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Imagem: MJ_Prototype/iStock

Giulia Granchi

Do VivaBem, em São Paulo

Em uma caixinha no armário, na gaveta do escritório, na bolsa e até na carteira. Andar com remédios por perto mesmo antes de aparecem os sintomas é um hábito para lá de comum na rotina dos brasileiros.

E não é segredo para ninguém que a necessidade de medicamentos movimenta o mercado: de acordo com a Interfarma (Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa), o mercado farmacêutico brasileiro deve movimentar entre US$ 39 bilhões e US$ 43 bilhões em 2023, comercializando algo em torno de 238 milhões de doses.

Mas quais são os medicamentos mais comprados pela população? Drogas para dores, diabetes e protetor solar estão presentes no ranking divulgado pela Interfarma. O levantamento foi feito com dados da IQVIA, responsável por diversas pesquisas do setor. A empresa afirma coletar 98% dos dados do mercado farmacêutico brasileiro por meio de cerca de 900 fontes, entre elas, distribuidoras de medicamentos, redes de farmácias e farmácias independentes. Confira abaixo os 10 mais vendidos e o que eles indicam sobre a saúde da população:

1. Dorflex

O líder da lista é um analgésico que funciona para diferentes tipos de dores, o que faz sentido, já que o sintoma é tão comum no dia a dia. Com dipirona sódica monoidratada, citrato de orfenadrina, cafeína, o medicamento é seguro, impede que o paciente fique sonolento e é comumente usado para dor de cabeça, cólica menstrual e dores musculares.

De acordo com Erico Oliveira, clínico geral do Hospital Oswaldo Cruz, o uso corriqueiro do remédio não oferece risco aos pacientes, mas deve-se lembrar que a dor é um sintoma de que algo não vai bem. “O maior perigo é continuar tomando para amenizar os sintomas e não descobrir a razão das dores. Alguns pacientes perdem a possibilidade de ter um diagnóstico correto”, explica o médico.

2. Xarelto

O medicamento funciona como anticoagulante e tem indicação para tratar trombose, embolia pulmonar recorrente em adultos e a fibrilação atrial, um tipo comum de arritmia cardíaca.

Seu princípio ativo é a rivaroxabana, substância que impede a coagulação dos vasos sanguíneos, o que ocasiona os trombos.

O que causa a trombose

O quadro ocorre quando há formação de um coágulo sanguíneo nas veias, ocasionando o bloqueio do fluxo de sangue e levando à dor e inchaço em regiões como pernas e pés. Quando o coágulo se desprende e entra na corrente sanguínea, o risco é que o paciente sofra uma embolia —quando ele chega ao coração, cérebro, nos pulmões ou outros locais, causando sequelas graves. A trombose não tem causa específica, mas fatores de risco como uso de anticoncepcionais ou tratamento hormonal, tabagismo, passar muito tempo sentado ou deitado, gravidez e obesidade são apontados por especialistas.

O que causa a embolia pulmonar

A embolia pulmonar ocorre quando há a obstrução das artérias dos pulmões por coágulos. Estar imóvel por muito tempo, como é caso de pós-operatórios e doenças que deixam o paciente acamado são considerados fatores de risco. Além disso, câncer, tabagismo, anticoncepcionais com estrógeno e reposição hormonal também aumentam as chances de sofrer o quadro.

O que causa a fibrilação arterial

É o tipo mais comum de arritmia cardíaca. Os pacientes apresentam batidas do coração irregulares e o quadro, que sobrecarrega o coração, pode levar à insuficiência cardíaca. A condição provoca má circulação sanguínea e estimula a produção de coágulos que aumentam o risco de infarto e AVC. Seus fatores de risco incluem já ter um problema cardíaco e hábitos de vida como o sedentarismo, obesidade e tabagismo.

3. Saxenda

O saxenda é indicado para casos de sobrepeso: adultos com IMC igual ou maior a 30 ou àqueles com IMC a partir de 27 e que sofrem de doença relacionada à obesidade, como hipertensão, gordura no fígado, pré-diabetes ou diabetes.

O princípio ativo da droga é a lilaglutida, uma versão sintética do hormônio GLT1, produzido naturalmente pelo corpo quando nos alimentamos. Quando a comida passa pelo trato digestivo, ela estimula células que estão na parede do intestino a produzirem o hormônio, que envia estímulos ao cérebro avisando que o alimento chegou ao organismo.

“É uma forma de diminuir a sensação de fome e manter o paciente saciado por mais tempo”, indica Andressa Heimbecher, endocrinologista colaboradora do Grupo de Obesidade e Síndrome Metabólica do HC-FMUSP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo).

De acordo com o endocrinologista Roberto Zagury, coordenador do Departamento de Diabetes, Exercício e Esporte da SBD (Sociedade Brasileira de Diabetes), o remédio é seguro e tem poucos efeitos colaterais, mas sua posição no ranking pode indicar uso indevido. “Sabemos que muitas vezes os pacientes conseguem adquirir o saxenda sem a receita adequada e o usam para questões estéticas, sem necessariamente um diagnóstico de obesidade”, aponta.

O que causa a obesidade

Hábitos de vida como má alimentação, sedentarismo e tabagismo são apontados como fatores de risco para o quadro, mas fatores genéticos, hormonais, metabólicos e até psicológicos também podem influenciar no excesso de peso.


4. Neosaldina

Com dipirona e cafeína entre os princípios ativos, a neosaldina é outro analgésico popular para as dores comuns no dia a dia, como tensões musculares e dores de cabeça.

5. Addera D3

O medicamento serve para regular os níveis de vitamina D em pacientes que apresentam deficiência. O papel da vitamina é fornecer cálcio e fósforo ao organismo, contribuindo para a saúde dos ossos, intestino e rins. Sua falta pode levar a problemas como raquitismo e osteoporose

Apesar de a deficiência ser comum, Erico Oliveira, clínico geral do Hospital Oswaldo Cruz, aponta que a quinta posição no ranking pode indicar o uso indiscriminado. “É uma vitamina vendida sem prescrição e mais utilizada do que deveria. Muitas pessoas tomam sem indicação médica na ilusão de que terão uma melhora geral na saúde.”

O que causa a deficiência de vitamina D
De acordo com Ricardo Zilli, endocrinologista do Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, o que é conhecido pela comunidade médica é que alguns grupos de pessoas estão mais sujeitos a ter o problema, como idosos, pacientes com doenças que causam má absorção intestinal (como lúpus e doença de Cron) e insuficiência renal, que diminui a conversão da vitamina D no organismo.

6. Glifage

O medicamento é uma das principais indicações médicas para pacientes com diabetes 2 associado a obesidade e idade. “É uma droga segura e eficaz, que impede que o fígado produza açúcar em excesso”, esclarece Zagury. O glifage, que tem cloridrato de metformina como princípio ativo, não precisa de prescrição para ser comprado na rede privada, mas é necessário se o paciente quiser retirar gratuitamente na rede pública.

O que causa e como age a diabetes tipo 2

Na maioria dos casos, o organismo dos pacientes não consegue utilizar adequadamente o hormônio que metaboliza a glicose, condição chamada de resistência à insulina, ou essa substância não é produzida em quantidade suficiente para manter o nível de glicose dentro da normalidade. O quadro é mais frequente em adultos a partir dos 40 anos de idade, mas devido ao aumento de pessoas obesas, o número de adolescentes e crianças com a condição aumentou nos últimos anos.

7. Torsilax

Também é um analgésico. O torsilax é composto por diclofenaco sódico, paracetamol, carisoprodol e cafeína e combate diferentes tipos de dores.

8. Victoza

Tem o mesmo princípio ativo e foi criado no mesmo laboratório que o Saxenda, mas foi aprovado para comercialização como remédio para tratar apenas o diabetes tipo 2.

“O que pode explicar as posições diferentes é que na caixa, o custo do Saxenda é mais baixo, mas o valor da grama dos medicamentos é o mesmo”, aponta Zagury.

9. Anthelios

O nono colocado da lista é um protetor solar, produto indispensável para todas as pessoas que se expõe ao sol, mesmo que por pouco tempo. “Acredito que a posição dele ainda possa mudar dependendo da sazonalidade da pesquisa. Apesar de ser importante em todas as estações do ano, as pessoas aumentam o uso em estações mais quentes”, aponta Oliveira.

10. Puran

É indicado para o tratamento de hipotireoidismo, doença muito comum que afeta a glândula da tireoide causando cansaço, deixando o metabolismo mais devagar e até as batidas do coração mais lentas. O remédio é vendido sob controle e prescrição médica e é muito comum mundialmente, além de ser um dos medicamentos mais efetivos que existem.

“É uma doença frequente, mas a décima posição no ranking é uma surpresa para mim. Como é um dos medicamentos mais eficientes para o hipotireoidismo, é um bom sinal de que os profissionais sabem como tratar o quadro”, explica Zagury.

O que causa o hipotireoidismo

De acordo com Zagury, não há consenso médico sobre as causas do problema, mas existem teorias que vão desde os hábitos de vida do paciente até os níveis de exposição à radiação.

Fonte: UOL

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