Katie Decker, presidente global da divisão de Saúde Essencial e Sustentabilidade da Johnson, explica investimento de US$ 800 milhões para reduzir impacto de embalagens de plásticos
Por Marcelo Sakate - Exame
A preocupação com a sustentabilidade dos negócios não é mais um interesse segmentado no mercado. Já se transformou em prioridade para toda a indústria. E a urgência em tornar os negócios mais sustentáveis só aumentou com a pandemia e as perspectivas de retomada ambientalmente amigável. É o que diz Katie Decker, presidente global para Saúde Essencial e Sustentabilidade da Johnson & Johnson, em entrevista para a EXAME Invest.
“Nós estamos vendo que a sustentabilidade é algo em que os investidores estão muito interessados. Começando com o anúncio da BlackRock no início do último ano. É algo que toda a indústria está priorizando. Na J&J, nós realizamos, por exemplo, uma sessão para investidores dedicada apenas à sustentabilidade e ao meio ambiente”, afirma.
“A Covid-19 nos fez perceber que precisávamos nos mover ainda mais rapidamente. O que vemos em regiões como a Europa é que o foco está em reconstruir a economia depois da crise de uma maneira mais verde”, disse Decker.
Em janeiro de 2020, a BlackRock, maior empresa de investimentos do mundo, anunciou que colocaria a sustentabilidade dos negócios no centro de sua estratégia de alocação de ativos, o que significaria deixar de investir em companhias com amplo impacto ambiental. A decisão da gestora acelerou a valorização dos princípios ESG (sigla em inglês para ambiental, social e de governança) no mercado financeiro por parte de outros grandes investidores.
No caso da Johnson & Johnson, a gigante global de saúde e beleza anunciou no fim do ano passado um plano de gestão ambiental — o Healthy Lives Mission (Missão para Vidas Saudáveis, em tradução livre) — que prevê 800 milhões de dólares em investimentos até 2030 por meio de sua divisão Consumer Health, voltada para bens de consumo, para reduzir o impacto causado por embalagens plásticas de seus produtos.
A J&J é dona de marcas famosas como Listerine, Band-Aid, Sundown, SempreLivre e as que levam seu nome.
A operação no Brasil se tornou referência para reduzir a pegada de carbono a partir de embalagens plásticas, com o investimento em infraestrutura para economia circular, que pode ser escalável para o resto do mundo. Além disso, a unidade local desenvolve novos modelos de refis e trabalha com um design enxuto para reduzir o consumo de plástico.
Leia a seguir trechos da entrevista de Katie Decker à EXAME Invest:
Quais os objetivos da Johnson & Johnson com o programa Healthy Lives Mission?
O plano engloba tudo o que fazemos em sustentabilidade, que é a nova maneira como estamos trabalhando. Tem três objetivos principais: pessoas saudáveis, um planeta saudável e pessoas empoderadas e engajadas. E todos esses aspectos trabalham juntos para melhorar a sustentabilidade do nosso portfolio de produtos e de nossas operações e nos guiam sobre como investir nas oportunidades de saúde pública nas comunidades.
E é aí que entra o investimento de 800 milhões de dólares que anunciamos. É um ecossistema. Se verdadeiramente estamos priorizando a saúde das pessoas, temos que priorizar a saúde do planeta, porque ambos coexistem.
Qual a diferença desse plano para outras iniciativas que a J&J já teve no passado?
Nós temos metas ambientais há mais de 30 anos. Fomos uma das primeiras companhias a reportar muitas questões nessa área. A diferença agora é que nós estamos apostando e mudando o foco para produtos de consumo, nas mudanças que precisam ser feitas para assegurar que o nosso portfolio priorize a saúde do planeta e das pessoas. E é por isso que parte da nossa estratégia é relacionada à redução e à reciclagem de plásticos.
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