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Valor Econômico

Jornalista: Arícia Martins

17/06/20 - Depois de deixar de ser considerado um dos destinos de maior atratividade para o investimento estrangeiro direto em 2019, o Brasil voltou a figurar num ranking de 25 países mais confiáveis para esse tipo de fluxo de capital. É o que mostra a edição de 2020 do FDI Global Index, da consultoria internacional Kearney.

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Numa escala que vai de 0 a 3, o Brasil aumentou sua pontuação de 1,37 em 2018 para 1,65 neste ano, melhora que o colocou na 22ª posição entre as 25 principais no radar do investidor estrangeiro - o único representante da América Latina na lista. Como a consultoria só divulga os dados para esse grupo, não estão disponíveis a posição exata nem a nota brasileira do ano passado, quando o país ficou de fora do ranking pela primeira vez desde o começo do estudo, em 1998.

Os EUA lideram o páreo por oito anos seguidos. Para mapear os países com maior potencial de atrair investimentos nos próximos três anos, a Kearney consulta anualmente 500 executivos de multinacionais. Em 2020, a apuração ocorreu entre 27 de janeiro e 3 de março, período em que o epicentro da pandemia de covid-19 se deslocou da Ásia para as nações desenvolvidas. Na data de corte, a doença começava a chegar por aqui.

Segundo Mark Essle e Sachin Mehta, sócios da consultoria no país, os resultados brasileiros foram afetados pela crise no período final da enquete, mas a piora foi generalizada. Entre as duas primeiras e as duas últimas semanas de análise, as notas para os mercados desenvolvidos, emergentes e “de fronteira” caíram entre 25% e 30%, enquanto o índice referente ao Brasil recuou 18%.

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Apesar das incertezas no ambiente econômico e político, 35% dos executivos disseram ter perspectiva mais otimista para o Brasil num horizonte de três anos, quando comparada à visão do ano anterior. A parcela de mais pessimistas ficou em 13%, e 52% afirmaram que sua percepção se manteve relativamente igual.

“Estou positivamente surpreso com o Brasil ter voltado ao ranking já neste ano, o que quer dizer que há certo grau de confiança no futuro do país”, disse Essle. “É a prova de que, se políticas pró-mercado são sinalizadas, você consegue atrair o investidor estrangeiro.” Como exemplo dessas medidas, ele menciona a agenda de reformas, cujo principal expoente é a mudança da Previdência. Outro fator positivo é o programa do governo que prevê privatizar grandes estatais, como a Eletrobras, além de uma postura mais austera das contas públicas antes do coronavírus, acrescentou.

“Claro que há preocupação com o equilíbrio fiscal, mas houve avanços, como a Previdência e a Lei do Teto de Gastos”, afirmou o executivo, para quem o aumento das turbulências na política não deve contaminar as expectativas de longo prazo para o país.

“Tirando um pouco a parte política da equação e olhando o que pode vir pela frente, faz sentido o Brasil ter voltado para o ranking”, avaliou Mehta. Desde 2014, observa ele, o Brasil vem perdendo posições na lista: o país ficou em quinto lugar naquele ano. Em 2018, foi o último colocado.

Embora seja difícil fazer comparações com o momento atual, em 2014 o mundo surfava uma onda de crescimento, o que elevou os fluxos de investimento direto de forma generalizada, lembra Mehta. Depois disso, em 2016, o impeachment da então presidente Dilma Rousseff (PT) afetou a imagem do país. “Agora estamos começando a voltar à direção correta.” Para que o país continue aparecendo no ranking, o governo precisa prosseguir nas reformas, com destaque para a tributária, apontam os sócios da Kearney. Segundo a pesquisa, o sistema tributário e a facilidade para pagar impostos são o principal quesito levado em conta para decidir em quais subsidiárias investir.

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