O Globo
Jornalista: Rafael Garcia
A vacina para Covid-19 desenvolvida pela Universidade de Oxford em parceria com a farmacêutica AstraZeneca já está apta para análise por agências reguladoras, afirmou Andrew Pollard, cientista que lidera o projeto. Pollard, que é pediatra, afirmou também que o teste clínico da vacina deve ser ampliado para voluntários infantis a partir do mês que vem.
Em seminário online nesta sexta-feira (4), o britânico não detalhou, no entanto, o status do questionamento levantado por conta de um erro de dosagem na pesquisa no anúncio feito na semana passada, mas deu a entender que o problema já foi superado.
— A análise interina que foi apresentada ao público na semana passada deve ser publicada logo em um periodico científico. De fato, ela já cumpre os requerimentos necessários a agencias reguladoras para começarem a revisar os dados e considerar se a vacina deve ou não ser licenciada em diferentes países do mundo — disse o pesquisador.
O evento virtual no qual Pollard se dirigiu ao público brasileiro foi patrocinado pela Fundação Lemann, que banca a maior parte do estudo clínico feito no Brasil.
— Além desses resultados iniciais, haverá mais dados que as agências reguladoras poderão levar em consideração para tomar uma decisão, esperamos, ao longo do mês que vem — completou.
A vacina de Oxford para a Covid-19 teve seus resultados preliminares de eficácia questionados por autoridades americanas após a empresa ter revelado que uma parte dos voluntários do teste no Reino Unido recebeu meia dosagem do imunizante, acidentalmente. A AstraZeneca afirmou na ocasião, porém, que os dados do teste receberam uma correção estatística e que o incidente não compromete a conclusão de eficácia da vacina.
Teste em crianças
Pollard afirmou também no seminário que o teste clínico da vacina deve ser ampliado para voluntários infantis a partir do mês que vem.
— Nenhuma das vacinas para Covid-19 foi testada em crianças ainda — afirmou. — Para nossa vacina, esperamos começar esses estudos em cerca de um mês, a partir de então teremos dados preliminares para analisar resposta imune e segurança.
No seminário, o cientista não respondeu a perguntas do público sobre o episódio de erro na dosagem. Porém, criticou a imprensa pela cobertura de outro episódio, quando o estudo da vacina foi interrompido após um voluntário na Grã-Bretanha ter sofrido mielite.
— Apesar de ter ampliado enormemente na mídia, esse episódio demonstra na verdade o escrutínio incrivelmente cuidadoso sobre tudo o que acontece no teste para assegurar a segurança dos voluntários — afirmou.
Pollard participou do seminário com a cientista brasileira Sue Ann Clemens, da Universidade de Siena (Itália), que é uma das coordenadoras do ensaio clínico global.
Segundo ela, o Ministério da Saúde está otimista com a perspectiva da vacina.
— Tive algumas reuniões como o ministério, e começamos a discutir também a questão da distribuição, de acesso e da capilaridade para que a população receba essa vacina — disse a pesquisadora.
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