Fachada do Instituto Butantan na Zona Oeste de SP — Foto: Suamy Beydoun/Estadão Conteúdo

Fachada do Instituto Butantan na Zona Oeste de SP — Foto: Suamy Beydoun/Estadão Conteúdo

Processo de liofilização permite que soros sejam armazenados em temperatura ambiente, facilitando transporte e armazenamento. Além disso, Butantan vai inaugurar Museu da Vacina em 2022.

Por Tatiana Santiago, G1 SP — São Paulo

O Instituto Butantan, vai construir uma fábrica exclusiva para a produção de soros. A obra, que vai custar R$ 34,5 milhões, deve ficar pronta até o fim do primeiro semestre de 2023.

Atualmente, o instituto, que é ligado ao governo de São Paulo, é o único produtor de soros no país com certificação. Eles são desenvolvidos para combater venenos ou amenizar sintomas de doenças.

O Centro Avançado de Produção de Soros vai permitir que todas as etapas da produção industrial sejam feitas em um único lugar, aumentando a capacidade produtiva. O soro anticovid, que aguarda a aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para o início dos testes clínicos em humanos, também será produzido no local posteriormente.

‘A fábrica está sendo projetada para atender o aumento da capacidade produtiva. E termos dentro de uma mesma planta as mesmas etapas da produção do insumo tornará o processo mais ágil’, afirmou a infectologista Fan Hui Wen, gerente do Núcleo de Produção de Soros.

‘A fábrica está sendo projetada para atender o aumento da capacidade produtiva. E termos dentro de uma mesma planta as mesmas etapas da produção do insumo tornará o processo mais ágil’, afirmou a infectologista Fan Hui Wen, gerente do Núcleo de Produção de Soros.

Além disso, com a fábrica pronta será possível introduzir a liofilização, ou seja, transformar o imunizante líquido em pó após um processo de desidratação que mantém as propriedades neutralizantes dos soros mesmo sem refrigeração. A transformação do produto deve ser feita nos 12 soros contra toxinas de animais peçonhentos e microrganismos fabricados atualmente pelo instituto.

‘A nova planta terá um equipamento que vai nos permitir produzir soro na forma liofilizada, porque hoje os soros são produzidos de forma líquida. Com o processo de liofilização, o soro será transformado em pó. A vantagem é que ele poderá ser mantido em temperatura ambiente, o que torna o transporte dele mais fácil e, provavelmente, vai alcançar regiões em que o soro não chega por causa dessa limitação de temperatura’, disse a gerente de soros do Butantan.

‘A nova planta terá um equipamento que vai nos permitir produzir soro na forma liofilizada, porque hoje os soros são produzidos de forma líquida. Com o processo de liofilização, o soro será transformado em pó. A vantagem é que ele poderá ser mantido em temperatura ambiente, o que torna o transporte dele mais fácil e, provavelmente, vai alcançar regiões em que o soro não chega por causa dessa limitação de temperatura’, disse a gerente de soros do Butantan.

Apesar do processo de liofilização ser antigo e usado desde a época da penicilina, a transformação do soro em pó não é tão simples, exigindo o uso de equipamentos caros e fórmulas precisas.

Além do envio do soro em pó para regiões mais periféricas do país, longe das capitais, a liofilização vai permitir que o Butantan comercialize os soros no exterior, principalmente no continente africano, onde há uma grande demanda de antígenos.

Fábrica

A fábrica vai funcionar em um prédio dentro do próprio complexo do Butantan. O prédio projetado terá um espaço de 6,6 mil m² e cinco andares que irão processar desde o plasma do soro até o envasamento dos frascos.

O Butantan produz cerca de 500 mil frascos de soro por ano e os repassa ao Ministério da Saúde, que realiza a distribuição para estados e municípios. A estimativa é dobrar a produção com a nova fábrica.

A renovação do parque industrial tem como objetivo tornar o Butantan um dos maiores produtores de imunobiológicos do mundo.

Os soros são produzidos através da imunização dos cavalos com antígenos produzidos a partir de venenos, toxinas bacterianas ou vírus. Em seguida, é retirado o plasma dos animais (a parte líquida do sangue) e feita a purificação. O processo é finalizado após a separação dos anticorpos e com o envase do produto.

Museu das Vacinas

O Butantan também vai ganhar o Museu da Vacina no próximo ano. O objetivo do espaço cultural é contar a história dos 120 anos da instituição, dos imunizantes e reforçar a importância da vacinação no país.

No local, também serão realizadas exposições interativas, atividades complementares e palestras.

O instituto ganhou relevância nacional durante o combate da pandemia de coronavírus no Brasil. O Butantan fez uma parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac para a produção da CoronaVac, vacina contra a Covid-19, o primeiro imunizante utilizado no país. O maior centro de produção de vacinas e soros do país também está desenvolvendo a Butanvac, uma vacina contra o coronavírus produzida pelo Butantan.

O museu, dentro do complexo da instituição, terá 309 metros quadrados. As obras, que vão custar R$ 2,6 milhões, já tiveram início. O local em que o museu será instalado é uma edificação histórica que está sendo restaurada.

O prédio foi construído no fim do século 19 e utilizado inicialmente como sede da Fazenda Butantan na produção de leite bovino distribuído na cidade antes mesmo da criação do instituto. Depois, chegou a ser a residência do Vital Brazil, o primeiro diretor do Butantan. Em 1933, a casa foi transformada em escola rural do Grupo Escolar do Butantan e, posteriormente, foi utilizado como ponto de apoio para áreas técnicas da instituição. Antes do projeto do museu, a casa era utilizada pelos laboratórios de Herpetologia, Ecologia e Evolução.

Este será o quinto museu do Instituto Butantan, que hoje possui também o de Microbiologia, Biológico, Histórico e de Saúde Pública (Emílio Ribas).

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