MERCADO

Valor Econômico 
Jornalistas: Mariana Ribeiro, Lu Aiko Otta, Renan Truffi e Matheus Schuch

02/09/20 - Após o tombo histórico do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre, a equipe econômica demonstrou otimismo com o ritmo de recuperação da atividade e reforçou a defesa da agenda de reformas para consolidação do crescimento.

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O ministro Paulo Guedes disse que a queda de 9,7% é um “barulho de um raio que caiu em abril” e que a economia já iniciou uma recuperação em formato de “V”.

Em nota técnica disponibilizada logo após a divulgação do resultado, a Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia destacou ainda que as medidas tomadas pelo governo para fazer frente à crise evitaram uma retração ainda maior e que os indicadores coincidentes já apontam para um crescimento “elevado” no terceiro trimestre, revertendo parcialmente as perdas observadas em meses anteriores.

Guedes comentou o resultado do PIB pela manhã ao lado do presidente Jair Bolsonaro.
Na sequência, participou de audiência na comissão do Congresso que acompanha as medidas de combate à pandemia, onde classificou o resultado do segundo trimestre como o “som de um passado distante”. Ele afirmou que a queda trimestral veio no patamar esperado e as projeções para o ano estão negativas entre 4% ou 5%, menos pessimistas do que as inicialmente divulgadas.

“Esse foi o impacto inicial, uma queda de aparentemente 10%, que é o 9,7%, mas, na verdade, isso é um som distante, é o som daquele impacto da pandemia lá atrás. E é onde o Brasil ficaria caso não tivéssemos feito exatamente todas as medidas que fizemos”, disse, acrescentando que o pacote, com o auxílio emergencial e o benefício pago a quem teve redução de jornada ou suspensão de contrato, conseguiu “criar uma volta em V”.

O ministro frisou também que o país tem gerado empregos liquidamente, embora a recuperação não seja uniforme. “Uma economia que gera 1 milhão de empregos está em recuperação”, afirmou. Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) de julho, divulgados na semana passada, apontaram criação de 1,043 milhão de vagas e fechamento de 912,6 mil, resultando em 131 mil postos de saldo positivo. O dado foi largamente comemorado pelo governo.

Segundo a SPE, os indicadores de maior frequência mostram que a atividade está se recuperando. No entanto, para que a retomada “seja consistente”, é importante “a continuidade da agenda de reformas estruturais e da consolidação fiscal”. A nota destaca que a agenda de reformas já está sendo retomada com a aprovação, por exemplo, do marco do saneamento. Outros projetos são ainda citados como prioritários, como a lei de falências, a lei do gás e o programa de estímulo à cabotagem.

“Não há outro caminho” que resulte em aumento do bem-estar da população a não ser o das medidas de correção da má alocação de recursos e incentivo à expansão do crédito privado, diz o documento.
A secretaria diz que as projeções dos analistas de mercado melhoraram continuamente desde junho “devido aos resultados mais positivos dos indicadores de atividade, notadamente, varejo e indústria”. Enfatiza ainda que a melhora das projeções está relacionada “com o sucesso das políticas econômicas”. Apesar da forte queda, a redução da atividade no país no segundo trimestre está entre as menores em relação às principais economias, acrescenta.
De acordo com o texto, entre os dados que apontam para a continuidade da retomada está a produção e a venda de veículos; a expedição de papel ondulado; o fluxo de veículos pesados; a produção de aço; a produção e consumo de energia e o nível de utilização da capacidade instalada.
O texto diz que as principais pesquisas de atividade do IBGE (indústria, varejo e serviços) indicam recuperação após abril. Observando o carregamento estatístico, ou seja, considerando que os indicadores permanecerão ao longo do terceiro trimestre no mesmo nível atingido em junho, “vemos a expansão da indústria de transformação superar 10% no terceiro trimestre”. “As vendas no varejo também indicam crescimento elevado neste trimestre, próximo a dois dígitos. O setor de serviços que tem apresentado uma recuperação mais lenta.”