Na Alemanha, 3ª onda da pandemia pode ser pior que anteriores

Presidente do RKI, Lothar Wieler, e ministro alemão da Saúde, Jens Spahn, em coletiva de imprensa

Presidente do RKI, Lothar Wieler (esq.), e ministro alemão da Saúde, Jens Spahn, em coletiva de imprensa sobre a situação da pandemia antes da Páscoa

DW

Ministro alemão da Saúde alerta que sistema hospitalar corre risco de bater em seus limites em abril. Presidente do Instituto Robert Koch não descarta que número de novos casos por dia supere 100 mil.

Autoridades de saúde da Alemanha afirmaram nesta sexta-feira (26/03) que a terceira onda da pandemia, caracterizada pela alta do número diário de novos casos de covid-19, será "mais difícil de conter" do que as duas primeiras.

A piora nos indicadores tanto deve-se à variante B117, mais severa e transmissível, e identificada inicialmente no Reino Unido, quanto ao relaxamento recente de algumas medidas de isolamento.

As declarações foram feitas por Lothar Wieler, presidente do Instituto Robert Koch (RKI), e pelo ministro da Saúde alemão, Jens Spahn, encerrando uma semana turbulenta, com o comando da Alemanha tomando decisões polêmicas para reduzir o número de novos infectados.

O que as autoridades disseram?


Há "claros sinais" de que a atual terceira onda da covid-19 na Alemanha "pode ser ainda pior que as primeiras duas", disse Wieler. Em entrevista coletiva ao lado de Spahn, o presidente do RKI fez um apelo para que se reduzam seus contatos sociais durante o feriado de Páscoa.

Ele afirmou que a alta na taxa de infecção está neutralizando eventuais ganhos no controle da pandemia obtidos com a vacinação, cuja primeira dose foi aplicada em cerca de 10% da população do país.

Spahn alertou que a trajetória atual de infecções pode deixar os hospitais da Alemanha sobrecarregados nas próximas semanas, e pediu que a população reduza seus contatos sociais, tenha encontros somente ao ar livre e siga as regras de distanciamento social.

"Os números estão subindo muito rápido, e as variantes estão tornando a situação especialmente perigosa. Se isso não for controlado, corremos risco que nosso sistema de saúde atinja seu limite em abril."

O ministro também informou que a exigência de que todos os passageiros apresentem um exame para covid-19 com resultado negativo antes de embarcarem em voos para a Alemanha teve seu início adiado para a próxima terça-feira (30/03). Antes, a regra só afetava os oriundos de países considerados de alto risco. A data foi postergada para dar às companhias aéreas e aos viajantes mais tempo para se prepararem.

Ele reconheceu que as exigências de testagem para quem chega de viagens não terá grande impacto na taxa de infecção: "Não tenho ilusões. Essa regra, isolada, não será decisiva para o feriado de Páscoa. A situação é muito grave, e a taxa de infecção na Alemanha está muito alta."

O presidente do RKI, Wieler, alertou que o número de novas infecções diárias na Alemanha poderã chegar a 100 mil, caso não se tomem suficientes medidas preventivas. Assim, o país "terá algumas semanas muito difíceis pela frente". Ambos também apelaram para que todos que tiverem oportunidade de se vacinar, o façam.

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Qual é a situação da pandemia na Alemanha?
As declarações das autoridades de saúde alemãs foram feitas num momento em que os números de novos casos na Alemanha sobem continuamente. Na sexta-feira, o RKI registrou 21.573 novos casos, cerca de 4 mil a mais do que uma semana antes.

A incidência pela média móvel de sete dias na Alemanha chegou a 119 novos casos por 100 mil habitantes, contra 113 na véspera. A incidência de novos casos é uma das principais variáveis utilizadas na Alemanha para guiar o relaxamento ou endurecimento das restrições.

O número de novas mortes diárias por covid-19 no país, pela média de sete dias, é de 181. O indicador está relativamente estável há uma semana, e costuma demorar para refletir o aumento do número de casos.

Que medidas foram decididas nesta semana?
A combinação de números de novos casos em alta, uma campanha de vacinação irregular e a ira da população sobre propostas de novas restrições tornaram esta semana especialmente tumultuada para o governo da chanceler federal Angela Merkel.

Na quarta-feira, a chefe de governo recuou de planos anunciados menos de 24 horas antes, endurecendo o confinamento da temporada de Páscoa, de 1º a 5 de abril. No dia seguinte, Spahn anunciou as novas medidas para os viajantes.

O governo também está analisando se seria legalmente possível proibir temporariamente as viagens de férias no exterior. A iniciativa seria um novo recuo em relação a medidas decididas nesta semana, quando Merkel e os governadores dos 16 estados alemães mantiveram em vigor as restrições a viagens domésticas, mas permitiram viagens internacionais a destinos populares como a ilha espanhola Maiorca.

Além disso, a Alemanha deu aval nesta sexta-feira ao fundo de recuperação pós-pandemia da União Europeia, no valor de 750 bilhões de euros (R$ 5 trilhões), quebrando um tabu sobre a contração de dívida comum pelo bloco. O fundo integra um orçamento de 1,8 trilhões (R$ 12 trilhões) até 2027, que teve a concordância dos 27 países do bloco em dezembro.

"O voto é um sinal claro da solidariedade e força europeia", justificou o ministro da Economia, Olaf Scholz, afirmando ser do interesse da Alemanha que todo o bloco saia bem da crise. "Uma recuperação forte na Europa é um pré-requisito importante para o sucesso e a prosperidade da própria Alemanha", afirmou.

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