Laboratórios brasileiros buscam produção 100% autônoma das vacinas contra Covid | Jornal Nacional | G1

Dependência de insumo importado deixa o Brasil sujeito a apagões de vacina

O Brasil ainda depende de matéria prima-importada para produzir vacinas, e os atrasos nas entregas prejudicam o cronograma de imunização.

G1

Vacinas – As primeiras doses de vacina produzidas inteiramente no Brasil só devem estar disponíveis em outubro. Até lá, o país vai depender de matéria prima-importada. E os atrasos nas entregas prejudicam o cronograma de imunização.

O som que já se tornou familiar anuncia que novas doses de vacina estão sendo produzidas. O envase é uma das últimas etapas de um longo processo. Para chegar até lá, os laboratórios dependem do ingrediente farmacêutico ativo, o IFA, a matéria-prima das vacinas.

Depois de quase um ano e três meses de pandemia, o Brasil ainda não tem autonomia na produção desse produto tão importante. Os insumos da CoronaVac são importados da China. Os da Oxford/AstraZeneca vêm de diferentes laboratórios do mundo, conforme a disponibilidade.

Na semana passada, a Fiocruz assinou com a AstraZeneca o contrato de transferência de tecnologia, o primeiro passo para a produção de uma vacina 100% brasileira, e recebeu o banco de células e vírus para o IFA nacional.

‘O ciclo de produção da vacina que se inicia esta semana é de 90 dias, por isso que a gente vai ter esse espaço de três a quatro meses entre o início da produção que está sendo feita agora até as primeiras entregas que estamos estimando para outubro, a entrega da vacina 100%nacional’, explicou Marco Aurélio Krieger, vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz.

Até lá, a Fiocruz ainda vai precisar do IFA importado. A próxima remessa deve chegar no sábado (12).

A epidemiologista Carla Domingues, ex-coordenadora do Programa Nacional de Imunização, diz que enquanto depender de defensores internacionais, o Brasil corre o risco de apagão de vacinas.

‘Enquanto o Brasil não tiver a capacidade de produção nacional, e os laboratórios desenvolvam essa capacidade, nós ainda vamos viver com essa intermitência das entregas. Possivelmente, ainda vamos ver a interrupção da vacinação e, principalmente, a gente não vai conseguir acelerar a vacinação, que é o que a gente quer’, explicou.

O Instituto Butantan também tenta se livrar da dependência estrangeira. A fábrica da CoronaVac deve começar a produzir o IFA entre dezembro e janeiro de 2022. Mas, para conseguir entregar os 54 milhões de doses da CoronaVac já contratados pelo Ministério da Saúde até setembro, o Butantan vai ter que esperar pela chegada da matéria-prima que vem da China.

Em maio, o instituto recebeu três mil litros de IFA, suficientes para produzir cinco milhões de doses e espera mais seis mil litros no dia 28 de junho.

O Butantan aguarda ainda autorização da Anvisa para começar os testes de uma nova vacina da ButanVac. Ela será produzida inteiramente no Brasil a partir de ovos de galinha – a mesma tecnologia já usada pelo instituto na fabricação da vacina da gripe.

O vice-diretor da Organização Pan-Americana da Saúde, Jarbas Barbosa, vê benefícios futuros no esforço da Fiocruz e do Butantan para conseguirem a autossuficiência na produção de vacinas contra a Covid.

‘Capacidade de produção completa, infelizmente, nós a temos muito concentrada em alguns países desenvolvidos do mundo e em dois ou três países em desenvolvimento. Esse é um dos temas que nós queremos discutir com uma resposta não só no curto prazo, mas pensando no futuro, em futuras pandemias. A América Latina não pode continuar com essa vulnerabilidade que tem’, afirmou.

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