Em dias ainda tão nebulosos, com tantas impensadas declarações políticas, os conectivos vão muito além de Gramática:
“Abominamos a tortura, mas naquele momento vivíamos na Guerra Fria.”
Na Língua Portuguesa, as oposições são representadas por dois tipos de orações: as adversativas e as concessivas.
Sob o ponto de vista sintático, as adversativas são ligadas – de maneira habitual – pelos conectivos “mas, porém, contudo, todavia, entretanto, no entanto”.
Refletindo sobre a Semântica (sentido da expressão), as estruturas adversativas apresentam oposição acentuada, garantindo à oração conectada por “mas” e seus semelhantes maior destaque:
“Ele argumenta bem, mas é agressivo.”
“Ele fala pouco, mas é convincente.”
“A tortura é abominável, mas vivíamos na guerra.”
Já as orações adverbiais concessivas, além de serem subordinadas, são ligadas – de maneira habitual – pelos conectivos “apesar de que, embora, mesmo que, posto que, ainda que” e outros. É também presença constante o subjuntivo verbal.
Sob a ótica do discurso e da argumentação, uma oração subordinada adverbial concessiva tem oposição menos acentuada em relação às coordenadas adversativas:
“Embora seja agressivo, ele argumenta bem.”
“Apesar de ser convincente, ele fala pouco.”
Caso fosse a intenção de quem argumenta, a mudança de adversativa para concessiva garantiria mais suavidade ao discurso e, consequentemente, mais elegância:
“Mesmo que se viva uma guerra fria, abominamos a tortura.”
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