O Globo 
Colunistas: Mariana Barbosa e Rennan Setti

17/10/20 - Maior grupo de ensino de medicina do país, com 9 mil alunos matriculados e mais de 10 mil formados, a Afya está presente em toda a jornada do aspirante à médico: desde a graduação e a residência até a pós e a especialização médica. Agora, a Afya quer acompanhar também a jornada do profissional. Com duas aquisições estratégicas anunciadas recentemente, a Afya trouxe para o seu ecossistema nada menos que um em cada três médicos em atividade no país, ou quase 200 mil profissionais.

— A gente controla a caneta do médico — brinca o CEO da Afya, Virgílio Gibbon. — Estamos criando um ecossistema com um volume de canais de distribuição muito grande e que pode ser aproveitado para levar conteúdo e serviços médicos digitais de valor agregado ao longo da carreira do profissional.

A primeira aquisição nessa nova estratégia da Afya — companhia idealizada por Paulo Guedes quando comandava a gestora Bozano, hoje Crescera — foi a Pebmed, que oferece suporte “à beira do leito” e foi adquirida por R$ 133 milhões em julho. O principal aplicativo da Pebmed é o White Book, repositório de consulta para ajudar o médico com prescrições e indicações de tratamentos. O WhiteBook tem 160 mil assinantes e é um dos dez apps de maior monetização no país.

A outra aquisição, anunciada no início desta semana, é a iClinic, de gestão de clínicas e consultórios, com ferramentas de agendamento, teleconsulta e prontuário. São 11,5 mil assinantes e 16 milhões de pacientes fazendo consulta pela plataforma. A Afya pagou R$ 183 milhões pela a iClinic, abrindo um mundo de possibilidades de geração de receitas e negócios cruzados. No pipeline estão um marketplace de serviços e produtos para o paciente dar seguimento às consultas, com agendamento de exames ou compra de medicamentos, e uma fintech para oferecer serviços financeiros como antecipação de recebíveis dos planos de saúde.

As aquisições de health techs não devem parar por aí. A empresa, que abriu capital na Nasdaq em julho do ano passado e hoje vale R$ 14 bilhões, começou a ser procurada por start-ups interessadas na sua capacidade de acessar os médicos para oferecer novas soluções. O plano é ter uma plataforma unificada, que o médico acessa com um único login, e ir acoplando novos serviços que gerem valor para o médico.

As duas health techs se somam a outras cinco aquisições de instituições de ensino desde a abertura de capital, quando a Afya levantou R$ 1,1 bilhão.

— A estratégia de aquisições não muda. Temos menos de 10% das vagas de graduação na rede privada, e ainda há muitas oportunidades na graduação e na pós — diz Gibbon.

As novas oportunidades no ensino passam também pela disrupção que a digitalização provocada pela pandemia está promovendo na medicina, como a liberação do ensino a distância para aulas teóricas, que não era reconhecido pelo MEC, e a telemedicina.

Na pandemia, a Afya adaptou seu ensino para a realidade virtual e ofereceu sua plataforma num modelo fremium para 40 instituições de ensino fora da rede, abrindo uma nova frente de negócio.

— A dinâmica do ensino está mudando e temos que preparar o médico para essa nova realidade digital. Ele precisa de novas competências para fazer um atendimento à distância e também para realizar uma cirurgia à distância — diz Gibbon, que comanda a empresa desde 2016, quando ela ainda se chamava NRE Educação.

A marca Afya nasceu em março de 2019, a partir da fusão da NRE Educação, holding que então reunia 9 instituições de ensino, com a Medcel, de cursos preparatórios para residência médica, títulos e especializações. Ambas eram investidas do fundo de private equity da gestora Crescera. Quatro meses depois, a empresa fazia sua estreia na bolsa Nasdaq, nos EUA.

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