Pacientes reclamam de falta de medicamento na farmácia do Governo - Folha de Boa Vista

A biomédica Ana Paula Ferreira da Silva, 45 anos, moradora do bairro Santa Maria, em São Caetano, tenta retirar na FME (Farmácia de Medicamentos Especializados), que funciona no Atende Fácil da cidade, o remédio micofenolato de sódio, de 360 miligramas, que, segundo funcionários do local, está em falta.

Transplantada do fígado desde 2012, ela faz uso do imunossupressor, utilizado para evitar a rejeição do órgão, continuamente e, em casa, só tem o suficiente para mais dois dias. ‘Não posso ficar sem o medicamento. Tomo 90 comprimidos por mês e, segundo minha médica, se passar três dias sem o remédio eu posso até perder o transplante. E este é o meu maior medo’, afirmou Ana Paula.

Quem retira o remédio para ela mensalmente é seu marido, Maurício dos Santos, 54, que teme o tempo que levará para o governo repor o estoque. ‘Na quinta-feira estive na FME e, como todos os meses, fui buscar os remédios da minha esposa (que toma também 1 miligrama de tacrolimus). Assim que cheguei, a atendente me disse sobre a falta do micofenolato e explicou que não tinha previsão de entrega’, relatou Maurício, contando que em 2019 passou pela mesma situação.

‘Da última vez, levou uns 15 dias para retomarem a distribuição. Só que ela é transplantada e não pode esperar todo esse tempo para tomar o remédio’, lamentou o marido, que enviou e-mails pedindo resolução para os serviços de Ouvidoria da Capital e municipal, além do Departamento Regional da Saúde, e também fez publicações no site Reclame Aqui, e redes sociais da Prefeitura de São Caetano. ‘O problema é que eles entregam as doses contadas na dosagem utilizada no mês. Aí, se acaba, não tem de onde tirar, porque não temos sobras’, criticou.

Maurício explicou que antes de o Estado desmembrar as farmácias de alto custo para os municípios, a partir de 2019, ele retirava os remédios no Hospital Estadual Mário Covas, em Santo André, onde também já havia enfrentado problemas com a falta de medicamentos em 2016, 2017 e 2019. ‘Na pior das hipóteses, tentaremos o remédio com a médica dela. Mas não quero fazer isso, até porque, é obrigação do governo distribuir e garantir esses medicamentos para a população. Não é só minha esposa que será lesada, mas tantos outros transplantados que fazem uso desse remédio’, ponderou Maurício.

O medicamento micofenolato, porém, já apresenta problema de distribuição em diversas cidades do Brasil desde fevereiro. Em maio, a mídia veiculou notícia que o Laboratório Químico e Farmacêutico do Exército reduziu em 1/3 a produção da droga, devido ao enfrentamento à pandemia e corrida para fabricar cloroquina.

Questionada, a secretaria de saúde do Estado informou que a aquisição e distribuição do medicamento micofenolato de sódio aos Estados é de responsabilidade do Governo Federal, ‘que até o momento entregou apenas 9% das 3,8 milhões de unidades solicitadas para atender os pacientes no Estado de São Paulo.’

Em nota, a pasta afirmou ainda que a defasagem ‘se repete no decorrer do ano, acumulando inclusive o impacto do trimestre anterior, quando São Paulo só recebeu 75% do solicitado e em seis parcelas, obrigando o fracionamento também da entrega.’

A secretaria afirmou ainda que segue em contato com o Ministério para garantir a continuidade da assistência aos pacientes e a Ana Paulo, que ‘será orientada quanto à retirada tão logo ocorra a entrega’.

O Ministério da Saúde, por sua vez, informou que cerca de 2 milhões de unidades do medicamento serão entregues até o fim de julho e começo de agosto, para atender o abastecimento do 3º trimestre, informado pela secretaria de Saúde do Estado. Em nota, ainda afirmou que ‘segue em tratativas com o laboratório fabricante, que alegou dificuldade em adquirir IFA (ingrediente farmacêutico ativo) para produção do medicamento’.

Fonte: Diário do Grande ABC ONLINE

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