Os resíduos de medicamentos que a indústria joga pelo ralo

“Você simplesmente despeja tudo no ralo”, disse um ex-funcionário da farmacêutica Mylan à jornalista Natasha Gilbert, do Stat. E “tudo” não é pouca coisa: é todo o resíduo de remédio que fica espalhado no maquinário, nos pisos e até no teto da fábrica após horas de produção de medicamentos. “Sempre me incomodava derramar produtos farmacêuticos no ralo”, disse outro ex-funcionário. Os dois trabalhavam em uma fábrica da empresa em Morgantown, na Virgínia.

A culpa pela poluição de fármacos costuma cair nos ombros dos consumidores, que lançam involuntariamente seus resíduos metabólicos pela urina ou despejam remédios vencidos na pia. Mas relatórios diversos já apontam há tempos o papel bem maior da indústria nisso. E a longa investigação de Gilbert, que juntou pesquisas, depoimentos e informações colhidas pela lei de acesso à informação dos EUA, deu nome aos bois pela primeira vez, identificando seis grandes farmacêuticas que provavelmente despejam quantidades gigantescas de remédios em rios e córregos: Mylan, Pfizer, Teva, Watson Pharmaceuticals, Actavis Genéricos e Mallinckrodt.

Segundo a reportagem, remédios diversos – de opióides a antidepressivos – têm aparecido em rios daquele país na última década. Com toda a preocupação sobre resistência antimicrobiana, recentemente empresas de todo o mundo formaram uma coalizão para reduzir a liberação de antibióticos nas instalações. Mas a indústria não se comprometeu a acabar com a poluição de outros tipos de drogas, de modo que estudos já detectam esses químicos nos corpos de insetos aquáticos e de peixes.
Tomando o caso da Mylan, Gilbert explica que parte da água que some pelo ralo acaba caindo direto no rio, enquanto outra parte vai para uma estação de tratamento municipal – mas em geral as estações de tratamento não estão equipadas para remover esse tipo de poluente, de modo que, quando os efluentes são testados, lá estão os fármacos. Nos efluentes da estação de Morgantown, por exemplo, já foi detectado um anti-convulsivo em nada menos que 90 vezes a quantidade considerada segura para a vida selvagem.

Fonte: Portal Outra Saúde

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