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Jornalista: Adriana Dias Lopes

Em 1948, na pequena cidade de Framingham, no estado americano de Massachusetts, começou a andar um dos mais fascinantes trabalhos da história da medicina. Patrocinado pelos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos, o NIH, ele já vasculhou desde então o impacto dos hábitos cotidianos no sistema cardiovascular de 5 000 pessoas ao longo de três gerações. Os achados têm servido de base para o estabelecimento de condutas médicas adotadas em boa parte do mundo. Do levantamento brotou a constatação da relevância da atividade física na prevenção e tratamento de doenças ó algo que hoje soa evidente, mas antes inexistia. A novidade: ancorada no princípio revelado pelo amplo estudo, a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou um documento que detalha a quantidade adequada de exercícios para uma vida saudável.


Há mudanças ruidosas. Recomenda-se o dobro do tempo mínimo indicado até agora. Adultos de 18 a 64 anos devem praticar de 150 minutos a 300 minutos por semana de treino moderado (como caminhada ou jardinagem, por exemplo), ou de 75 a 150 minutos se a intensidade for vigorosa (corrida e subir escadas). A diretriz também esmiúça conselhos por grupos específicos, como crianças e gestantes (veja no quadro abaixo). “São as recomendações mais interessantes e decisivas já feitas nessa área nos últimos dez anos”, diz o médico do esporte Eduardo Rauen, professor de nutrologia da pós-graduação do Hospital Albert Einstein, em São Paulo.


A revolução é resultado de extraordinários avanços científicos, afeitos a entender melhor o metabolismo e como ele reage à ginástica. A prática regular age em doenças pontuais, e não apenas no bem-estar geral. Reduz pela metade o risco de infarto, ajuda no controle das taxas de glicose entre os diabéticos, previne depressão e vários tipos de câncer. Mas há ainda um nó: o sedentarismo extremo. As crianças e os adultos nunca permaneceram tanto tempo sentados como hoje. Pesquisa publicada na British Journal of Sports Medicine mostrou que ficar estanque horas a fio numa cadeira dificulta a absorção de glicose pelas células do organismo, reduz o consumo de oxigênio celular e atrapalha o desempenho cardiovascular. Uma das possíveis explicações para essa relação é a ausência prolongada de contrações dos músculos das pernas. Depois de ficar meia hora sentado, o corpo liga o “modo repouso” e a taxa metabólica cai. Ficar de pé evitaria essa queda, pois o músculo permanece rígido, o que consome mais energia. Estima-se que os moradores das grandes capitais passem, em média, sete horas colados na cadeira em decorrência do trabalho, estudo e televisão.
Aumentar o tempo da atividade física poderá ajudar a reduzir os danos ó daí a extraordinária relevância das novas indicações da OMS.

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