Ninguém consegue crescer como a gente, diz rede de farmácias RD | Exame

Droga Raia da Av. São Gabriel, 281 - Jardim Paulista Foto: 16/06/15 (Leandro Fonseca/Exame)

Maior rede de farmácias do país teve receita de R$ 20,06 bilhões no no passado, avanço de 14,6% em relação a 2019 e está mudando o foco da operação com a decisão de se voltar para três novas vertentes principais


Por Adriana Mattos — De São Paulo

A Raia Drogasil está mudando o foco da operação com a decisão de se voltar para três novas vertentes principais. Parte dessa mudança terá como base de apoio o seu braço de aquisição de novos negócios, a RD Ventures, veículo de investimento da companhia. Na última terça-feira, o anúncio de uma aquisição, da Healthbit, startup que presta serviços em saúde, é parte desse processo, disse nesta quarta-feira a companhia em teleconferência.


As três vertentes centrais são o marketplace (shopping virtual), com venda de produtos de lojistas; a construção de uma plataforma de serviços de saúde, para clientes e outras companhias; e a montagem de um novo modelo de farmácia física — internamente, a empresa vem chamando esse projeto de “Nova Farmácia”.

Parte desses planos foram comentados a analistas. A nova orientação da empresa tem como ponto em comum a digitalização da Raia Drogasil e o foco em serviços. A pandemia fez avançar essas mudanças — até 2019, a empresa vinha implementando alguns desses projetos, mas de forma menos acelerada, na visão de consultores.

“Crescemos como operação de varejo e claro que continuamos nisso, mas com outros vários negócios integrados [...] Esse é o jogo hoje e não vamos medir investimentos para digitalizar o cliente, para construir esse caminho. Esse é um plano de longo prazo, independentemente do que ocorra no curto prazo. É algo que pode afetar margem, mas isso não interessa porque acreditamos no que precisa ser feito” disse a analistas Eugenio De Zagottis, vice-presidente de planejamento corporativo, ao ser questionado sobre o impacto dos planos na rentabilidade neste ano.

O plano da nova farmácia consiste na transformação da drogaria tradicional da empresa — são 2,3 mil lojas — em um ponto de prestação de serviços de saúde em loja, integrado com venda e serviços do site. Isso já está em andamento. Já com o marketplace, a ideia é oferecer sortimentos que a empresa não vende, e passando a comercializar mercadorias que complementem, e não necessariamente concorram com a rede.

Sobre a plataforma de saúde, a empresa vai montar um marketplace de serviços de saúde, incluindo telemedicina, para explorar a área de prevenção de doenças e promoção de hábitos saudáveis. “Esses negócios se complementarão e reforçarão uns aos outros”, disse hoje o executivo.

Ontem, a empresa anunciou a aquisição de 50,75% da Healthbit, startup de tecnologia focada em uso de dados, como forma de reduzir sinistralidade em saúde nas grandes empresas — que são os clientes da Healthbit. É um negócio que não tem relação direta com o varejo de drogarias, mas faz parte desse contexto de criar uma companhia com outros focos de atuação.

“A Healthbit trabalha junto com RHs das empresas para administrar melhor dados internos da saúde de empregados e ajudar a reduzir custos”, disse Marcilio Pousada, presidente da Raia Drogasil. São cerca 140 clientes pessoa jurídica da companhia.

A aquisição exemplifica bem como a Raia Drogasil está trabalhando agora. O investimento na Healthbit vai levar a Raia Drogasil a usar essa operação para vender produtos e ações que promovam a prevenção de doenças para funcionários e beneficiários desses clientes. Isso evita que o empregado use frequentemente o plano de saúde, reduzindo consequentemente o custo das companhias.

Essa operação se integra a um outro negócio da Raia Drogasil, pouco conhecido pelo mercado, a Univers, que administra um programa de benefícios com descontos em medicamentos para funcionários de empresas.

A Raia Drogasil está utilizando nas aquisições a RD Ventures, plataforma de “corporate venture capital” da empresa, disse o comando. Por meio do RD Ventures Fundo de Investimento em Participações Multiestratégia, foram três aquisições em menos de seis meses: a Manipulaê (marketplace de farmácias de manipulação), a tech.fit (promoção de hábitos saudáveis), que ainda está pendente das aprovações regulatórias, e a Healthbit.

A Raia Drogasil já tem um braço de serviços nas lojas, mas ele é pouco desenvolvido, assim como na maior parte do setor, porque existiam no passado questões regulatórias que impediam a atuação — isso foi autorizado em 2017. No serviço de vacinação, são 73 lojas oferecendo imunização contra a gripe e outras doenças, e oferece testagem para a covid. Há 1.135 lojas oferecendo esse serviço de teste da covid-19 em 256 cidades.

A Raia Drogasil registrou lucro de R$ 198,5 milhões no quarto trimestre de 2020, o que representa alta de 38,5% em relação ao mesmo período de 2019. Entre janeiro e dezembro, o montante foi de R$ 579,3 milhões, alta de 6,7% no comparativo anual.

A receita líquida avançou 16% entre os trimestres, para R$ 5,55 bilhões. No acumulado do ano, a receita líquida somou R$ 20,06 bilhões, alta de 14,6%.

A participação de mercado da companhia alcançou 14,7% no último trimestre, enquanto no mesmo período de 2019 a participação era de 13,7%, 1 ponto percentual abaixo. A região Norte passou de 3,6% para 6%.

O crescimento nas mesmas lojas (unidades abertas há mais de 12 meses), no comparativo trimestral, foi de 10,2%. A companhia destaca ainda a penetração de 6,3% dos canais digitais, ante 2,3% no quarto trimestre de 2019.

A Raia Drogasil afirma que o destaque do ano foi o mercado de medicamentos isentos de prescrição médica (OTC), que avançou 28,1% entre os trimestres. De acordo com a companhia, o aumento de participação de OTC no mix de vendas ocorreu pela procura de produtos relacionados à pandemia, como testes de covid-19, álcool em gel, máscaras e vitaminas.

O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) foi de R$ 407,9 milhões entre outubro e dezembro, o que representa alta de 30,75% em relação ao mesmo período de 2019. O Ebitda anual foi de R$ 1,39 bilhão, avanço de 9,4%.

A empresa ainda informou hoje na teleconferência que abriu 240 lojas em 2020 e fechou 11. E soma 50 lojistas em seu marketplace, com 10 mil itens (Colaborou Ana Luiza de Carvalho).

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