Valor Econômico
Jornalista: Maria Luíza Filgueiras
09/09/20 - A jornada do chileno Matías Muchnick na indústria de alimentos começou por um biscoito de água e sal. Em casa, assustou-se ao ler o rótulo do que comia. “Eram 35 ingredientes no cream cracker, alguns que eu nem sabia o que eram.
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Passei a ficar impressionado com a desconexão entre o que as pessoas pensam que estão comendo e o que estão comendo de fato”, diz Muchnick, que deixou de lado a então recente carreira no mercado financeiro para criar uma startup. O nome da NotCo, para pânico inicial das agências de publicidade, ele já tinha definido antes da fundação.
Muchnick mergulhou no departamento de bioquímica das universidades americanas, onde conheceu seus sócios chilenos Karim Baksai e Pablo Zamora - “um craque da ciência da computação e um bioquímico maluco que estudou plantas até na Antártida”. A ideia era combinar as plantas das quais os animais se alimentam e emular também seu metabolismo.
Foram quatro bases de dados, com análises químicas e sensoriais. “Tomou tempo inicial, mas encurtou nosso esforço de pesquisa e desenvolvimento para novas fórmulas. O hambúrguer nem estava no planejamento, quando alguém da equipe questionou quão distantes estaríamos disso”, diz. Testaram: chegaram ao protótipo em duas semanas e ao produto final escalável no prazo de quatro meses. “A Impossible Burger e a Beyond Meat levaram 13 e 7 anos, respectivamente”, afirma.
Para a maionese vegana, foram 40 fórmulas até dispensar sementes de abóbora e incluir tremoço. O “leite” tinha sabor semelhante ao original na inusitada mistura de abacaxi e repolho definida por computador - mas era azul. “Percebemos que tínhamos de alimentar o algoritmo também com imagens”, conta.
Muchnick dispensa biscoito água e sal e, depois de fundar a NotCo, passou a ser vegetariano. Vegano, talvez, quando criar o NotCheese. “Todos os queijos veganos são horríveis”, diz. Na lista de pedidos dos consumidores estão iogurte, e no Brasil, creme de leite.
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