Quando vale a pena ser um executivo temporário

Quando vale a pena ser um executivo temporário | Exame
Atuar por projetos pode expandir networking e cravar uma imagem de bom executor, mas ainda há resistência do mercado
Camila Pati, de Exame

São Paulo - A busca pelo aumento da produtividade nas empresas só tem feito crescer a demanda pelo trabalho executivo temporário no Brasil. Neste ano, apenas no primeiro semestre, a consultoria Robert Half já recrutou cerca de 300 executivos para projetos, o dobro do número verificado em 2011. “É um profissional de grande conhecimento técnico e que já chega executando, trazendo resultados, sem precisar ser treinado pela empresa”, diz Sócrates Melo, gerente sênior da divisão de Management Resources da Robert Half.

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Os chamados executivos interinos - que trabalham por projetos - costumam ser requisitados o ano inteiro pelo mercado de trabalho. As áreas financeiras e de tecnologia, geralmente, são as que mais absorvem os interinos para projetos com duração estimada de 4 a 6 meses. “São profissionais com conhecimentos de contabilidade, controladoria, auditoria, capacidade de reestruturação de departamentos e implementação de sistemas”, diz Melo.

A idade também não é limitadora. “É uma atividade democrática”, diz Plínio de Cerqueira Leite, sócio gestor da CL Executive Search & Interim Management, ressaltando que nesse mercado há mais espaço para profissionais de nível sênior. Com a ajuda dos especialistas, veja alguns vantagens e desvantagens de entrar neste tipo de ramo.

1 É a chance de conhecer um novo segmento

Muitos executivos encaram projetos como uma oportunidade de entrar em um setor. “Nos segmentos de petróleo e gás e varejo, por exemplo, as empresas geralmente buscam pessoas que já tenham experiência no setor”, diz Melo. Mas, quando se fala em projetos, essa atuação prévia deixa de ser uma premissa.

“Tenho uma empresa cliente no setor de petróleo e gás que precisa de um assistente de controladoria temporário para ganhar um salário de 12 mil reais e ela aceita pessoas que ainda não tenha atuado neste segmento”, explica.

Leite concorda, mas ressalta que não são todas as atividades que permitem este trânsito por diversos segmentos. “Com a controladoria é aceitável por ser mais flexível, com um engenheiro eletrônico não seria possível”, diz. 

2 A rede de relacionamentos aumenta

A rotatividade, nesse caso, é uma aliada para quem quer investir em networking. “Uma das vantagens é a melhora na rede de relacionamentos”, diz Melo. Empresa nova, cultura nova, colegas novos. O resultado é um networking expandido. Trabalhando por projetos, a agenda de contatos, sem dúvida, ganha nomes mais rápido.

Além disso, Cada desafio é uma chance de agregar mais competências e habilidades ao seu currículo. “Um projeto pode ajudar a desenvolver os conhecimentos que o profissional já possui”, diz Melo.

3 O potencial de execução fica em evidência

A execução de um projeto é uma boa maneira de ilustrar para o mercado que você é um profissional que faz as coisas acontecerem. “Resultados diferenciados são vantagens do trabalho temporário”, diz Leite. De acordo com ele, por não estar envolvido com o dia a dia corporativo, o foco é maior. “Ele não se dispersa com outras atividades”, diz.

Lembre-se de que execução bem sucedida de projetos costuma chamar a atenção de recrutadores. “O profissional passa a imagem para o mercado de ser bom executor”, diz Melo.

4 A insegurança pode atrapalhar

Se o executivo não lida bem com a insegurança do trabalho, atuar por projetos pode ser desestimulante. “É um emprego que tem começo, meio e fim, em um determinado momento ele terá que sair da empresa”, diz Melo. Esta falta de confiança pode também atrapalhar o desempenho. “Se o executivo ficar muito preocupado em não ter uma fonte de renda após o término do projeto, vai ficar ansioso e não vai conseguir produzir”, reforça Leite.

De acordo com Melo, no entanto, cerca de 80% dos profissionais que entram nas empresas para executar projetos acabam conquistando uma vaga permanente. “Mas isso pode não acontecer e ele terá que voltar ao mercado”, ressalta Melo. 

5 O mercado está preparado?

Diferente de mercados mais maduros, como Estados Unidos e Europa, a atuação por projetos enfrenta resistência no Brasil. “A barreira cultural por parte dos empregadores é uma desvantagem. Muitas empresas ficam preocupadas em passar tantas informações e responsabilidades para um profissional que vai embora depois de 3 meses”, diz Leite.

Além disso, entra na balança também o risco trabalhista, afirma o especialista. “É uma preocupação, embora o risco seja o mesmo de um funcionário com carteira assinada”, diz.

Para Melo, o trabalho temporário ainda não é tão bem visto e isso pode aparecer em uma entrevista, por exemplo. "Podem perguntar as razões por ele não ter optado por posições permanentes e, nesse caso, ele deve mostrar as vantagens de ter participado daqueles projetos”, diz Melo. 

O problema maior, de acordo com o especialista, é o currículo ser descartado antes da etapa de entrevistas. “O risco são as empresas que definem a vaga apenas com base no currículo, sem dar chance de a pessoa conversar”, diz.

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Joni Mengaldo

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