Mortes por overdose aumentam nos EUA com pandemia

O Estado de S.Paulo

Entre julho de 2019 e julho de 2020 houve um aumento de quase 25%, principalmente por opiáceos


O número de mortes por overdose, principalmente pelos opiáceos que inundaram os EUA nos últimos anos, aumentou quase 25% entre julho de 2019 e julho de 2020, segundo os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC).

Famílias como a de Beverly Veres, mãe de dois jovens viciados em heroína, acreditam que a pandemia exacerbou o consumo de droga. Beverly, seu marido Steve e seus filhos Douglas, de 24 anos, e Charles, de 29, vivem em uma pequena casa em Houtzdale, um distrito do condado rural de Clearfield, na Pensilvânia.

Neste condado de casas isoladas, o coronavírus deixou oficialmente 114 mortos em um ano, mas o número de mortos por overdose em 2020, ainda parcial, chegou a 19, superando o total de 2018 e 2019.

Preso no começo de 2020 por dirigir sob o efeito das drogas, o caçula Douglas não recebeu nenhum tratamento na prisão por causa da covid-19, contou Beverly. A desintoxicação que tentou fazer após ser solto não funcionou, segundo ela, em parte porque as visitas e sessões de terapia familiar foram canceladas.

A alguns quilômetros dali, Savannah Johnson, de 26 anos, conta que correu o risco de uma recaída nas drogas no início da pandemia. No começo de 2020, após um ano de cura com desintoxicação, incapaz de retomar seu emprego de enfermeira, ela aceitou um pequeno trabalho em uma pizzaria. Mas foi demitida logo depois por causa da pandemia.

Isolado, um ex-viciado tende a idealizar o período em que se drogava, diz Savannah. “Quanto mais você pensa nisso, mais desejo você tem de voltar a consumir.”

Com a pandemia, os problemas de vício “explodiram”, diz Kim Humphrey, diretora nacional de uma associação que reúne pai de viciados.

• Pressão

“Você não pode trabalhar, não pode ir a nenhum lugar, não pode fazer isso, não pode fazer aquilo. É compreensível que diga ‘vou tomar algo que me tire a dor’”

Kim Humphrey DIRETORA DE ASSOCIAÇÃO

“Você não pode trabalhar, não pode ir para nenhum lugar, não pode fazer isso, não pode fazer aquilo, é compreensível que alguém que esteja nisso diga ‘vou simplesmente tomar algo que me tire a dor, que me impeça de me deprimir’”, disse.

Antes da pandemia, a crise dos opiáceos e a onda de overdose que deixou cerca de 500 mil mortos nos Estados Unidos desde 1999, sendo 50 mil em 2019, pareciam a caminho da estabilidade.

Antes de março de 2020, “a crise dos opiáceos era o principal problema dos serviços de saúde pública e começava a fazer progressos”, disse Marcus Plescia, médico da organização ASTHO, que reúne as autoridades de saúde de todos os Estados dos EUA. Mas hoje “os serviços estão completamente absorvidos pela covid. Todo mundo está sobrecarregado”, lamentou.

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