Folha de S.Paulo 
Jornalista: Ana Bottallo

Um estudo de efetividade da vacina da Pfizer em Israel mostrou que a vacina reduz em 51,4% casos de Covid-19 entre o 13º e o 24º dia após a primeira dose. Esse valor é muito similar à taxa de proteção conferida pelas duas doses da vacina Coronavac, de 50,7%, segundo o ensaio clínico.

No Brasil, a imunização completa com a Coronavac é feita com intervalo de 21 a 28 dias entre as duas doses. Já a Pfizer é aplicada com um intervalo de três meses entre a primeira e a segunda dose.

O artigo descrevendo o estudo foi publicado nesta segunda-feira (7) na revista científica Journal of the American Medical Association (Jama). O estudo não avaliou a efetividade da vacina da Pfizer após a segunda dose, mas estudos conduzidos nos Estados Unidos e Inglaterra confirmaram a maior proteção, de mais de 90%, da vacina após as duas doses.

A pesquisa do tipo comparativa analisou dados de 503.875 indivíduos que receberam a 1ª dose da Pfizer entre os dias 19 de dezembro de 2020 e 15 de janeiro de 2021 no país. A vacina possui registro para uso em toda a população com 16 anos ou mais.

Os dados foram coletados do banco de Serviços de Saúde de Maccabi, um dos quatro tipos de Organizações de Manutenção em Saúde (HMO) oferecidos no país. Todos os israelenses são obrigados a ter um registro em um dos quatro sistemas. O serviço de Maccabi inclui cadastros de 2,6 milhões de pessoas, ou pouco mais de um quarto da população de Israel, segundo dados de 2020 do Our World in Data.

Para avaliar a efetividade da vacina, os pesquisadores do Centro de Pesquisa e Inovação do Instituto Maccabi e da Escola de Saúde Pública da Universidade de Tel Aviv compararam a taxa de incidência de novos casos de Covid em dois momentos: entre o 1º e 12º dia após a primeira dose da vacina e entre o 13º e 24º dia.

Foram considerados apenas participantes com registro de aplicação da primeira dose da vacina no período estudado e sem resultado RT-PCR positivo para o coronavírus logo antes de receber o imunizante (o dia “zero” do estudo). Indivíduos com dados incompletos na base de saúde nacional ou que se cadastraram somente a partir de fevereiro de 2020 foram excluídos.
Os cientistas diferenciaram também a ocorrência de Covid-19 sintomática contra apenas a infecção por Sars-CoV-2 (casos assintomáticos). Os dados de idade, sexo, índice de massa corpórea, comorbidades e fatores socioeconômicos foram incluídos na análise para saber se tinham menor ou maior peso nos casos de Covid registrados.

Foram registrados 3.098 casos confirmados de Covid com teste RT-PCR positivo, dos quais 2.484 ocorreram nos 12 primeiros dias e 614 entre os dias 13 e 24. A taxa de incidência calculada para os dois períodos é de 43,41 infecções por cem mil pessoas (12,07) e de 21,08 infecções por 100 mil pessoas (6,16), respectivamente.

De acordo com os resultados, a proteção da vacina foi de 51,4% contra a infecção por Sars-CoV-2 de 13 a 24 dias após a primeira dose. O cálculo é feito subtraindo a segunda taxa de incidência (6,16) da primeira (12,07) e dividindo pelo valor inicial, chegando assim a uma razão de risco (RR) igual a 0,486. A efetividade da vacina é dada por 1 – RR x 100, ou 51,4%.
Para os casos sintomáticos da doença, a efetividade calculada foi de 54,4%. O pico de proteção encontrado foi a partir do 18º dia, quando a incidência de novos casos passou a decair. Não houve diferença estatística significativa por faixa etária, sexo, presença ou não de comorbidades, pacientes oncológicos ou imunodeprimidos.

De acordo com os autores, a principal descoberta da pesquisa está na observação da redução também de infecções assintomáticas. Outro estudo realizado em Israel com profissionais de saúde já havia apontado para uma proteção de 86% da vacina contra casos assintomáticos.
Especialistas em vacinas em todo o mundo afirmam que todas as vacinas aprovadas para uso protegem contra o desenvolvimento da doença causada pelo coronavírus, hospitalização e agravamento do quadro.

Em um ensaio clínico, a eficácia pode ser definida como a proporção da redução de casos entre o grupo que recebeu o imunizante e o que recebeu o placebo. Se o número de casos confirmados da doença for maior no grupo que recebeu o placebo em comparação ao grupo que recebeu o imunizante, a eficácia da vacina é comprovada.

Já quando o medicamento ou vacina passa a ser utilizado na população como um todo, e não no grupo do estudo clínico, avalia-se a efetividade da droga.

Em abril, a divulgação dos resultados da fase 3 do ensaio clínico conduzido no Brasil da Coronavac apontou para uma eficácia global da vacina de 50,7% para casos sintomáticos de Covid-19 e de quase 84% para casos graves.

Estudos de efetividade da Coronavac apontam também para uma redução de 98% contra mortes, 96% contra hospitalizações e 94% para casos assintomáticos, a partir de estudo feito na Indonésia, e de 95% contra mortes, 86% para hospitalizações e de 80% contra casos sintomáticos de Covid, segundo dados da pesquisa feita em Serrana, no interior de São Paulo.
Como ocorreu em outros estudos de eficácia e efetividade, a imunogenicidade da vacina da Pfizer é ligeiramente menor para indivíduos com mais de 65 anos em comparação àqueles com idades entre 18 e 55 anos. Dados similares foram apresentados para a população com mais de 80 anos que recebeu as duas doses da Coronavac, em São Paulo.

Durante a fase 3 de testes clínicos, a vacina da Pfizer apresentou uma eficácia de 52% nos primeiros dias após a vacina, alcançando até 89% no 21º dia após a primeira dose, logo antes da injeção da segunda dose.

O estudo realizado em Israel fornece ainda mais evidências da importância de se manter o regime de dose reforço 21 dias após a primeira injeção para obter a eficácia máxima do imunizante.

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