Reserva para entrar na oferta de ações da Blau Farmacêutica termina amanhã | Renda Variável | Valor Investe

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Estreia na bolsa está prevista para segunda-feira (19), com o código BLAU3. O cronograma da oferta foi alterado porque o volume de ações foi reduzido 'em razão das adversidades oriundas das atuais condições de mercado'


Por Júlia Lewgoy, Valor Investe — São Paulo

Termina amanhã (14) o período de reserva para pequenos investidores comprarem ações da Blau Farmacêutica antes da estreia na bolsa, prevista para segunda-feira (19), com o código BLAU3. O cronograma da oferta foi alterado porque o volume de ações foi reduzido “em razão das adversidades oriundas das atuais condições de mercado”.

Com mais de 30 anos de atuação, a companhia é uma indústria farmacêutica no segmento institucional. A empresa é uma das pioneiras em biotecnologia no Brasil e foca nos segmentos de biológicos, especialidades, oncológicos e injetáveis, indispensáveis para hospitais e clínicas. A Blau Farmacêutica registrou lucro líquido de R$ 254 milhões em 2020, alta de 27% em relação a 2019.

A oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) é primária, quando são emitidas novas ações e o dinheiro vai para o caixa da companhia. O IPO pode ser secundário também, quando são vendidas ações já existentes e o dinheiro vai para o bolso dos acionistas vendedores, se forem ofertados os lotes adicional e suplementar.

Com o dinheiro captado na oferta primária, a empresa planeja: expansão da capacidade produtiva e verticalização de insumos estratégicos (53,5%); investimentos em centros de coleta de plasma nos Estados Unidos (10,5%); reserva de capital para possíveis aquisições (6%); pagamento do restante da aquisição da Pharma Limírio (6%); e pré-pagamento das debêntures da 2ª, 4ª e 5ª emissões (24%).

A Blau Farmacêutica é controlada por Marcelo Rodolfo Hahn, que tem 100% das ações e pode cair para até 66,25% se forem exercidos os lotes adicional e suplementar.

Para fazer a reserva de ações da companhia, basta o investidor avisar a corretora quantos papéis gostaria de comprar no IPO e por qual preço. O valor mínimo para participar da primeira venda de ações da empresa é de R$ 3 mil, e o máximo, de R$ 1 milhão.

A Blau Farmacêutica estabeleceu o intervalo indicativo de preço por ação entre R$ 44,60 e R$ 50,60. Nas ofertas de ações, as companhias e os bancos coordenadores testam uma faixa de preço. Se a venda acontecer no valor mais alto, significa que a demanda pelos papéis foi grande. Já se a venda acontecer no valor mais baixo, significa que a demanda pelos papéis foi pequena.

Pelo novo calendário, o valor será fixado na quinta-feira (15). Com a venda de 27,3 milhões de ações na oferta base, a operação pode movimentar R$ 1,3 bilhão, considerando o meio da faixa indicativa, de R$ 47,60. Há ainda a possibilidade de um lote adicional de 5,5 milhões ações e suplementar de 4,1 milhões de ações.

A oferta é coordenada por Itaú BBA, Bradesco BBI, J.P. Morgan, Citi, XP e BTG Pactual.

Vale a pena investir?

A casa de análises independente Suno Research aconselha ficar de fora da oferta da companhia. A casa avalia que o setor é complexo e altamente regulado e que há possibilidade de grandes empresas começarem a produzir os principais fármacos da Blau Farmacêutica. Além disso, segundo a Suno, o preço da ação está pouco atrativo.

No entanto, a casa considera que, na indústria farmacêutica, a Blau é uma das companhias líderes no segmento em que atua, principalmente porque os fármacos produzidos fazem parte de um nicho específico, onde a concorrência é menor.

"Escolhendo o canal de distribuição institucional, ou seja, comercializando seus medicamentos para hospitais e clínicas – ao invés do varejo –, a companhia evita a concorrência com grandes indústrias e a consequente guerra de preços", afirmam os analistas Rodrigo Wainberg e João Daronco em relatório. Eles também dizem que a empresa está inserida em um setor com grande potencial de crescimento nos próximos anos, porque a população brasileira está envelhecendo.

Outros riscos

A casa de análises independente Eleven Financial também recomenda não participar da oferta, independentemente do preço da ação. As analistas Mariana Ferraz e Luísa Hiraki afirmam que, devido às incertezas inerentes dessa atividade, adotaram um tom cauteloso em suas estimativas.

Elas dizem que mesmo projetando um robusto crescimento médio anual de receita acima de 20% para os próximos cinco anos, não encontraram um potencial de alta no preço relevante que justifique a entrada na oferta. Porém, Ferraz e Hiraki afirmam que gostam da Blau Farmacêutica, principalmente pelo início da implementação de um modelo vertical na linha de biológicos.

Para quem for entrar no IPO da Blau Farmacêutica, o analista Victor Bueno, da startup de análises de mercado e educação financeira Top Gain, recomenda não reservar suas ações no topo da faixa indicativa de preço, mas sim abaixo da média, de R$ 47,60. "A companhia possui sim ótimos fundamentos e registra forte crescimento nos últimos anos, porém a gestão é algo para se levar em consideração antes de tomar a sua decisão", afirma Bueno em relatório.

Ele vê como risco relevante que a receita da companhia depende de poucos produtos e marcas. Na visão do analista, um possível dano à reputação desses produtos pode trazer problemas relevantes para os resultados da empresa.

Outro risco que deve ser considerado antes da tomada de decisão, na análise de Bueno, é que as decisões estratégicas da indústria farmacêutica dependem significativamente do seu acionista controlador, que, em 2018, teve conflitos familiares que foram até registrados na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o que causa certo receio aos investidores por uma possível falta de estabilidade no controle acionário.

Cuidados para investir

Investir em IPO é cilada se o investidor não entender a fundo o que está comprando, segundo analistas. Na avaliação deles, em geral, é mais seguro comprar ações de empresas já listadas, porque as companhias tendem a ter mais histórico de números e a se comunicar melhor com o mercado.

Mas há boas (só que mais raras) oportunidades nas ofertas para quem estiver disposto a estudá-las com atenção. Empresas que estreiam na bolsa são como "small caps", termo em inglês usado para se referir a ações de empresas consideradas menores quando comparadas às gigantes da bolsa.

Por estarem ingressando no mercado, essas companhias podem ter um futuro promissor pela frente, com alto potencial de crescimento e bom retorno para os acionistas. Muitas delas são inovadoras ou atuam em setores ainda não consolidados. E a vantagem de investir no IPO é a chance de conseguir um preço ainda mais barato pela ação.

Por outro, pode ser uma aventura de dar frio na barriga. Isso porque são ações que apresentam maior risco e volatilidade, além de terem menor volume de negociações na bolsa, ou seja, pode ser difícil vender os papéis sem ter que "dar desconto". Isso faz com que essas ações sejam mais indicadas para quem pode deixar o dinheiro investido em longo prazo.

Da mesma forma que podem ter um ótimo crescimento, isso pode simplesmente não acontecer, e o investidor pode perder muito dinheiro. Analistas aconselham só participar de IPOs de companhias de setores totalmente novos na bolsa, ou cujas ações estão mais baratas do que as das concorrentes já listadas.

É preciso conhecer as perspectivas para o setor, como a empresa ganha dinheiro, quais são as suas vantagens competitivas e quais são os riscos para o seu negócio. Para saber se o papel está barato na oferta, é preciso analisar múltiplos como o preço sobre o lucro.

Nada disso é simples. Os analistas levam dias para avaliar se vale a pena participar do IPO de uma empresa. Casas de análises como a Levante, a Suno Research e a Eleven Financial produzem relatórios pagos com essas avaliações para pequenos investidores.

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