruzados no último trimestre. De acordo com a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), há 1.265 pesquisas em andamento relacionadas à covid-19.

Siga o DikaJob: 

Youtube - Instagram - LinkedIn - Telegram - FaceBook

Os estudos incluem inovações como pranchas de comunicação para pacientes que usam respiradores e não podem falar, robôs de entrega de remédios em enfermarias, terapias com células-tronco e um detector de carga viral em ambientes.

Um dos projetos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) já está rodando em 15 hospitais de Porto Alegre (RS). Tabelas com desenhos permitem que doentes impedidos de falar se comuniquem com a equipe médica. “Apontando para símbolos ou letras nos cartões, o paciente no ventilador mecânico pode indicar suas necessidades”, explica Eduardo Cardoso, professor do Departamento de Design e Expressão Gráfica da Faculdade de Arquitetura da UFRGS.

Além de Cardoso, a equipe do projeto inclui uma aluna da pós-graduação em design e profissionais voluntários, como uma fonoaudióloga e uma enfermeira. Já foram entregues mais de 400 kits na capital gaúcha e região metropolitana. A impressão do material foi feita na gráfica da universidade e a distribuição conta com o apoio da Secretaria de Desenvolvimento Social e Esporte do município.

De acordo com o professor, foram investidos R$ 2,5 mil no projeto, pagos pela universidade. Uma nova fase de financiamento deve ser encampada com o Ministério da Educação (MEC), a partir de linha especial criada para ações de combate à pandemia. O plano é distribuir mais três mil kits no Rio Grande do Sul. A solução da instituição gaúcha já chegou em Minas Gerais e deve ser entregue no Espírito Santo. Também está disponível para download gratuito no site www.ufrgs.br/comacesso. Há versões em seis idiomas.

No Laboratório de Robótica Móvel do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da Universidade de São Paulo (USP), em São Carlos (SP), um dos projetos é um robô autônomo de auxílio à medicação, alimentação de pacientes e desinfecção hospitalar, no formato de um carrinho. “Em janeiro, começamos a construir um robô para o transporte de produtos e, quando a pandemia chegou, mudamos o foco para esse protótipo, apresentado no final de março”, explica o doutorando Tiago César dos Santos. A ideia é diminuir o risco de contaminação em ambientes hospitalares, com o equipamento fazendo o papel de entregador em UTIs e enfermarias.

A equipe que concebeu o projeto tem seis alunos da pós-graduação em ciência da computação e parte dela atua na 3DSoft, sediada em São Carlos. A startup bancou o projeto, hoje em fase de protótipo, com investimentos de R$ 17 mil. Santos estima que, para a invenção ganhar escala, seria necessário um aporte de R$ 630 mil.

Para acelerar o financiamento de mais pesquisas sobre a covid-19, a USP lançou em abril um programa de doações. Até o início de julho, o USP Vida já recebeu 2,5 mil contribuições que somam R$ 3,2 milhões. A meta é alcançar R$ 5 milhões.

No capital fluminense, pesquisadores do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho (IBCCF), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), estão estudando terapias com células-tronco para pacientes com covid-19. A injeção de células pode diminuir o quadro inflamatório provocado pela infecção. Em casos graves, os pulmões dos doentes ficam inflamados e aceleram o avanço da doença.

A professora Patrícia Rieken Macêdo Rocco, chefe do Laboratório de Investigação Pulmonar do IBCCF e coordenadora do estudo, afirma que, ao contrário de anti-inflamatórios como os corticosteróides, os efeitos colaterais da terapia com células-tronco são menores.

No Brasil, pelo menos três grupos de cientistas analisam os efeitos da descoberta em pacientes com falência respiratória aguda. No mundo, mais de 50 estudos clínicos estão em andamento, em países como China e França, afirma a médica, que mantém parceria com o Hospital São Rafael, na Bahia.

No Departamento de Biofísica e Biometria da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), o destaque é o Coronatrack, um dispositivo portátil que pode detectar o coronavírus em ambientes. A proposta é que o aparelho, que usa uma mini-bomba para capturar o ar, monitore a carga viral em locais onde o usuário costuma circular. “Uma unidade importada é vendida por cerca de R$ 4 mil. O projeto pretende viabilizar esse custo para R$ 300”, explica o professor Heitor Evangelista. “Estamos entrando com o processo de patente.”

Enviar-me um e-mail quando as pessoas deixarem os seus comentários –

DikaJob de

Para adicionar comentários, você deve ser membro de DikaJob.

Join DikaJob

Faça seu post no DikaJob