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Em alguns países o nível de confiança no imunizante fica abaixo de 40%

by Reuters

Varsóvia – A Europa lançou uma enorme campanha de vacinação contra Covid-19 no domingo (27) para tentar conter a pandemia de coronavírus, mas muitos europeus estão céticos sobre a velocidade com que as vacinas foram testadas e aprovadas e relutantes sobre tomá-las.

A União Europeia firmou contratos com uma série de fabricantes de medicamentos, incluindo Pfizer e BioNTech, Moderna e AstraZeneca, para um total de mais de dois bilhões de doses e definiu uma meta para todos os adultos serem inoculados no próximo ano.

Mas as pesquisas apontam para altos níveis de hesitação em relação à inoculação em países que vão da França à Polônia, com muitos acostumados a ver vacinas sendo desenvolvidas durante décadas, não apenas meses.

“Não acho que haja uma vacina na história que tenha sido testada tão rapidamente”, disse Ireneusz Sikorski, 41, ao sair de uma igreja no centro de Varsóvia, na Polônia, com seus dois filhos.

“Não estou dizendo que a vacinação não deveria ocorrer. Mas não vou testar uma vacina não verificada em meus filhos ou em mim.”

Pesquisas na Polônia, onde a desconfiança nas instituições públicas é profunda, mostraram que menos de 40% das pessoas planejam se vacinar, por enquanto.

No domingo, apenas metade da equipe médica de um hospital de Varsóvia, onde foi administrada a primeira injeção do país, havia se inscrito.

Na Espanha, um dos países mais atingidos da Europa, German, um cantor e compositor musical de 28 anos originário de Tenerife, também planeja esperar por ora.

“Ninguém próximo a mim teve (Covid-19). Obviamente não estou dizendo que não existe porque muitas pessoas morreram disso, mas por enquanto eu não vou tomar (a vacina).”

Um bispo cristão ortodoxo na Bulgária, onde 45% das pessoas disseram que não tomariam uma injeção e 40% planejam esperar para ver se algum efeito colateral negativo aparece, comparou o Covid-19 à pólio.

“Eu mesmo fui vacinado contra tudo o que posso ser”, disse o bispo Tihon aos repórteres depois de receber sua injeção, ao lado do ministro da Saúde em Sofia.

Ele falou sobre a ansiedade em relação à poliomielite antes que a vacinação se tornasse disponível nos anos 1950 e 1960.

“Estávamos todos tremendo de medo de pegar pólio. E então ficamos muito felizes”, disse ele. “Agora, temos que convencer as pessoas. É uma pena.”

COMEÇO DO FIM


Na campanha lançada na Europa, em alguns lugares aposentados e médicos fizeram fila para obter as primeiras vacinas que prometem pôr fim a uma pandemia que afetou economias e ceifou mais de 1,7 milhão de vidas em todo o mundo.

“Graças a Deus”, disse Araceli Hidalgo, de 96 anos, a primeira pessoa na Espanha a receber a vacina na casa de repouso onde vive em Guadalajara, perto da capital Madri. “Vamos ver se conseguimos fazer esse vírus ir embora.”

Na Itália, o primeiro país da Europa a registrar um número significativo de infecções, a enfermeira Claudia Alivernini, de 29 anos, foi uma das três profissionais de saúde no início da fila para receber a injeção desenvolvida pela Pfizer e pela BioNTech.

“É o começo do fim… um momento emocionante e histórico”, disse ela no hospital Spallanzani, em Roma.

O continente onde vivem 450 milhões de pessoas está tentando alcançar os Estados Unidos e a Grã-Bretanha, que já iniciaram a imunização com a vacina Pfizer/BioNTech.

A União Europeia deve receber 12,5 milhões de doses da vacina até o final do ano, o suficiente para vacinar 6,25 milhões de pessoas com base no regime de duas doses. As empresas estão lutando para atender à demanda global e pretendem realizar 1,3 bilhão de injeções no próximo ano.

Embora a Europa tenha alguns dos sistemas de saúde com melhores recursos no mundo, alguns países estão convocando médicos aposentados para ajudar, enquanto outros relaxaram as regras para permitir que mais profissionais manuseiem as injeções.

Mesmo com altos níveis de hesitação em relação à vacina, os líderes das 27 nações da União Europeia estão promovendo a imunização como a melhor chance do cidadão retomar algo próximo de uma vida normal no próximo ano.

“Temos uma nova arma contra o vírus: a vacina. Precisamos nos manter firmes, mais uma vez”, tuitou o presidente francês Emmanuel Macron, que testou positivo para o coronavírus neste mês e deixou a quarentena na véspera de Natal.

Depois que os governos europeus foram criticados por não trabalharem juntos para conter a propagação do vírus no início de 2020, o objetivo desta vez é garantir que haja igualdade de acesso às vacinas em toda a região.

Mas, mesmo assim, no sábado, a Hungria se precipitou no lançamento oficial da sua campanha de vacinação ao realizar as primeiras imunizações de funcionários da linha de frente em hospitais da capital Budapeste.

A Eslováquia também prosseguiu com a vacinação para profissionais de saúde no sábado e, na Alemanha, um pequeno número de pessoas em uma casa de saúde também foi vacinado um dia antes do oficial.

A distribuição da vacina representa um desafio complicado, pois ela usa uma nova tecnologia mRNA e deve ser armazenada em temperaturas ultrabaixas de cerca de -70 graus Celsius.

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